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REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências

ISSN 2182-147X
NOVA SÉRIE

 

 







Maria Estela Guedes
Foto: Ed. Guimarães

Natal com fim do mundo e boas notícias
 
Num desses últimos programas televisivos «Prós e contras», um empresário ergueu-se a proclamar, sem medo, que o nosso Estado é corrupto, e que a corrupção existe a todos os níveis. Existir a todos os níveis quer dizer que a corrupção é individual e coletiva, estatal e privada, familiar e social. Sim, e não só: quando, por exemplo, a corrupção existe na célula familiar, a tendência é para proteger a família, fazendo da vítima o prevaricador, sugerindo-lhe que faça as pazes. E que perdoe, apesar de não surgir no horizonte nenhum pedido de perdão.

Outros garantem que chega de falar dos pobres, é preciso falar dos ricos, mas nem todos os ricos são corruptos. A corrupção dos ricos é o tema mais abundantemente tratado nos meios de comunicação. Sobretudo na Internet.

A seguir vem o tema dos velhos. Os velhos que moram sozinhos, cujo cadáver aparece dias ou semanas após o falecimento, os velhos que morrem por falta de cuidados médicos, esses velhos que constituem a maior fatia da população portuguesa.

Também se fala muito dos milhares de crianças cuja única refeição quente é a que tomam na escola.

Fala-se ainda das escolas e dos hospitais sem verba para manutenção nem aquisição de remédios.

Também se fala do fim do mundo, marcado, pelo calendário maia, para o próximo dia 21. Nessa noite estarei no ar, no ar e não no céu, ou devia dizer «Céu»? Já nem os padres falam disso. Acabou-se o Céu, o Inferno e o limbo. Para onde iremos, se realmente o mundo acabar no próximo dia 21?

Eu tenciono chegar ao Brasil apesar do fim do mundo, passar lá uma noite sem consoada e um dia de Natal festejado com peru. Há muitos, muitos anos, não passo o Natal num desses países quentes, em que a quadra natalícia tem calor em vez de neve e paisagens vidradas pela geada. Se regressar, quer dizer que mais uma vez o fim do mundo foi adiado, e essa será uma  boa notícia. Quem quiser mais boas notícias, tem um site especial na Internet para o efeito, em: http://www.boasnoticias.pt/ .

Outra boa notícia, relativa a nós, triplovnautas, é a saída antecipada do número 35 da Revista Triplov de Artes, Religiões e Ciências. Achei por bem pô-la no ar antes do dia 21, assim como assim...

Sinto algum pudor em desejar-vos Boas Festas numa fase tão lamentável da História de Portugal, e por consequência da vida de cada um de nós. Mas havemos de sobreviver a mais esta desventura, por isso, agradecendo a atenção que já quase há dez anos nos dispensais, aqui ficam os votos de

FELIZ NATAL E BOM ANO NOVO

Maria Estela Guedes
Casa dos Banhos, 14 de dezembro de 2012
 
 

Maria Estela Guedes (1947, Britiande / Portugal). Diretora do Triplov

Membro da Associação Portuguesa de Escritores, da Sociedade Portuguesa de Autores, do Centro Interdisciplinar da Universidade de Lisboa e do Instituto São Tomás de Aquino. Directora do TriploV.

LIVROS

“Herberto Helder, Poeta Obscuro”. Moraes Editores, Lisboa, 1979;  “SO2” . Guimarães Editores, Lisboa, 1980; “Eco, Pedras Rolantes”, Ler Editora, Lisboa, 1983; “Crime no Museu de Philosophia Natural”, Guimarães Editores, Lisboa, 1984; “Mário de Sá Carneiro”. Editorial Presença, Lisboa, 1985; “O Lagarto do Âmbar”. Rolim Editora, Lisboa, 1987; “Ernesto de Sousa – Itinerário dos Itinerários”. Galeria Almada Negreiros, Lisboa, 1987 (colaboração e co-organização); “À Sombra de Orpheu”. Guimarães Editores e Associação Portuguesa de Escritores, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”. Lisboa. Museu Nacional de História Natural-Museu Bocage, 1993; “Carbonários : Operação Salamandra: Chioglossa lusitanica Bocage, 1864”. Em colaboração com Nuno Marques Peiriço. Palmela, Contraponto Editora, 1998; “Lápis de Carvão”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2005; “A_maar_gato”. Lisboa, Editorial Minerva, 2005; “À la Carbonara”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2007. Em co-autoria com J.-C. Cabanel & Silvio Luis Benítez Lopez; “A Boba”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2007; “Tríptico a solo”. São Paulo, Editora Escrituras, 2007; “A poesia na Óptica da Óptica”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2008; “Chão de papel”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2009; “Geisers”. Bembibre, Ed. Incomunidade, 2009; “Quem, às portas de Tebas? – Três artistas modernos em Portugal”. Editora Arte-Livros, São Paulo, 2010. “Tango Sebastião”. Apenas Livros Editora, Lisboa. 2010. «A obra ao rubro de Herberto Helder», São Paulo, Editora Escrituras, 1010; "Arboreto». São Paulo, Arte-Livros, 2011; "Risco da terra", Lisboa, Apenas Livros, 2011.

ALGUNS COLECTIVOS

"Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte. “O reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual. Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”. Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009. Entrada sobre a Carbonária no Dicionário Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal, Lisboa, Gradiva Editora, 2010. "Munditações", de Carlos Silva, 2011. "Se lo dijo a la noche", de Juan Carlos Garcia Hoyuelos, 2011; "O corpo do coração - Horizontes de Amato Lusitano", 2011.

TEATRO

Multimedia “O Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, Fundação Calouste Gulbenkian, com direcção de Alberto Lopes e interpretação de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José Camecelha, e cenografia de Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no Teatro Experimental de Cascais, com encenação de Carlos Avilez, cenografia de Fernando Alvarez  e interpretação de Maria Vieira.