Diz o mito dos Arquitectos Medievais que o
Primeiro Gradus Magister ou
Grão-Mestre terá sido o Príncipe Edwin, filho do rei Athelstane
(859-940), neto de Alfredo, o Grande. Face ao Manuscrito Regius,
poema maçónico de um clérigo dos finais do séc. XIV, com 794 versos,
publicado e analisado pela Loja inglesa
Quatuor Coronati nº2076, cujo
original foi «descoberto» por Haliwell em 1840, confirma-se tal mito,
«guardado» hoje no British Museum. Tal realidade está expressa no
arquétipo de se dizer Most
Worshipful, o Maior Venerável, ao Grão-Mestre de uma Obediência da
Franco-Maçonaria.
No ano de 926, este rei anglo-saxão, cunhado de
Hugo, Rei de França, pai de Hugo Capeto, fez reunir em Corporação (Craftguild)
ou Guilda todos os maçons ou manstones da alvenaria ou
masonry, com um Corpo Central ou Dieta, descentralizado em reuniões,
com o objectivo de promover a construção pela Pedra ou Stone. As
reuniões descentralizadas passar-se-iam a chamar de Loge (termo
germânico de laubja) ou Lodge (palavra bretã similar), ambas
significando, na origem, cabana ou taberna com folhagem. O Corpo Central
seria a Grande Loja ou Grande Dieta, com sede em York.
Assim se reunia o Saber das Construções, como o
mito milenar também nos diz que o fez Numa Pompilius, o segundo Rei de
Roma, fundador dos Colégios Romanos dos Construtores, os Collegia
Pificum, herdeiros do Conhecimento do Mundo Antigo, chegados à Grande Bretanha com o
Imperador Adriano, fixando-se alguns Colegiais Romanos na região
de York. Poder-se-ia também dizer que o Construtores da Pirâmides do
Egipto, dos Maias ou dos Cromeleques de Évora (Almendres) eram «maçons».
Muitas são as opiniões sobre as origens da Franco-Maçonaria, sendo a
mais conhecida a que se liga aos tempos e Templo do Rei Salomão.
Basta saber-se sematologia (hoje quase proibida no
ensino) para encontrar na palavra comitium o conceito de Forum de
Roma, no lugar de Campo Marcio ou o Anfiteatro de Esparta, a Assembleia
do Povo, semente da Assembleia Geral da Grande Loja de York. Basta
encontrar na palavra conventus a base funcional de Roma, dos
municípios à justiça, das reuniões às decisões, as quais se de segredo
emanavam o seu commissum, terminavam sempre em «cadeia de união»
ou conventus peractis, conceito igual para a conjunção dos astros
e da união dos átomos, como na romã ou cópula carnal. Hoje as convenções
e os comícios estão longe dos Conventos, lugar, então, onde as Guildas
se acolheram, face aos seus commissum edificantes, algumas vezes
passados à redacção hermética pelos Monges. Hoje os Congressos Maçónicos
já perderam a honra de se chamarem de Conventos Maçónicos, lugar de
troca de Saberes.
Assim tivemos o auge do Românico, assim nascia o
Gótico, com um importante Pilar Simbólico, em 1151, com Mestres Maçons
Arquitectos Escoceses, sendo seu Grão-Mestre o Marquês de Pembroke,
levantando-se o Convento ou Abadia de Kilwinning, Templo que os
Cavaleiros Templários, em 1313, com o Rei Roberto I da Escócia irão
plasmar na Grande Loja d’Heredon de Kilwinning ou Grande Loja de York
como já era conhecida, onde pareciam fundir-se os Saberes Romano-Celtas
e Odínico-Cristãos. Era um novo Templo, mas tão místico com se fosse
erguido em Luxor.
