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Os sonhos |
Pequenos, ensimesmados
Rebolam sobre si mesmos
Na sertã fervendo
Os sentimentos
Vivos, pof-pof-pofantes
Edulcorados.
Nada se projecta mais além. |
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A consoada |
Pessoas de duas maneiras ligadas
Sentam-se à mesa,
Festivas; umas, na fogueira,
Criam modelos; outras,
Na geladeira,
Reproduzem-nos, caro
Walter Benjamin,
Quase até ao
infinito
Olhos fitos na braseira. |
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As prendas |
Muito mais do que desejaríamos
Tão aquém do necessário
E só no nada o equilíbrio
Desta rima pepe-
Ri-
Cli-cli
Taaante de palavras
Desembrulhadas. |
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Britiande, 6 de Dezembro de 2009 |
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Maria Estela Guedes.
Membro da Associação Portuguesa de Escritores, da secção portuguesa da Associação Internacional de Críticos Literários, do Centro Interdisciplinar da Universidade de Lisboa e do Instituto São Tomás de Aquino. Directora do TriploV. Alguns livros publicados: Herberto Helder, Poeta Obscuro; Eco/Pedras Rolantes; Crime no Museu de Philosophia Natural; Mário de Sá-Carneiro; A_maar_gato; Ofício das Trevas; À la Carbonara; Tríptico a solo;
Chão de papel. Espectáculos levados à cena:
O Lagarto do Âmbar (Fundação Calouste Gulbenkian, 1987); A Boba (Teatro Experimental de Cascais, 2008).
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