REVISTA
TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
ISSN 2182-147X
NOVA SÉRIE
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Maria Estela Guedes
Foto: Ed. Guimarães |
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Manifestações "Que se lixe a troika" |
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Ontem, 2 de Março, mais de um milhão de
portugueses, em Portugal e em centros de emigração no estrangeiro,
manifestaram-se contra a política de austeridade do Governo, falta de
linhas de rumo que restaurem a economia, com medidas urgentes para
restabelecer o comércio, a indústria, e tudo aquilo que nos permite ser
auto-suficientes, a começar pela agricultura e pelas pescas.
Com
mel na língua, os políticos vão dizendo que a sociedade está à beira da
catástrofe, mas na verdade não é à beira: estamos já em situação de
catástrofe.
O que de mais inovador teve a manifestação de ontem,
a mais colossal de sempre em Portugal, foi a sua desvinculação de
partidos, e portanto da política convencional. Desde crianças a velhos,
todos se apresentaram fisicamente e, quem não deu o corpo ao manifesto,
achou modo pessoal de se juntar aos manifestantes, sobretudo através
da Internet.
Os governantes já há meses vêm perdendo a
autoridade, por ceticismo radical da população e sua expressão pública:
de todas as maneiras já os mandámos embora, por errada e
contraproducente a política: qualquer um sabe que se não tivermos
dinheiro para pagar as contas, e comprarmos o necessário, os
fornecedores entram em falência e os empregados caem no desemprego.
Quanto mais austeridade, maior a desgraça. Só os políticos instalados na
governação teimam em querer apagar o incêndio derramando sobre ele latas
de gasolina.
Admitamos que este Governo abra finalmente os olhos,
se envergonhe e vá embora, visto que a população mais não fez que pedir
isso mesmo, pacata e ordeira. Portugal já não é um país livre, que possa
desatrelar-se sem consequências do rebocador europeu, nem o rebocador é
livre do resto do mundo. Este governo vai sair, mais tarde ou mais cedo.
Quem se segue vai resolver os problemas?
A manifestação, ao
erguer a bandeira do apartidarismo, também afirma que está cansada das
políticas convencionais, do sistema convencional de governar. Estamos
cansados de partidos, estamos cansados dos privilégios dos políticos,
estamos cansados da corrupção, inimiga primeira das democracias.
No horizonte vislumbra-se a presença de um novo paradigma. Mas a
assimilação de novos modos de vida e de ser não é rápida. Ela passa pela
assunção de novos valores, só possível com boa educação de base. Essa é
a tarefa dos jovens: tomarem em mãos as rédeas do seu destino.
E é isso o que estão a fazer. Oxalá saibam conduzir os cavalos para um futuro
melhor. |
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Maria Estela Guedes
(1947, Britiande / Portugal). Diretora do Triplov
Membro da Associação Portuguesa de Escritores,
da Sociedade Portuguesa de Autores, do Centro Interdisciplinar da Universidade de Lisboa e do Instituto São Tomás de Aquino. Directora do TriploV.
LIVROS
“Herberto Helder,
Poeta Obscuro”. Moraes Editores, Lisboa, 1979; “SO2” .
Guimarães Editores, Lisboa, 1980; “Eco, Pedras Rolantes”, Ler
Editora, Lisboa, 1983; “Crime no Museu de Philosophia Natural”,
Guimarães Editores, Lisboa, 1984; “Mário de Sá Carneiro”. Editorial
Presença, Lisboa, 1985; “O Lagarto do Âmbar”. Rolim Editora, Lisboa,
1987; “Ernesto de Sousa – Itinerário dos Itinerários”. Galeria
Almada Negreiros, Lisboa, 1987 (colaboração e co-organização); “À
Sombra de Orpheu”. Guimarães Editores e Associação Portuguesa de
Escritores, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”. Lisboa. Museu
Nacional de História Natural-Museu Bocage, 1993; “Carbonários :
Operação Salamandra: Chioglossa lusitanica Bocage, 1864”. Em
colaboração com Nuno Marques Peiriço. Palmela, Contraponto Editora,
1998; “Lápis de Carvão”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2005; “A_maar_gato”.
Lisboa, Editorial Minerva, 2005; “À la Carbonara”. Lisboa, Apenas
Livros Lda, 2007. Em co-autoria com J.-C. Cabanel & Silvio Luis
Benítez Lopez; “A Boba”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2007;
“Tríptico a solo”. São Paulo, Editora Escrituras, 2007; “A poesia na
Óptica da Óptica”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2008; “Chão de papel”.
Apenas Livros Editora, Lisboa. 2009; “Geisers”. Bembibre, Ed.
Incomunidade, 2009; “Quem, às portas de Tebas? – Três artistas
modernos em Portugal”. Editora Arte-Livros, São Paulo, 2010.
“Tango Sebastião”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2010. «A obra ao
rubro de Herberto Helder», São Paulo, Editora Escrituras, 1010;
"Arboreto». São Paulo, Arte-Livros, 2011; "Risco da terra", Lisboa,
Apenas Livros, 2011; Trabalhos da Maçonaria Florestal Carbonária.
Lisboa, Apenas Livros, 2012; Brasil, São Paulo, Arte-Livros, 2012.
ALGUNS COLECTIVOS
"Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de
Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom
homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte.
“O reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual.
Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”.
Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009.
Entrada sobre a Carbonária no Dicionário
Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal, Lisboa,
Gradiva Editora, 2010. "Munditações", de Carlos Silva, 2011. "Se lo
dijo a la noche", de Juan Carlos Garcia Hoyuelos, 2011; "O
corpo do coração - Horizontes de Amato
Lusitano", 2011.
TEATRO
Multimedia “O
Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, Fundação
Calouste Gulbenkian, com direcção de Alberto Lopes e interpretação
de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José Camecelha, e cenografia de
Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no Teatro Experimental de
Cascais, com encenação de Carlos Avilez, cenografia de Fernando
Alvarez e interpretação de Maria Vieira. |
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