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O município de Vila Nova de Foz Côa com os
poetas |
O concelho de Vila Nova de Foz Côa é de
referência, declaram Presidente e Vice-presidente da Câmara. É o único em
Portugal com dois patrimónios mundiais - gravuras paleolíticas do Côa e
paisagem construída no Douro. Além das ações regulares relacionadas com
eles, o concelho tem ainda a Festa da Amendoeira, no início da primavera,
15 dias de feira e festas populares, outras iniciativas (concentração de
motards em fins de maio, coincidindo com o encontro de poetas, observação
casual), atividades próprias do Centro Cultural, e o Festival de Poesia.
Adstrito aos recintos paleográficos, abriu o ano passado um museu
de nível internacional, criado em edifício de arquitetura notável, que já
foi justamente premiado: críptico, alapado no cimo do monte de onde se avista uma
soberba paisagem, e em especial o ponto em que o Côa funde as suas nas
águas do Douro, o Museu do Côa é uma grandiosa mole de cimento que não ofende a
paisagem e de longe não se vê, confundido com ela.
Foi em dois
jantares no restaurante do Museu que fiquei inteirada, pelos responsáveis
camarários, do que significa exatamente a expressão "concelho de
referência", se bem que parte do seu conteúdo constitua para mim
experiência vivida, no decurso não só do Festival de Poesia como de outras
ações, na Escola Secundária, a convite de Jorge Maximino. A título
particular, também visitei um dos setores paleográficos abertos ao
público, a Canada do Inferno. As visitas precisam de marcação prévia,
porque limitadas pela necessidade de guia e pelo número de lugares nas
viaturas do Parque. É uma experiência marcante ter a delicadeza das
gravuras ao alcance dos dedos, aflorando na imensidão dos montes que
marginam o rio.
O
Festival de Poesia celebrou este ano o seu 30º aniversário, o que exige
louvor e agradecimentos ao seu mentor, Jorge Maximino, que conheço desde a
primeira edição, famosa pela impressionante atuação de Natália Correia. Movimenta umas
centenas de pessoas, entre participantes e pessoal de receção e apoio.
Centrado na poesia angolana e sua edição, contou neste mês de maio de 2014
com a presença, entre mais, de um angolano cuja história já marcou
profundamente a da literatura portuguesa, desde que o Prémio da Sociedade
Portuguesa de Escritores foi atribuído ao seu romance Luuanda. O
facto provocou o interrogatório de jurados por parte da Polícia política e motivou o
encerramento da Sociedade - refiro-me a Luandino Vieira, naturalmente, que
esteve em Vila Nova de Foz Côa como editor da Nossomos. Para divulgação,
foram oferecidos livros recentes, graficamente impecáveis, de poetas
angolanos: Zetho Cunha Gonçalves, David Capelenguela e Nok Nogueira, que
estiveram presentes no Festival, e de Agostinho Neto, Manuel Rui, M.
António, Aires de Almeida Santos, Viriato da Cruz e António Jacinto.
Participou no debate sobre a poesia angolana José Carlos Venâncio, que
também apresentou o livro em lançamento, Meu amor da Rua Onze, de
Aires de Almeida Santos.
Os poetas tiveram vários encontros com os
alunos da Escola Secundária, onde foram cordialmente recebidos pelo
diretor, Jorge Silva, e pelos professores, em especial Rui Pinto,
responsável pelas aulas de Português mais avançadas. Leituras no Centro
Cultural, no café Terrinca, que habitualmente recebe os poetas, no Aldeia
Douro Restaurante, no Museu
do Côa, no barco rabelo "Senhora da Veiga" e no Centro Cultural, deram corpo ao encontro, animado com Aurelino
Costa, poeta e diseur, e com o belo show de Aldo Milá e João Branco,
músicos angolanos. Encerrou o espetáculo a boa surpresa dos professores,
que brindaram o público com divertidas danças do seu recém-criado Rancho
Folclórico e Etnográfico do Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Foz
Côa.
Uma nota agradada aos responsáveis superiores da autarquia,
que não se limitam a patrocinar e a fazer discursos de circunstância:
Gustavo Duarte, Presidente da Câmara, e João Paulo Sousa, Vice-presidente,
estiveram presentes
nos jantares, e é no final que habitualmente os poetas dizem os seus
textos, na sessão de leituras de Zetho Gonçalves no restaurante
Aldeia Douro e no concerto de Aldo Milá, pelo menos, convivendo com
prazer. Outros nem querem
ouvir falar de cultura, patrocinam de péssima vontade e não se dignam
estar presentes em momento nenhum, sem se darem conta de que a principal
parcela da crise não é a falta de dinheiro, é a falta de cultura.
