Não sei de que maneira a sucessão
Nos dias tem achado este meu ser
Que a si mesmo se tem [desconhecido].
Não sei que tempo vago atravessei
Nos breves dias de febril ausência
De parte do meu ser. Agora
Não sei o que há em mim, que sobrenada
A ignorada cousa que perdi.
Sinto pavor, mas já não é o mesmo
Pavor, nem é a mesma solidão
Doutrora, a solidão em que me sinto.
Queimei livros, papéis,
Destruí tudo por ficar bem só,
Por que não [sei], não sabê-lo desejo.
Resta-me apenas um desejo ermo
De amar e de sentir [...]
Pesado fardo da grandeza! Amor!
Não a reis nem a príncipes lhes pesa
E o responsável ânimo [...]
Como a mim a existência.
Neste atordoamento nasce em mim
Qualquer coisa de negro e estranho e novo
Que pressinto com medo [...]
Aureolado de mim dentro em minha alma.
Como a linha de negro [no horizonte]
Se ergue em negra nuvem e enegrece
E cresce levantando-se e [escurece]
O firmamento, sinto despontar
Prenúncios de tormenta e confusão
Num silêncio que existe dentro em mim.
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