Portugal
também tinha a sua Construção, polarizada em Tomar e em escassas Abadias
ou Conventos. Vieram depois os Mestres da Grande Loja de York, com o
casamento da inglesa e rainha D. Filipa de Lencastre com D. João I,
querendo acabar a Abóbada de Mestre Afonso Domingues, esse Arquétipo
inicial da Grande Loja Regular de Portugal substituído por um General
sem ética e valor militar (Gomes Freire de Andrade) que de Construtor
Maçónico só tem um papel a dizer que o foi, «roubando» a mulher casada a
um camarada, inadmissível então, moralmente, na sua Instituição.
Não fossem os Grão-Mestres da Ordem de Malta e
demais Cavaleiros do Templo, nos finais do séc. XV em Inglaterra, terem
protectorado a Grande Loja de York, face aos reinados de perseguição dos
Reis Henriques VI e VII (tal como de outro modo fizeram D. Manuel I e
D.João III, em Portugal) e depois com Isabel I, jamais, com os Reis
ingleses seguintes, se teria aberto a Construção dos Arquitectos, em
1641, aos Mestres Livres e Aceites, embora tal abertura fosse mais
ancestral, na Geometria do Conhecimento, ou designada, similarmente, de
Teórica ou Especulativa, porque em Espelho (Speculum) com a Operativa.
Esta realidade tornada confusão intencional no séc.
XVIII, ainda hoje em vigor, mas documentada, em contrário, nos
Manuscritos Maçónicos dos Arquitectos, chegando aos nossos dias no
Manuscrito de Cooke, do séc. XV, desde 1859 no British Museum, subverte
toda a Tradição Iniciática, porque faz crer uma distinção entre vias
Operativas e Especulativas, sem nexo ou realidade.
Ficaria como símbolo de Mestria da Arquitectura, a
Loja Antiguidade que viria, por último, a levantar a Catedral de
São Paulo, em Londres. Em 1703, o seu Venerável Mestre, impotente para
preservar a Arquitectura dos Mestres, decreta que os privilégios dos
seus Saberes são extintos e
abertos a todas as profissões. Iria nascer desta decisão uma nova
Maçonaria na Inglaterra, em 1717, mas as várias Lodges of Yorkshire
uniram-se e, em 1725, fundaram The Grand Lodge of all England-held at
York, dela hoje restando o Rito de York, mas longe, nos seus
Rituais, de figurarem muitos Saberes ancestrais.
A 24 de Junho de 1717 nasce uma nova
Franco-Maçonaria, assente numa aberração Iniciática criada pelos
“Modernos”, depressa transformada em areópago religioso e político,
contaminando todo o ideal da Construção Maçónica, com Constituições
assentes nas fraudes documentais de Anderson e Desaguliers, cujo 1º
Grão-Mestre, Anthony Sayer (1672-1742), morre pobre e à esmola dos
“Antigos”, originando polaridades de resistência e novas Grandes Lojas,
como a destes “Antigos”, tudo se enredando em partidários de causas de
sucessões dinásticas e numa Guerra de Sete Anos, a nível da Europa, de
1756 a 1763, deixando uma desunião fraterna de orangistas, stuartistas e
jacobinistas, para além dos ódios dos ramos do cristianismo infiltrados
na Maçonaria, depressa alargados, nos séc. XIX e XX a teorias de
perseguição judaica e jesuíta, sendo disso exemplo, em Portugal, o
erguer-se a Estátua a Marquês de Pombal, porque tudo estava minado de
jesuítas, de novo.
É todo um
historial inicial de mais de 100 anos, até surgir em 1813 a Grande Loja
Unida de Inglaterra (GLUI), mas que de facto originou uma
Franco-Maçonaria Especulativa, porque continuando a derivar do termo
Espelho ou Speculum, assentava
agora em muitos «espelhos narcisistas», com múltiplas Obediências por
país, de Ritos e mais Ritos, de dissidências em dissidências, minadas
por ideologias, obrigando, uma vez mais, os verdadeiros Iniciados dos
Mistérios a preservarem os Saberes, face à decadência dos taumaturgos,
evitando a Spelunca, ou a escória da Gruta, palavra chamada Specus,
verdadeiramente Iniciática e associada à Geometria Sagrada Operativa, a
qual, em finais do século XX, construía o aeroporto de Osaka, no Japão.