Falta, sim, o mais importante,
a chave de ouro para este município exemplar em todos os domínios, onde se
come bem em toda a parte, desde o mais modesto ao mais luxuoso restaurante
e onde a Internet é gratuita para todos: Vila Nova de Foz Côa é um concelho que
devia servir de exemplo ao próprio Governo, pelo que já se contou e pelo
que fecha este artigo: não tem dívidas.
Casa dos Banhos . 27 de maio de 2014
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MEMÓRIA AUDIOVISUAL DO FESTIVAL |
OS POETAS
http://www.youtube.com/watch?v=zxWPI55nTBU&list=UU4X6m9lrj5c7XW1AvXXSVdw&feature=share
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RANCHO FOLCLÓRICO E ETNOGRÁFICO DO AGRUPAMENTO DE
ESCOLAS DE VILA NOVA DE FOZ CÔA
http://www.youtube.com/watch?v=CuJLe5uydoQ&feature=share&list=UU4X6m9lrj5c7XW1AvXXSVdw&index=1
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MUSEU DO CÔA COM O FESTIVAL
DE POESIA |
http://www.youtube.com/watch?v=1oqW7SRIWts&list=UU4X6m9lrj5c7XW1AvXXSVdw&feature=share |
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SITE OFICIAL DE VILA NOVA DE
FOZ CÔA
https://www.google.pt/#q=vila+nova+de+foz+coa |
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Índice antigo |
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Maria Estela Guedes
(1947, Britiande / Portugal). Diretora do Triplov
Membro da Associação Portuguesa de Escritores,
da Sociedade Portuguesa de Autores, do Centro Interdisciplinar da Universidade de Lisboa e do Instituto São Tomás de Aquino. Directora do TriploV.
LIVROS
“Herberto Helder,
Poeta Obscuro”. Moraes Editores, Lisboa, 1979; “SO2” .
Guimarães Editores, Lisboa, 1980; “Eco, Pedras Rolantes”, Ler
Editora, Lisboa, 1983; “Crime no Museu de Philosophia Natural”,
Guimarães Editores, Lisboa, 1984; “Mário de Sá Carneiro”. Editorial
Presença, Lisboa, 1985; “O Lagarto do Âmbar”. Rolim Editora, Lisboa,
1987; “Ernesto de Sousa – Itinerário dos Itinerários”. Galeria
Almada Negreiros, Lisboa, 1987 (colaboração e co-organização); “À
Sombra de Orpheu”. Guimarães Editores e Associação Portuguesa de
Escritores, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”. Lisboa. Museu
Nacional de História Natural-Museu Bocage, 1993; “Carbonários :
Operação Salamandra: Chioglossa lusitanica Bocage, 1864”. Em
colaboração com Nuno Marques Peiriço. Palmela, Contraponto Editora,
1998; “Lápis de Carvão”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2005; “A_maar_gato”.
Lisboa, Editorial Minerva, 2005; “À la Carbonara”. Lisboa, Apenas
Livros Lda, 2007. Em co-autoria com J.-C. Cabanel & Silvio Luis
Benítez Lopez; “A Boba”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2007;
“Tríptico a solo”. São Paulo, Editora Escrituras, 2007; “A poesia na
Óptica da Óptica”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2008; “Chão de papel”.
Apenas Livros Editora, Lisboa. 2009; “Geisers”. Bembibre, Ed.
Incomunidade, 2009; “Quem, às portas de Tebas? – Três artistas
modernos em Portugal”. Editora Arte-Livros, São Paulo, 2010.
“Tango Sebastião”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2010. «A obra ao
rubro de Herberto Helder», São Paulo, Editora Escrituras, 1010;
"Arboreto». São Paulo, Arte-Livros, 2011; "Risco da terra", Lisboa,
Apenas Livros, 2011; "Brasil", São Paulo, Arte-Livros, 2012; "Um
bilhete para o Teatro do Céu", Lisboa, Apenas Livros, 2013.
ALGUNS COLECTIVOS
"Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de
Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom
homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte.
“O reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual.
Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”.
Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009.
Entrada sobre a Carbonária no Dicionário Histórico das Ordens e
Instituições Afins em Portugal, Lisboa, Gradiva Editora, 2010; «A
minha vida vista do papel», in Ana Maria Haddad Baptista & Rosemary
Roggero, Tempo-Memória na Educação. São Paulo, 2014.
TEATRO
Multimedia “O
Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, Fundação
Calouste Gulbenkian, com direcção de Alberto Lopes e interpretação
de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José Camecelha, e cenografia de
Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no Teatro Experimental de
Cascais, com encenação de Carlos Avilez, cenografia de Fernando
Alvarez e interpretação de Maria Vieira.
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