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Estela Guedes:

Diário de Lilith

 

 

 

SEGUNDO DIA - As cortinas

Não gostas  de levantar obstáculos à claridade.
Queres luz, mais luz,
Como Goëthe, queres o céu pintado
Com rubricas
Retiradas dos túmulos do Vale dos Reis.
Queres vogar no Nilo
Feita uma ave pernalta
Ou uma tamareira reclinada sobre almofadas
De verdura – Phoenix reclinata…………………..
Queres um pincel para escreveres com tintura
Vermelha para a eternidade…………………………..

Mes doigts ne savent plus tricoter les mots
Sur le clavier de l'ordinateur!

- lamenta J.C. Cabanel,
O teu amigo anarquista.
Falta-lhe luz, o reactor da emoção.

Deste-lhe um grito, mostraste
A lanterna de mão
E ele reagiu logo, o teu amigo
De Lille:

Mes doigts
Ne savent plus
Tricoter
Des mots
Sur le clavier de l'ordinateur
Aussi
Mes pensées
Qui sont prudes
Faute de pouvoir se vêtir de mots
N'osent sortir
Nues
Du volcan de ma tête
Du tréfonds de mes tripes
Pour se donner à voir
À lire
À écouter
Saltimbanques
D'une nuit sans fin
Elles dansent la sarabande du silence
Dans le jardin de ma solitude

Não gostas de cortinas nem de reposteiros,
Lucy……………………………………………………
Lucy in the Sky with Diamonds.
Lucy desenterrada num recinto paleo-antropológico
Do Grande Vale do Rift, na Etiópia.
A luz da Terra, a luz que vem do abismo,
Dos ossos dela, a milhares de quilómetros de profundidade.

Lucy in the Paradise with Lilith……………………….

 
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