COLECCIONAR COM F. FRADE
Especialmente na Guiné-Bissau*
Maria Estela Guedes
Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade
da Universidade de Lisboa (CICTSUL)

Vida e obra coligidas
Colecções de palavras
Colecções vivas
Por fim, a "língua das aves"
Bibliografia

Colecções vivas

Reservas, parques, jardins zoológicos e botânicos, etc., são lugares onde abrigamos colecções vivas. A Missão Zoológica da Guiné tinha objectivos muito práticos, mais empenhados nas colecções vivas do que nas destinadas à frascaria e gavetas de peles do Centro de Zoologia. A apicultura e a pesca assumiam entre estas colecções a maior importância, havia necessidade de estabelecer colmeias e sistemas de pesca eficazes.

O decreto que cria a Missão Zoológica da Guiné é bastante minucioso, ao declarar que "a missão promoverá na colónia, sempre que possível, a captura de animais vivos destinados a estudos biológicos e a exposição no Jardim Zoológico de Lisboa" (Frade, 1946). Não temos conhecimento de estudos biológicos realizados com os animais vivos, aqui bem separados dos que se destinavam ao Jardim Zoológico. Porém, como já vimos, as colecções de leis falam da instalação de tanques piscícolas na fazenda Experimental de Fá. Pensamos que a captura de outras espécies de animais vivos, não mencionadas, se destinaria, tal como a dos peixes, à selecção e apuramento de raças.

Nas colecções vivas ainda é preciso referir a marcação e recaptura de atuns. A Biologia da Pesca, em Portugal, alcançou nível internacional com Fernando Frade, segundo Postel, um dos seus co-autores estrangeiros. Com os atuns temos em cena colecções de animais vivos em liberdade. A técnica de capturar animais para os anilhar ou marcar, devolvendo-os de seguida à sua liberdade, para mais tarde serem recapturados, fornece conhecimentos que de outra forma dificilmente se obteriam. Assim, a recaptura de atuns marcados permitiu a Fernando Frade publicar vários artigos sobre as suas migrações.