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REVISTA
TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
ISSN 2182-147X
NOVA SÉRIE |
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A.M. GALOPIM DE CARVALHO |
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Léon Paul Choffat
(1849-1919) |
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GEÓLOGO suíço radicado em
Portugal a partir do ano de 1878, na Secção dos Trabalhos Geológicos de
Portugal, veneranda instituição que, ao sabor das modas passou por
várias designações oficiais, entre as quais, “Serviços Geológicos de
Portugal”, “Instituto Geológico e Mineiro” e, actualmente, “Laboratório
Nacional de Engenharia e Geologia”.
Cursou Química e Ciências
Naturais na Universidade e na Escola Politécnica Federal de Zurique
onde, concluído o curso, foi nomeado professor agregado de Paleontologia
Animal. As excursões geológicas que então realizou tiveram lugar,
sobretudo, no Jura francês e esse facto habilitou-o com um valioso
capital científico que, mais tarde, utilizou no estudo dos terrenos
jurássicos de Portugal.
Durante o Congresso
Internacional de Geologia de Paris, em 1878, foi convidado por Carlos
Ribeiro, então director da referida Secção dos Trabalhos Geológicos, a
deslocar-se a Portugal a fim de, em especial, estudar a estratigrafia e
a paleontologia dos terrenos jurássicos.
Aceite o convite, Choffat
chegou a Lisboa em 1878 e aí encontrou, como colega da Instituição,
outro grande geólogo, Joaquim Filipe Nery Delgado, que lhe proporcionou
todas as condições necessárias ao desempenho do trabalho projectado, já
iniciado por Carlos Ribeiro.
Em 1883, por morte de
Carlos Ribeiro, o novo director,
Nery Delgado, encarregou-o do estudo de todos os terrenos mesozóicos
de Portugal. Durante quatro décadas ofereceu à geologia portuguesa,
então a dar os primeiros passos, o melhor do esforço e saber, que foi
muito. Como homem de ciência e como cidadão tornou-se um dos vultos mais
assinalados no Portugal de finais do século XIX e inícios do século XX.
A sua actividade
científica está expressa em múltiplas memórias e comunicações publicadas
pela respectiva instituição e em jornais e revistas da especialidade,
nacionais e estrangeiros. Entre eles avultam quatro volumosas memórias:
"Étude stratigraphique et paléontologique des terrains jurassiques du
Portugal - Le Lias et te Dogger au Nord du Tage" (1880), "Recueil de
Monographies stratigraphiques sur le système crétacique du Portugal -
1er. étude - Contrées de Cintra, de Bellas et de Lisbonne" (1885), "Récueil
de Monographies Stratigraphiques sur le système Crétacique – 2ème. étude
- Le Crétacique au Nord du Tage" (1890) e "Essai sur la Tectonique de la
Chaîne de l'Arrabida" (1908), além de outros de menor desenvolvimento
sobre estas temáticas, com destaque para o levantamento da Carta
Tectónica de Portugal e um interessante estudo sobre as estruturas
geológicas a que chamou vales tifónicos.
No conjunto dos seus
trabalhos, Choffat estabeleceu a seriação estratigráfica dos terrenos
mesozóicos do território português, descreveu a litologia e a fauna
fóssil das diferentes assentadas e identificou as respectivas fácies.
Propôs a criação do andar Lusitaniano para o conjunto estratigráfico
Oxfordiano superior – Kimeridjiano, temporariamente aceite pelos seus
pares. Definiu o andar que designou por Belasiano (termo entretanto
caído em desuso), representado na região de Belas, nos arredores de
Lisboa. Este andar de valor local constituído por margas e calcários com
uma série siliciclástica na base, correspondente a parte do Cenomaniano,
Deve-se-lhe ainda a separação entre o Trias e o Infralias. |
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O seu prestígio dentro e fora de Portugal foi
muito o que levou alguns dos seus pares a homenageá-lo na
nomenclatura paleontológica, com designações como Choffatella,
um género de foraminífero, Choffatia, um género de amonite,
Perisphinctes cf choffati, uma espécie de amonite, Callavia
choffati, uma espécie de trilobite, entre outras. |
No sector da
geologia aplicada, são dignos de referência o seu “Étude
Geologique du Tunnel du Rocio” (1989) e vários estudos de
hidrogeologia visando abastecimento de água a Lisboa, Guarda,
Guimarães e outras localidades do país, e estudos sobre as águas
minerais dos terrenos mesozóicos, registados como alguns dos
melhores trabalhos neste domínio.
A cartografia
geológica mereceu-lhe particular atenção. Assim, de colaboração
com
Nery Delgado, procedeu à actualização da Carta Geológica de
Portugal, na escala de 1/500 000, publicada em 1899, em
substituição da que fora publicada por
Carlos Ribeiro e
Nery Delgado, em 1876. Deve-se-lhe, ainda, a realização dos
trabalhos de campo que levaram à produção de várias cartas
geológicas regionais, em escalas de maior pormenor, como as das
regiões de Lisboa, Cascais Sintra, Loures, Leiria, Arrábida,
Buarcos-Verride e Montejunto. |
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Doutor honoris causa, em 1892, pela
Universidade de Zurique, Paul Choffat foi condecorado, em 1892,
com o grau de Comendador da Ordem de Isabel a Católica e, em
1896, com o grau de Comendador da Ordem de S. Thiago. Em 1900, a
Sociedade Geológica de França concedeu-lhe, e pela primeira vez
a um estrangeiro, uma das suas maiores recompensas, o prémio
Viquesnel. |
Perisphinctes cf
choffati |
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Pelo seu trabalho, Paul
Choffat foi feito sócio correspondente da Academia das Ciências de
Lisboa, da Real Academia das Ciências de Madrid, da Sociedade Geológica
de Londres e da Real Academia das Ciências e Artes de Barcelona, sócio
honorário da Sociedade Belga de Geologia, Paleontologia e Hidrologia, e
sócio do Instituto de Coimbra, da Academia das Ciências e Belas Artes de
Besançon, da Real Sociedade Espanhola de Ciências Naturais de Madrid, da
Sociedade de História Natural de Basileia, da Sociedade de Geografia de
Genebra, da Sociedade de História Natural de Toulouse, da Associaçâo dos
Engenheiros Civis Portugueses, da Sociedade de Geografia de Lisboa, da
Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais, da Sociedade Jurássica de
Porrentruy (Suíça), da Sociedade de Física e Historia Natural de
Genebra, da Sociedade Helvética de Ciências Naturais, da Sociedade de
Química e História Natural de Zurique, da Sociedade Russa de Mineralogia
e da Sociedade de Ciências Naturais de Lauzane. |
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A.M. Galopim de Carvalho. Professor
jubilado da Universidade de Lisboa. Geólogo e escritor. Foi diretor do
Museu Nacional de História Natural de Lisboa.
Blogue:
http://sopasdepedra.blogspot.com/ |
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