Esta loucura de escrever

 

MARIA FRATERNA


Maria Fraterna. Pseudónimo de Maria de Fátima Carvalho da Silva Cardoso, natural de Vila Nova de Famalicão. É licenciada em Direito e exerce funções de jurista na Câmara Municipal de V. N. de Famalicão. Em paralelo tem mantido a sua atividade literária e estreou-se com o livro de poesia, “No Assédio do Tempo”, em 2020. Publicou o segundo livro de poesia, “De Dentro Para Fora”, em 2022. A “Um Deus do Céu e outros contos” é o seu mais recente livro de prosa narrativa. Também como escritora dramática escreveu uma obra sobre Maria da Fonte e o seu significado, a qual não se encontra publicada. Usando as palavras afáveis e/ou incisivas do seu pensamento, terminou agora um romance a publicar. Com a apresentação de um poema ganhou o Prémio Ser Mulher 2019. Obteve o segundo prémio de prosa e narrativa com o conto “O Melhor Natal de Sempre”, no Algarve. Colabora com publicações ligadas à literatura em revistas (ensaio e poesia). Participou em diversas coletâneas e antologias. Dispõe de muitos poemas dispersos pelas redes sociais. Conta com alguns recitais de poesia em vários locais. Por último participou a diversas tertúlias em regime de temas livres.


Cada momento na vida é um desafio. Não é à toa que muitas pessoas gostam de escrever os problemas em diários e agendas.  

A razão da escrita é terapêutica tem o objetivo do foco e pode curar, conforme referem alguns estudos de diversas universidades. 

A melhor maneira de esquecer os problemas é através da escrita que absorve o desespero e começa ao fim de algum tempo a atravessar o fim do princípio de qualquer sentimento.

Cada temporal do quotidiano pode despoletar: o stress, o conflito, a falta de sono e a falta de sal para salgar a terra.   

Vem isto a propósito de certos episódios da vida, onde as palavras são pregadas ao contrário, com erros de entendimento tão difíceis de sanar, que não existe remédio para qualquer dilema desta sociedade pandémica e virulenta que infecta e despreza até meter alguns debaixo dos pés.

É raro que um trabalhador escreva sobre a raiva que sente contra o tirano do seu chefe, mas guiado para a escrita moderava o problema, até conseguir outro local de trabalho.

Também é recomendável que o faça com um pseudónimo, a fim de evitar todas as represálias, e evitar dissabores.

Pois bem, a escrita é esta arma que fornece a quem escreve a possibilidade de não ser cilindrado, por exemplo dentro de uma sala sem luz natural e a sentir a morte das plantas na varanda.

Nunca um escritor ensina nada a um ” senhor faz tudo”, muito menos a escrever, porque só ele consegue arranjar o estore elétrico avariado há mais de dois meses.

Até à vinda do “senhor faz tudo”, o escritor vive retido neste abismo, significando tal que a escrita sairá dorida e presa nas linhas, como se a palavra fosse uma realidade palpável e ajudasse a fazer um livro.

Contudo, esta loucura de escrever durante a avaria de um estore não tem nenhum interesse nem serve para consertar o mundo.

Pois, este tipo de escrita não se compara de modo nenhum ao livro dos Lusíadas, ou qualquer outra obra de autor consagrado.

De regresso ao tema, recomenda-se ainda a escrita manual, dado que ajuda a reter a informação, e isto acontece porque a pessoa leva mais tempo e esforço a captar e, por isso, fixa melhor na memória a mensagem. 

Ora, quem pensa que: “nada tem a ver com o assunto” engana-se e corre o risco de ficar entalado nas folhas da sua escrita.

Assim aconteceu a Martins Moniz, durante o cerco de Lisboa, segundo a lenda sofreu a entaladela na porta, para justificar a mera procura de glória.

A ideia da escrita terapêutica é uma descoberta de pequenos floreados para fazer face a qualquer tipo de situação, onde a pessoa dedica o seu tempo à chamada escrita expressiva, como forma de imunidade na cura de algumas doenças com diagnóstico.


 

Maria Fraterna