MARIA ESTELA GUEDES
Foto: Ed. Guimarães
Música: http://triplov.com/letras/mario_montaut/Estela/index.htm

Emergir na areia negra com Maria Tomás
Na antiga Fundição Real, lugar onde foram fundidas várias estátuas, de artistas diversos, a mais importante das quais a estátua equestre de D. José, da autoria de Machado de Castro, erigida na Praça do Comércio, restava um depósito de modelos. Faz parte do Museu Militar e deixou de ser um armazém para se transformar na instalação «Emergir - Identity specific», da artista Maria Tomás. Pode ser visitada, mediante marcação.

O espaço, apertadíssimo para a dezena de estátuas, ficou muito bem integrado na vida e obra de Maria Tomás. Nascida nos Açores, com a sua paisagem pontuada, onde a vegetação as deixa a descoberto, por cicatrizes vulcânicas, próprias da origem de todos os arquipélagos da Macaronésia de que os Açores fazem parte, onde são comuns as praias de areia negra, resultante da erosão do basalto, Maria Tomás deixou claro em «Emergir» o seu nascimento numa ilha vulcânica. Dito de outra maneira: é do mar das paixões que emerge a obra de arte.

A principal intervenção de Maria Tomás foi dar chão ao cavalo e restantes estátuas, unidade indispensável para as retirar da categoria residual de objetos em depósito. Isso foi conseguido graças à imagem da areia negra, trazida a imagem (e não o material, um granulado de pneu) da infância açoriana da artista, e graças também à pontuação escrita com os pelouros (pelouros são as balas de canhão). Uma parede em descalabro ocultada por telas negras que sobraram da Segunda Grande Guerra (participavam do blackout, forrando janelas de maneira a que dos aviões não se visse luz nas casas) e o resto delas devidamente caiado, são quase todo o mínimo que a artista usou para chegar ao máximo. O quase substituímo-lo pela luz natural, a bela luz lisboeta dos dias de sol que entra pelas vidraças das janelas graciosas, sobretudo na galeria superior. É um espaço em profundidade, daí o "emergir".

O máximo conseguido traduz-se, por exemplo, no facto de a instalação já ter sido escolhida como cenário de uma sessão de fotografia para uma importante revista de moda.

A instalação teve o apoio da Biogoma Lda, do Museu Militar e do Estado Maior do Exército Português.


Maria Estela Guedes . Odivelas . 20 de abril de 2015
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

MARIA TOMÁS
https://mariatomas.carbonmade.com/
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Maria Estela Guedes (1947, Britiande / Portugal). Diretora do Triplov

Membro da Associação Portuguesa de Escritores, da Sociedade Portuguesa de Autores, do Centro Interdisciplinar da Universidade de Lisboa e do Instituto São Tomás de Aquino. Directora do TriploV.

LIVROS

“Herberto Helder, Poeta Obscuro”. Moraes Editores, Lisboa, 1979;  “SO2” . Guimarães Editores, Lisboa, 1980; “Eco, Pedras Rolantes”, Ler Editora, Lisboa, 1983; “Crime no Museu de Philosophia Natural”, Guimarães Editores, Lisboa, 1984; “Mário de Sá Carneiro”. Editorial Presença, Lisboa, 1985; “O Lagarto do Âmbar”. Rolim Editora, Lisboa, 1987; “Ernesto de Sousa – Itinerário dos Itinerários”. Galeria Almada Negreiros, Lisboa, 1987 (colaboração e co-organização); “À Sombra de Orpheu”. Guimarães Editores e Associação Portuguesa de Escritores, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”. Lisboa. Museu Nacional de História Natural-Museu Bocage, 1993; “Carbonários : Operação Salamandra: Chioglossa lusitanica Bocage, 1864”. Em colaboração com Nuno Marques Peiriço. Palmela, Contraponto Editora, 1998; “Lápis de Carvão”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2005; “A_maar_gato”. Lisboa, Editorial Minerva, 2005; “À la Carbonara”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2007. Em co-autoria com J.-C. Cabanel & Silvio Luis Benítez Lopez; “A Boba”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2007; “Tríptico a solo”. São Paulo, Editora Escrituras, 2007; “A poesia na Óptica da Óptica”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2008; “Chão de papel”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2009; “Geisers”. Bembibre, Ed. Incomunidade, 2009; “Quem, às portas de Tebas? – Três artistas modernos em Portugal”. Editora Arte-Livros, São Paulo, 2010. “Tango Sebastião”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2010. «A obra ao rubro de Herberto Helder», São Paulo, Editora Escrituras, 1010; "Arboreto». São Paulo, Arte-Livros, 2011; "Risco da terra", Lisboa, Apenas Livros, 2011; "Brasil", São Paulo, Arte-Livros, 2012; "Um bilhete para o Teatro do Céu", Lisboa, Apenas Livros, 2013; Folhas de Flandres,  Lisboa, Apenas Livros, 2014.

ALGUNS COLECTIVOS

"Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte. “O reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual. Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”. Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009. Entrada sobre a Carbonária no Dicionário Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal, Lisboa, Gradiva Editora, 2010; «A minha vida vista do papel», in Ana Maria Haddad Baptista & Rosemary Roggero, Tempo-Memória na Educação. São Paulo, 2014.

TEATRO

Multimedia “O Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, Fundação Calouste Gulbenkian, com direcção de Alberto Lopes e interpretação de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José Camecelha, e cenografia de Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no Teatro Experimental de Cascais, com encenação de Carlos Avilez, cenografia de Fernando Alvarez  e interpretação de Maria Vieira.