Reza por mim, Maria, e eu sentirei
Uma calma d'amor... sobre o meu ser,
Como o luar sobre um lago estagnado...
Dize: Fazei feliz a quem eu amo,
Cujos olhos não choram por não ter
Na alma já lágrimas para chorar;
Que tendo erguido o seu pensar ao cume
Do humano pensar.... Não, não importa,
Não digas nada, reza e que a tua alma,
Compadecendo-se de mim, encontre
Os termos, as palavras que na prece
Murmurará... Choras? Fiz-te chorar?
- Sim... Não... Eu choro apenas de te ver
Triste ..., sem que eu compreenda
Tua tristeza, meu amor. Vem ela
De alguma dor - oh, dize-me! partilha
Comigo a tua dor, que eu te darei
O meu carinho, porque te amo tanto...
- Tu amas-me, tu amas-me, Maria?
- Ah, tu duvidas? Meu amor, duvidas?
Se te amo, por que hás de
Tu duvidar de mim? Ah, se palavras
Podem levar a alma nelas, Fausto;
Se o amor, este amor como eu o sinto
Pode dizer-se sem o duvidar;
Se o que eu sinto em minh'alma se te vejo,
Se sinto o teu pavor, quando penso
Em ti, amor, em ti; se olhares, beijos,
Podem mostrar o amor, todo o amor -
Crê, que as minhas palavras, os meus beijos,
O meu olhar têm esse amor.
Eu não sei dizer mais; não aprendi
Como o amor falar, não ... aprendi
Porque o amor não fala e não pode
Dizer-se todo, senão não seria
Amor ...
..... ......... .......... ........... ..........
Mas eu amo-te, Fausto! Ah, como te amo!
(aparte)
- Aquilo é amor... eu, pois, nunca amarei
Não posso
Fazer erguer em mim um sentimento
Que dê as mãos àquele. E, de o não poder,
Eu mais frio me sinto, mais pesado
N'alma, na minha desconsolarão.
Como me sinto falso, falso a mim..
Falso à existência, falso à vida, ao amor!
(alto)
Perdoa, amor...
(à parte)
Amor! Como me amarga
De vazia em meu ser esta palavra
Como de isso assim ser me encolerizo!
(alto)
Perdoa, meu amor!
Cedo aprendi a duvidar de tudo
Por duvidar e mim, sem o querer,
Sem razão de o querer ou de o pensar
Mas eu creio em ti, Maria,
Eu creio em ti... Como és bela! Não, não chores
Quero falar ternura e não o sei.
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