Epipédon, o horizonte
de
diagnóstico
Não tem havido, entre os
autores, concordância na definição dos diversos horizontes do solo. Por
um lado, há grande dificuldade (se não mesmo impossibilidade) de
generalizar a clássica e demasiado esquemática nomenclatura ABC, à
totalidade das situações existentes nas mais variadas latitudes e
altitudes terrestres. Assim, o Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos da América criou o conceito de
horizonte
de
diagnóstico, usado na
descrição e classificação do solo, com muito pouca ou nenhuma
correspondência aos definidos nas nomenclaturas mais antigas atrás
referidas. Surgiu, então, o conceito de
epipédon (do grego
epi, por cima, sobre; e
pedón, solo.) descrito como um horizonte do solo gerado à
superfície, correspondente à parte superior (A),
de tonalidade mais escura (em virtude da presença de matéria orgânica),
e ou a parte do horizonte eluvial (E).
Consoante as características, os
epipédons são referidos
adjectivando-os com os termos que aqui se transcrevem:
Fíbrico – horizonte com
restos orgânicos reconhecíveis. Do latim
fibra, fibra.
Hístico – horizonte
orgânico em solo mineral. Do grego
histós, tecido (orgânico), em referência à presença de matéria
orgânica pouco ou nada decomposta.
Mólico - horizonte
orgânico, espesso, friável e arejado. Do latim
mollis, fofo, macio.
Ócrico – horizonte
orgânico, delgado, pouco humífero e, como tal, pouco corado. Do grego
ochrós, pálido.
Sáprico – horizonte com
matéria orgânica intensamente decomposta. Do grego
saprós, podre.
Úmbrico – horizonte de
estrutura maciça, espesso e muito escuro. Do latim
umbra, sombra.
Sempre que os horizontes sejam modificados por acção do homem, o
que acontece nos terrenos agricultados, usam-se expressões como
horizonte antrópico e
horizonte ágrico.
Nesta nova concepção do referido Departamento de Agricultura, são
ainda reconhecíveis no perfil do solo outros horizontes subjacentes ao
epipédon, no geral coincidentes com o horizonte
iluvial (B) da nomenclatura clássica:
Argílico – com
acumulação importante de fracção argilosa.
Câmbico – com textura
fina em resultado de intensa alteração
in situ da rocha-mãe. Do latim
cambiare, trocar.
Espódico – com material
amorfo orgânico e mineral (hidróxido de ferro). Do grego
spodion, cinza ou lava
vulcânica.
Nátrico – horizonte
argiloso rico em sódio, com estrutura colunar ou prismática. Do árabe
natrun, sódio.
Óxico – com perda de
sílica e enriquecimento em óxidos e hidróxidos de ferro.
Da nova nomenclatura constam ainda outras qualificações relativas
a horizontes cujas características merecem referência especial:
Álbico – horizonte
lavado dos óxidos e hidróxidos de ferro e, portanto, descolorido. Do
latim alba, branca.
Cálcico – com
acumulação de cálcio de neoformação, de aspecto pulverulento. No caso de
haver cimentação (crosta), usa-se o termo
petrocálcico.
Gípsico – com
acumulação de gesso. Do grego
gypsós, gesso.
Sálico – com acumulação
de sais.
Finalmente, há que distinguir os horizontes superficiais mais ou
menos endurecidos, cimentados e impermeáveis, isto é, que constituem
crostas designadas por
durimperme ou
duripan, normalmente
siliciosas (silcretos), às vezes, carbonatadas (calcretos), outras vezes
ferralíticas (lateritos) e outras, ainda, aluminosas (bauxitos), quatro
tipos particulares de crostas pedogénicas, um
tema a desenvolver mais adiante.
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