REVISTA
TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
ISSN 2182-147X
NOVA SÉRIE
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Maria Estela Guedes
Foto: Ed. Guimarães |
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Em memória de Alexandra Escudeiro |
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Partiu também. Vamos ficando rodeados de lugares vazios, cadeiras
reservadas que eram, nas quais ninguém mais ninguém se pode sentar. E a
todos mata o cancro, essa peste que se refere com pinças e luvas brancas
como «doença prolongada».
A Alexandra Escudeiro
era uma heroína, já por diversas vezes tinha sido atacada, mas sempre saía
vitoriosa. Desta vez, foi derrotada.
Vamos ficando cada vez
mais sós.
A Alexandra, na sua qualidade de botânica, foi
colaboradora, com o Andrés Galera e com o Nuno Marques Peiriço, do meu
e-book «Francisco Newton - Cartas da Nova Atlântida» (1). Colaborámos
noutros trabalhos e iniciativas como a «CulturaNatura» e a «Festa da
Sciencia» (2), lideradas por Ana Luísa Janeira, mas o que nos aproximou
mais foi a pesquisa, no Herbário do Jardim Botânico de Lisboa, dos
exemplares enviados por Francisco Newton das paragens onde exerceu os seus
dotes de naturalista de campo, no tempo das travessias de África e do
Ultimato. Delicadezas como algas, plantas marinhas, flores e frutos,
oriundos sobretudo da missão em Fernando Pó e Ano Bom, ilhas da Guiné
Equatorial. A informação sobre os lugares e datas de colheita era
acrescentada à das cartas e da colheita de animais, o que nos permitiu
descobrir que Newton era ubíquo. Deixemos de lado as implicações do
problema, que tantas vezes se tornaram fonte de conflitos.
Outro trabalho com a Alexandra, trabalho de amor, foi a digitalização de
pinturas da mãe sobre compridas tiras de papel de arroz, para exposição no
Triplov (3). Agnes Chan, chinesa, casara com um militar português que
conhecera em Hong-Kong no tempo da guerra. A Alexandra costumava dizer que
também ela, a mãe, como Francisco Newton, fizera trabalho de espionagem. |
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Pelas veredas do Jardim Botânico vai ficar a
alma da Alexandra, ela que o animava com poesia, mais artes e
especialmente visitas guiadas, como aquela que expressamente fez para
o Triplov, sobre as paleo-espécies (4). O seu espírito, o seu sorriso,
ficarão a pairar sobre os Pinus
canariensis, a
Ginkgo biloba,
as paineiras brancas, as
Washingtonia robusta e as
Arbor draconis,
dragoeiros, mais conhecidos por
Dracaena draco, e sobretudo as
Ficus
gigantes que ameaçam levantar com as raízes todo o edifício central do
Museu, na Rua da Escola Politécnica.
A Alexandra
Escudeiro permanecerá, pela sua bondade, pela sua camaradagem, por
quanto ensinou sobre o mundo das Plantas, na nossa memória e no nosso
coração.
Maria Estela Guedes Casa dos
Banhos, 15 de agosto de 2013 |
(1)
http://www.triplov.com/newton/
(2)
http://triplov.com/mesa_redonda/festa_da_sciencia/index.htm#1
(3)
../../../cyber_art/agnes_chan/index.htm
(4)
http://triplov.com/botanica/escudeiro.html
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O velório de
Alexandra Escudeiro será realizado na segunda-feira, 19, a partir das 18h
na Igreja de S. Joana Princesa, junto da Av. Estados Unidos da América em
Lisboa (R. dos Lagares d'El Rei, 4), sendo o funeral precedido de Missa às
10h30 de terça-feira. |
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Maria Estela Guedes
(1947, Britiande / Portugal). Diretora do Triplov
Membro da Associação Portuguesa de Escritores,
da Sociedade Portuguesa de Autores, do Centro Interdisciplinar da Universidade de Lisboa e do Instituto São Tomás de Aquino. Directora do TriploV.
LIVROS
“Herberto Helder,
Poeta Obscuro”. Moraes Editores, Lisboa, 1979; “SO2” .
Guimarães Editores, Lisboa, 1980; “Eco, Pedras Rolantes”, Ler
Editora, Lisboa, 1983; “Crime no Museu de Philosophia Natural”,
Guimarães Editores, Lisboa, 1984; “Mário de Sá Carneiro”. Editorial
Presença, Lisboa, 1985; “O Lagarto do Âmbar”. Rolim Editora, Lisboa,
1987; “Ernesto de Sousa – Itinerário dos Itinerários”. Galeria
Almada Negreiros, Lisboa, 1987 (colaboração e co-organização); “À
Sombra de Orpheu”. Guimarães Editores e Associação Portuguesa de
Escritores, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”. Lisboa. Museu
Nacional de História Natural-Museu Bocage, 1993; “Carbonários :
Operação Salamandra: Chioglossa lusitanica Bocage, 1864”. Em
colaboração com Nuno Marques Peiriço. Palmela, Contraponto Editora,
1998; “Lápis de Carvão”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2005; “A_maar_gato”.
Lisboa, Editorial Minerva, 2005; “À la Carbonara”. Lisboa, Apenas
Livros Lda, 2007. Em co-autoria com J.-C. Cabanel & Silvio Luis
Benítez Lopez; “A Boba”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2007;
“Tríptico a solo”. São Paulo, Editora Escrituras, 2007; “A poesia na
Óptica da Óptica”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2008; “Chão de papel”.
Apenas Livros Editora, Lisboa. 2009; “Geisers”. Bembibre, Ed.
Incomunidade, 2009; “Quem, às portas de Tebas? – Três artistas
modernos em Portugal”. Editora Arte-Livros, São Paulo, 2010.
“Tango Sebastião”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2010. «A obra ao
rubro de Herberto Helder», São Paulo, Editora Escrituras, 1010;
"Arboreto». São Paulo, Arte-Livros, 2011; "Risco da terra", Lisboa,
Apenas Livros, 2011; Trabalhos da Maçonaria Florestal Carbonária.
Lisboa, Apenas Livros, 2012; Brasil, São Paulo, Arte-Livros, 2012.
"As Rosas do Freixo", Apenas Livros, Lisboa, 2012;
"Brasil", São Paulo, Arte-Livros, 2012; "Um bilhete para o Teatro
do Céu", Lisboa, Apenas Livros, 2013.
ALGUNS COLECTIVOS
"Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de
Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom
homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte.
“O reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual.
Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”.
Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009.
Entrada sobre a Carbonária no Dicionário
Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal, Lisboa,
Gradiva Editora, 2010. "Munditações", de Carlos Silva, 2011. "Se lo
dijo a la noche", de Juan Carlos Garcia Hoyuelos, 2011; "O
corpo do coração - Horizontes de Amato
Lusitano", 2011.
TEATRO
Multimedia “O
Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, Fundação
Calouste Gulbenkian, com direcção de Alberto Lopes e interpretação
de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José Camecelha, e cenografia de
Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no Teatro Experimental de
Cascais, com encenação de Carlos Avilez, cenografia de Fernando
Alvarez e interpretação de Maria Vieira. |
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