Floriano Martins.....

Desprenda de Natal - Floriano Martins deixa a Bienal
Por Júlia Lopes & Elisa Parente

Júlia Lopes . julialopes@opovo.com.br
Elisa Parente . elisa@opovo.com.br
09 Dez 2009 - 00h47min
O Povo online: http://opovo.uol.com.br/opovo/vidaearte/

A quatro meses da realização do evento, o escritor e pesquisador Floriano Martins deixa a curadoria da Bienal do Livro

E-mail para lá, e-mail para cá, e Floriano Martins já não assina mais a curadoria da Bienal Internacional do Livro do Ceará. Responsável pela oitava edição do evento, em 2007, o escritor e pesquisador entregou o cargo no último sábado, a quatro meses da feira. Martins alega incompatibilidade de agenda, já que recebeu convites para atuar como professor em duas instituições, a Universidade de Cincinatti, nos Estados Unidos, e a Universidad Internacional de Andalucía, na Espanha. “Isto posto, torna-se impossível a minha atuação como curador”, escreveu ao secretário de cultura do Estado, Auto Filho.

O secretário minimiza a repercussão do fato. “Curadoria é apenas um modelo para gerir uma bienal. São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, não têm curadores”, disse Auto Filho, em entrevista por telefone. A reportagem do O POVO teve acesso a outro e-mail enviado por Martins, desta vez a um de seus colaboradores. Nele, o professor expõe outro discurso. Além da justificativa já apresentada, ele afirma “uma visível inadequação entre meu entendimento da política cultural que deve ser adotada para a definição de conteúdo da Bienal e as expectativas institucionais, o que inclui naturalmente a exigüidade de prazo para sua realização”.

Em mensagem enviada ao O POVO, Martins se justifica. “Sempre foi meu entendimento o de que um evento como este, não apenas, mas, sobretudo, considerando o fato de que é possível graças à utilização de recursos públicos, deva ampliar as fontes de conhecimento da população e não restringir-se a um universo viciado de ofertas culturais”. Ele conta ainda que o “compromisso com a cultura, não restritivo à literatura, mesmo se tratando de evento intimamente vinculado com o mundo do livro e da leitura, deve também cuidar de não se tornar refém de políticas eleitorais e ideológicas”. Auto Filho, porém, nega divergências intelectuais e diz que a orientação proposta por Martins será mantida a rigor.

E-Mais
Criador da revista Agulha (www.revista.agulha.nom.br), Floriano Martins é poeta, editor, ensaísta e tradutor. Faz também pesquisas em literatura hispano-americana e coordena o editorial da coleção Ponte Velha, de autores portugueses, da Escrituras Editora. Dirige o site Banda Hispânica, do Jornal de Poesia, e coordena, com Maria Estela Guedes, o dossiê virtual Surrealismo (TriploV, Portugal).

REPERCUSSÃO
A falta do Floriano está sendo sentida, mas vamos trabalhar para que a Bienal seja um sucesso. Cabe ao Floriano escolher suas próprias prioridades, não tenho que julgá-lo.
Mileide Flores. Presidente do Sindilivros

Quanto mais democrático e participativo for o processo de formatação e programação do evento, envolvendo os atores culturais, melhor será seu resultado
Fabiano dos Santos Piúba. Diretor Nacional de Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura

Seja quem for, é imprescindível a presença de um curador, mas em outro formato, que não seja uma mera feira de stands
Cândido Rolim. Escritor

Floriano Martins (Fortaleza, 1957)
Poeta, ensaísta, tradutor, editor e artista plástico. Participou das seguintes mostras coletivas:
“O surrealismo” (Escritório de Arte Renato Magalhães Gouvêa, São Paulo, 1992), “Lateinamerika und der Surrealismus” (Museo Bochum, Köln, 1993), “Collage - A revelação da imagem” (Espaço expositivo Maria Antônia/USP, São Paulo, 1996), e “I Muestra Internacional de Poesía Visual y Experimental” (Escuela de Artes Plásticas Armando Reverón, Caracas, 2009). Em 2005, participou como “artista convidado” da edição # 17 da Agulha – Revista de Cultura, com uma mostra de 50 colagens. Assina diversas capas de livros seus e de outros autores. Em maio de 2000 realizou o espetáculo Altares do Caos (leitura dramática acompanhada de música e dança), no Museu de Arte Contemporânea do Panamá. Um ano antes também havia realizado uma leitura dramática de William Burroughs: a montagem (colagem de textos com música incidental), na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. Em 2006, a mostra Teatro Impossível, reuniu leitura de poemas, canções, colagens e fotografias (Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza). Espetáculo similar realizou em 2009, durante o Festival Internacional da Cultura (Colombia). Esteve presente em festivais de poesia em países como Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, El Salvador, Equador, Espanha, México, Nicarágua, Panamá, Portugal e Venezuela. Coordena a coleção “Ponte Velha”, de autores portugueses, da Escrituras Editora. Em 2009, publicou os seguintes livros: A alma desfeita em corpo (poemas, Lisboa), Fuego en las cartas (antologia poética, Espanha), A inocência de Pensar (ensaios, Brasil) e Escritura conquistada. Conversaciones con poetas de Latinoamérica. 2 tomos (entrevistas, Venezuela).

CONTATO: floriano.agulha@gmail.com

 

 

 




 




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