Morreu, aos 95 anos, Madiba, assim lhe chamavam, carinhosa e
afectivamente, os que o admiraram, respeitaram e amaram. Estamos de
luto, de verdade, todos os que puderam conhecer a vida e a obra desta
figura ímpar, bondosa, tolerante, sorridente e bonita, moral e
fisicamente.
No dia 11 de Junho de 2008, o deputado António
Filipe, do PCP, numa intervenção no Parlamento, por altura da
comemoração do 90º aniversário de Mandela, disse para os que não sabiam
e lembrou aos interessados em fazer esquecer que, em 1987, há pouco mais
de um quarto de século, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou,
com 129 votos, um apelo para a libertação incondicional de Nelson
Mandela, e que os três países que votaram contra foram os Estados Unidos
da América, de Ronald Reagan, a Grã-Bretanha, de Margaret Thatcher, e
Portugal, de Cavaco Silva, na altura Primeiro Ministro.
No site da Presidência da República, datada de 5 de Dezembro de 2013,
pode ler-se a mensagem de condolências enviada pelo Senhor Professor
Cavaco Silva ao seu homologo Jacob Zuma pela morte de Nelson Mandela,
que aponta como “figura maior da África do Sul e da História mundial”
Nesta mensagem, o Professor afirma que “Nelson Mandela deixa um
extraordinário legado de universalidade que perdurará por gerações”.
Realça “O seu exemplo de coragem política, a sua estatura moral e a
confiança que depositava na capacidade de reconciliação constituem
verdadeiras lições de humanidade”.
E acrescenta, lembrando que “A dedicação de Nelson Mandela aos valores
da democracia, da liberdade e da igualdade invadiu os corações de todos
quantos o admiram, na África do Sul ou em outro lugar, incutindo
esperança, mesmo diante dos desafios mais difíceis”.
O Professor afirma, ainda, que “A
atribuição do Prémio Nobel da Paz a Nelson Mandela e a sua eleição
massiva para a mais elevada Magistratura da África do Sul simbolizaram o
merecido reconhecimento de um político de causas e uma vitória para os
Direitos Humanos no mundo”.
Nesta dualidade de posições, flagrantemente
antagónicas, duas conclusões se poderão tirar: ou o nosso Presidente
mudou radicalmente de opinião ou as palavras que agora subscreve são
pura hipocrisia.
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