Na minha recente viagem a Minas Gerais,
com Ana Luísa Janeira, ficámos três dias em casa de um comum amigo, colaborador do TriploV, o químico e professor universitário Carlos Alberto Filgueiras.
Guiadas por ele, vimos muita coisa bela nos arredores de Belo Horizonte, sobretudo Inhotim, a que darei atenção noutro local, e o teatro que o seu irmão,
Rodney Filgueiras, construiu em casa, e que tem sido espaço para
concertos. Também espero poder mostrá-lo. Podia falar do Retiro das
Pedras, condomínio na Mata Atlântica, em que ambos têm residência, podia
falar de Belo Horizonte, uma grande
cidade em altura, capital de Minas, mas o que neste momento me ocupa é um pormenor, uma
conversa casual com Carlos Alberto, digna de ser conhecida e de que
pensemos nela.
C.A. Filgueiras está a reformar a sua
casa do Retiro das Pedras, no Brumadinho. Vai acrescentar-lhe o sonho da
sua vida: uma sala, salvo erro de 14 por 14 metros, para biblioteca. No
jardim cortou uma fiada de Pinus - é assim que designam o
pinheiro, pelo nome científico do género, simultaneamente vocábulo do
nosso português medieval, presente por exemplo na conhecida cantiga de
amigo, atribuída a el-rei D. Dinis: "Ay flores, ay flores do verde
pino!" - mas não cortou uma Spathodea que levantou muitos
problemas:
- As raízes levantaram as lajes, é
preciso refazer todo o piso! - lamentou-se.
- E não seria mais fácil cortar a
Spathodea? - inquiri, surpreendida.
- Ah, não, é uma bela Spathodea e além
disso tem lá dois ninhos de João-de-barro!
Eis uma história exemplar, espero que os
meus conterrâneos portugueses a apreciem em toda a sua dimensão afetiva.
Britiande, 1 de Dezembro
de 2010 |
Maria Estela Guedes
(1947, Britiande / Portugal). Diretora do Triplov
Membro da Associação Portuguesa de Escritores, do Centro Interdisciplinar da Universidade de Lisboa e do Instituto São Tomás de Aquino. Directora do TriploV.
LIVROS
“Herberto Helder,
Poeta Obscuro”. Moraes Editores, Lisboa, 1979; “SO2” .
Guimarães Editores, Lisboa, 1980; “Eco, Pedras Rolantes”, Ler
Editora, Lisboa, 1983; “Crime no Museu de Philosophia Natural”,
Guimarães Editores, Lisboa, 1984; “Mário de Sá Carneiro”. Editorial
Presença, Lisboa, 1985; “O Lagarto do Âmbar”. Rolim Editora, Lisboa,
1987; “Ernesto de Sousa – Itinerário dos Itinerários”. Galeria
Almada Negreiros, Lisboa, 1987 (colaboração e co-organização); “À
Sombra de Orpheu”. Guimarães Editores e Associação Portuguesa de
Escritores, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”. Lisboa. Museu
Nacional de História Natural-Museu Bocage, 1993; “Carbonários :
Operação Salamandra: Chioglossa lusitanica Bocage, 1864”. Em
colaboração com Nuno Marques Peiriço. Palmela, Contraponto Editora,
1998; “Lápis de Carvão”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2005; “A_maar_gato”.
Lisboa, Editorial Minerva, 2005; “À la Carbonara”. Lisboa, Apenas
Livros Lda, 2007. Em co-autoria com J.-C. Cabanel & Silvio Luis
Benítez Lopez; “A Boba”. Apenas Livros Editora, Lisboa, 2007;
“Tríptico a solo”. São Paulo, Editora Escrituras, 2007; “A poesia na
Óptica da Óptica”. Lisboa, Apenas Livros Lda, 2008; “Chão de papel”.
Apenas Livros Editora, Lisboa. 2009; “Géisers”. Bembibre, Ed.
Incomunidade, 2009; “Quem, às portas de Tebas? – Três artistas
modernos portugueses”. Editora Arte-Livros, São Paulo, 2010.
"A obra ao rubro de Herberto Helder", São Paulo, Escrituras Editora,
2010.
ALGUNS COLECTIVOS
"Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de
Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom
homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte.
“O reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual.
Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”.
Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009.
Entrada sobre a Carbonária (Maçonaria Florestal) no Dicionário
Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal, 2010.
TEATRO
Multimedia “O
Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, Fundação
Calouste Gulbenkian, com direcção de Alberto Lopes e interpretação
de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José Camecelha, e cenografia de
Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no Teatro Experimental de
Cascais, com encenação de Carlos Avilez, cenografia de Fernando
Alvarez e interpretação de Maria Vieira. |