Hoje não se constroem Catedrais Iniciáticas. Disse
um Venerável Mestre francês, Jean Baylot, a 29 de Outubro de 1964, ao
ser Consagrada a sua Loja Villar de Honnecourt (Loja de Pesquisa) da
GLNF, com o n.º. 81 que “... Ele
compôs os nossos Símbolos. Seu nome, daqui por diante o nosso, está
escrito por sua própria caligrafia. O Emblema da Loja é, com efeito, uma
reprodução do seu Labirinto...e a Jóia, a bela figura da Águia
que o Mestre tinha desenhado.” Este Mestre Arquitecto do séc. XIII,
das Catedrais Notre-Dame, abria o seu Livro Album dizendo que
aqui se encontra a Grande
Sabedoria da Grande Força da
Franco-Maçonaria.
Esta Força
medieval, não de jogos de interesses nem de tráfico de influências,
tornava o verdadeiro arquitecto num Mestre e vice-versa, como aconteceu
no Aqueduto das Águas Livres, em Lisboa, praticamente «ileso» no
terramoto de 1755.
Mestre é sempre o que ensina uma Arte e uma
Ciência. A Mestria dos Mestres de hoje não é semelhante a um Terceiro
Grau Operativo, como demonstrariam os verdadeiros Old Charges se
não tivessem sido queimados pelos novos Irmãos Maçons em 1720
(felizmente algo reconstituídos pela Loja
Quator Coronati e pelo historiador Hughan), mas sim um Terceiro Grau
Especulativo ou Simbólico, longe de ter sido Iniciático, só o sendo para
os Mestres Arquitectos, diferenciação conseguida na Mestria dos Mestres,
como Instalados ou não. É neste Mestre Instalado, deixando querelas
Operativas e Especulativas, polaridades Regulares e Irregulares e
disputas de Ritos, ainda hoje fonte de clivagens e de insultos, algumas
vezes traduzidos em Decretos e artigos de Comunicação Social, que nos
devemos centrar na sua formação mais exigente, como se estipulava no
Livro dos Ofícios de Etienne Boileau (1268), nos Estatutos
da Guilda dos Carpinteiros de Norwich e no Estatuto da Grande
Loja de York de 1693. Nos Mistérios Antigos, um Mestre Instalado
carecia de 21 anos de formação.
Muito das Regras Antigas, passadas a landmarks
no Livro das Constituições de Anderson foram prevertidas, criando-se
ghettos de racismo e de sexo, perpetuando-se a escravatura dos povos, a
pena de morte e o voto masculino na política, temendo-se assustar a
Nobreza, toda ela, empoeirada nos Grandes Mestrados e seguida da
burguesia enriquecida.
A fantochada eleitoral francesa criada a 7 de
Abril de 1773, pelo Duque de Chartres, de se eleger um Venerável Mestre
anualmente, ainda hoje em vigor, ainda que seja passível de recondução,
mas agora transformado em ser descartável nas Grandes Lojas, não
permitiu e nem irá permitir evoluir-se no aperfeiçoamento Iniciático,
sendo paupérrima a Instrução. A velocidade de formação nos 3 Graus de
Aprendiz, Companheiro e Mestre é uma autêntica vergonha na
Franco-Maçonaria, sem Pranchas de qualidade e com Veneráveis Mestres
«proveta», porque o que interessa é o dinheiro que rendem ao serem
instalados (quantos mais melhor) e o critério é idêntico para subir
depressa nos «Graus» dos diversos Ritos.
A continuar fazendo-se fornadas de Veneráveis
Mestres, jamais haverá um Grão Mestrado de prestígio, pois será sempre
dos bons Mestres Instalados, não volatizados ao fim de um ano, que uma
Assembleia de Grande Loja proporá os seus Grandes Oficiais.
