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REVISTA
TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
ISSN 2182-147X
NOVA SÉRIE |
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A.M. GALOPIM DE CARVALHO |
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Armando Antunes da Silva (1921-1997) |
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Eborense nascido e criado na Porta Nova, Armando
Antunes da Silva (1921 – 1997), neto da tia Rosalina, este meu segundo
primo, dez anos mais velho do que eu, era, quando o conheci, um
adolescente a passar a homem. Pouco convivi com ele que tinha os seus
amigos, rapazes da sua geração. A diferença de idade não favorecia
aproximação, mas foi suficiente para me aperceber e interiorizar as
diferenças existentes entre os chamados “situacionistas”, bem
aconchegados ao regime, e os “do reviralho”, lutando pelos seus ideais e
sofrendo na pele as consequências dessa coragem. Sabia pela minha mãe
que, de vez em quando, este meu segundo primo passava uns tempos atrás
das grades. Metia-se na política, como ela dizia, e “ainda-bem-não” a
Pide vinha buscá-lo. Levavam-no para Lisboa, onde o interrogavam e
brutalizavam, guardando-o depois por uns tempos, em Caxias, para
“castigo” dos seus “crimes contra a segurança do Estado” e para que lhe
desaparecessem as nódoas negras mais evidentes e denunciadoras.
Antunes da Silva tornou-se escritor e os livros que
escreveu em prosa e em verso reflectem bem a paisagem alentejana e a
vida tantas vezes heróica das suas gentes.
Frequentou a Escola Comercial e, aos treze anos,
começou a trabalhar como empregado de escritório. Aos 27 anos rumou à
capital onde, além da profissão (publicidade e relações públicas) que
lhe garantia ganhar o pão de cada dia, se tornou escritor, tendo
publicado os seus primeiros escritos nos jornais “O Comércio do Porto”,
“Diário Popular”, “Diário de Notícias” e “Diário de Lisboa”. Colaborou,
ainda, em revistas de acentuado pendor literário que divulgaram e
teorizaram o neo-realismo, como “O Diabo”, “Sol Nascente” e “Vértice”. |
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Inserido numa segunda geração neo-realista e,
segundo os entendidos, influenciado nos modelos de Garcia Lorca
e Manuel da Fonseca, revelou-se na poesia com a edição, nos anos
50, de “Esta Terra que é Nossa” e “Canções do Vento”, numa
reaproximação às fontes populares e aos romanceiros. Depois de
um longo período em que a prosa esteve no cerne da sua
actividade literária, publicou, em 1991, “Breve Antologia
Poética”. |
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Ficcionista e cronista de estilo simples, recorrendo
algumas vezes aos regionalismos e sem grandes pretensões, Antunes da
Silva, com alguns dos seus contos traduzidos para alemão, italiano e
checo, optou por uma literatura em que os motivos populares são
abordados à luz da realidade económica e social em que se vivia. E essa
literatura está confirmada nos livros que nos deixou: “Gaimirra”
(contos, 1946), “Vila Adormecida” (contos, 1948), “Sam Jacinto” (contos,
1950), “O Aprendiz de Ladrão” (contos, 1954), “O Amigo das Tempestades”
(contos, 1958), “Suão” (romance, 1960), “Terra do Nosso Pão” (romance,
1966), “Alentejo é Sangue” (crónicas e narrativas, 1966), “Uma Pinga de
Chuva” (crónicas e narrativas, 1972), “Exilado” (contos, 1973), “Jornal
I – Diário” (1987), com os registos de 1984 e 1985, e “Jornal II” -
Diário (1990), com os registos de 1986 a 1990. |
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A.M. Galopim de Carvalho. Professor
jubilado da Universidade de Lisboa. Geólogo e escritor. Foi diretor do
Museu Nacional de História Natural de Lisboa.
Blogue:
http://sopasdepedra.blogspot.com/ |
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