Fanzine de setembro 2020

 

MARIA ESTELA GUEDES
Dir. Triplov


O Fanzine 128, de setembro deste ano, apresenta três matérias minhas. No conjunto das duas séries, este fanzine é um objeto de circulação restrita porque problemática, dada a publicação ocasional de textos e imagens selecionados pelo gosto requintado de Francisco Carvalho, mas sem contacto prévio com os autores, estrangeiros na maior parte. Também é frequente Francisco Carvalho traduzir os originais em inglês. A tomada de poder sobre as obras é um risco assumido como ação estética, transcrevo:

 

Linha editorial
Não haverá artigos de fundo. A colaboração pode pedir-se e aceitar-se-á mas,
na sua quase totalidade, será roubada descaradamente.
Procurar-se-á alguma responsabilidade na atribuição de autorias, locais do crime etc.
Os
temas serão múltiplos e nada coerentes. 4 páginas,
o que vier a mais será
bónus. Terrível aspecto gráfico.
A orientação editorial poderá sofrer alterações inexplicáveis.
Saída irregular.
O fanzine não será distribuído em saco de plástico.

Permito-me discordar: as 4 páginas habituais do pdf, letra em corpo mínimo, enquadramento das imagens, fundo imaculadamente branco, resultam numa bela obra gráfica e o fanzine, como tal, em projeto minimalista consistente. Deixo os endereços para quem quiser contactar os responsáveis:

faneditores: francisco josé craveiro de carvalho, em fjcc@mat.uc.pt, &
joana costa, em joana.x@gmail.com.

Quanto às minhas colaborações, são uma foto, a resposta a um questionário inspirado no de Proust e um poema de uma série deles ainda inédita em livro, a intitular-se, talvez, Conversas com Federico García Lorca. Do poema quero dizer que é o mais possível naturalista, tirando o elemento designado, pelos surrealistas, como acaso objetivo, que, paradoxalmente, é tão realista também que tem testemunhas da sua inequívoca verdade. Na altura, ano passado, até publiquei fotos da ocorrência no Facebook na companhia dos implicados: Wladimir Vaz, responsável pela editora Urutau, Elena Balboa, sua mulher, M Céu Costa, vice-diretora do Triplov e Maria Azenha, poeta. Enfim, talvez o espírito de Federico García Lorca tenha manobrado as energias do Universo para eu escrever esse poema que não é extraordinário, mas relata fielmente um extraordinário acaso.

Fanzine128-2
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