Mil sóis rosados e vermelhos
Barrocos a montão
Piscam os olhos
Pela noite fora vivos e acordados.
Encandeiam os pobres de visão
Mais do que de espírito,
Oriundos de terras em que os excessos
Se cingem ao altar-mor das igrejas.
«Mais brilhante que mil sóis»
Eis um chavão, um título,
E outro - «As mil luzes de Nova
Iorque».
Sim, é certo que a luz fascina
Mas também ensina,
A luz trespassa de lado a lado
A imaginação
E esta luz esculpida pelas casas
De mais andares do que os contáveis
Esta luz arquitetónica
Que se reflete e refrata
Em paredes facetadas
Imita as pedras - «Diamonds are
forever» -
Outro título, outro chavão,
Pedras, pedras cortadas por si mesmas
Em laboratórios inexpugnáveis
E vendidas ali nas sofisticadas lojas
Do Diamond District,
Esta luz não imita,
O diamante é carbono puro, original,
Por isso esta luz arquitetónica
De arranhacéus como pedras preciosas
É uma das três luzes mais sagradas
A par da Bíblia, do Compasso e do
Esquadro. |