REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
ISSN 2182-147X
NOVA SÉRIE

 

 

 

 
 

A.M. GALOPIM DE CARVALHO

A cor dos minerais

 

A impressão de cor que nos é dada por um qualquer corpo, no caso vertente, un mineral, é consequência da absorção das radiações de determinados comprimentos de onda do espectro da luz branca que incide sobre ele. Por exemplo, o rubi (variedade de corindo, óxido de alumínio) é vermelho porque absorve as radiações com comprimentos de onda 625 a 740 nm (nanómetros), o enxofre é amarelo porque absorve a gama compreendida entre 565 e 590 nm,   a safira (outra variedade de corindo) é azul porque retém as radiações com 440 a 485 nm. O quartzo leitoso e o sal-gema são brancos quando não absorvem nenhuma das ditas radiações, A grafite (carbono nativo) e a pirolusite (dióxido de manganês) são negros porque retêm a quase totalidade das mesmas.

A cor depende de vários factores, entre os quais se destaca a composição química, como é o amarelo no enxofre, o verde e o azul nos minerais com cobre, respectivamente, na malaquite e na azurite, ou o vermelho nos com ferro, como é o caso da hematite. Depende também da estrutura cristalina que explica a diferença de cor e a permeabilidade à luz dos dois minerais de carbono, o diamante (hialino) e a grafite (opaca e preta). Depende ainda da presença de de “impurezas”, termo utilizado para referir partículas de ínfima dimensão de outros minerais incluídas no seu seio como são os casos do óxido e do hidróxido de ferro de ferro no interior do quartzo ou do feldspato, corando-os, respectivamente de vermelho e de amarelo. Consideram-se, ainda, impurezas certos elementos químicos presentes nas redes cristalinas de alguns minerais, em quantidades reduzidíssimas (não figurados na respectiva fórmula química). É o caso do crómio incluído na rede do berilo (silicato de alumínio e berílio),responsável pela cor verde da variedade gema bem conhecida pelo nome de esmeralda. O mesmo elemento químico é o responsável pela cor vermelha do rubi. Na safira, a bela cor azul é devida à presença de ferro e titânio. Outros factores determinantes da cor dos minerais são explicados em domínios muito especializados da física que ultrapassam a nossa preparação, sendo suficiente saber que existem. 

   

A.M. Galopim de Carvalho. É professor catedrático jubilado pela Universidade de Lisboa, tendo assinado no Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências desde 1961. É autor de 21 livros, entre científicos, pedagógicos, de divulgação científica e de ficção e memórias. Assinou mais de 200 trabalhos em revistas científicas. Como cidadão interventor, em defesa da Geologia e do património geológico, publicou mais de 150 artigos de opinião. Foi diretor do Museu Nacional de História Natural, entre 1993 e 2003, tempo em que pôs de pé várias exposições e interveio em mais de 200 palestras, pelo país e no estrangeiro.
Blogue: http://sopasdepedra.blogspot.com/