A prática oligárquica de ser o Grão-Mestre de uma
Obediência a nomear os Grandes Oficiais é uma aberração Iniciática,
consolidada pelo Duque de Sussex, face à cedência do Duque de Kent,
aquando do Act of Union, em
1813, que deu origem à Grande Loja Unida de Inglaterra. Tal postura, no
entanto, já vinha de França, também. Após a morte, em 1743, do único
Grão-Mestre Geral e Perpétuo dos Mações de França, Duque de
Antin, eleito em Assembleia Geral de 24 de Junho de 1738, dando origem
plena à Grande Loja de França (designação oficial em 1756), o seu
sucessor, Conde de Clermont, homem de afazeres, bailarinas e sexo,
nomeia a seu belo prazer os seus substitutos, gerando desordem e cisões.
O caos Maçónico em França prossegue até 1772, mas a vontade de mudança,
ao criar-se a 9 de Março de 1773, a Grande Loja Nacional de França
(GLNF), logo vertida a 22 de Outubro em Grande Oriente de França (GOF),
não é mais feliz. Como Grão-Mestre é escolhido um nome pomposo,
ignorante dos hábitos maçónicos, o Duque de Chartres. O medo de
Veneráveis Mestres qualificados, na altura e antes vitalícios, assustava
os maus Grão-Mestres, como ainda sucede hoje. Quanto maior é a
incompetência maior é a ilusão do poder.
Talvez que a má tradição tenha de ser mudada
hoje, sob pena do desprestígio e da corrupção continuarem a espalhar-se
entre as Obediências onde existem alguns degradantes Grão-Mestres sem
ética e valores, inchados como «rãs» nas suas lantejoulas sem qualquer
formação adequada, violando muitas normas de direitos, liberdades e
garantias da sociedade, amedrontando quem lhes faça frente.
Podemos assistir, hoje, a um triste espectáculo
eleitoral, sem base iniciática e desvirtuada para dois anos de cargo,
para a função de Grão-Mestre, mas, felizmente, estamos longe dos
escândalos dos Grão-Mestres Duques de França, amantes de bailarinas e de
Mestres Barões homossexuais, envolvidos em pedofilias. Muitos
historiadores e investigadores da Gesta Maçónica estão convictos que a
Primeira Bula contra a Franco-Maçonaria, decretada pelo Papa Clemente
XII In Eminente, em 1738, mais não é que um acumular de intrigas
e escândalos de corrupção e sexo, desde exilados em Roma, aos devaneios
da nobreza Maçónica, tendo como causa próxima o comportamento
homossexual do Barão Stosch, ligado à Loja de Florença, terra do Papa
Clemente XII e ao seu sobrinho e secretário Cardeal Corsini.
O imaginário propagandeado pelo rei Filipe IV, o
Belo, aquando da extinção da Ordem do Templo, em França, quanto às suas
práticas e vícios alegados de sodomia, tomava de novo forma, dando,
depois, origem a novas Bulas Papais face ao anticristianismo primário de
algumas Obediências Maçónicas, verdadeiros escândalos de todos nós
conhecidos, bastando dar exemplo do Combismo francês originando o corte
de relações Maçónicas da GLUI com o GOF, pela mão do seu Grão-Mestre, o
futuro Rei Eduardo VII. O fruto positivo desta perseguição cristã, quase
guerra santa, foi o reerguer, em 1913, em França, do Rito Escocês
Rectificado que havia sido implodido pelo seu fundador, Willermoz, homem
que destruiu a sua família, nada fez por salvar um irmão da guilhotina e
acabou, sozinho, com o seu sobrinho, fazendo rituais fabulosos que hoje
a Grande Loja Regular de Portugal ainda os destrói mais.
Muitas destas posturas e desvirtuamento Iniciático levariam à
perda de faculdades dos Mestres. Há milhares de anos e durante séculos,
era um poder Sagrado Iniciático reconhecer-se um ser já Iniciado, uma
faculdade que raros Padrinhos e Grão-Mestres podiam ter, mas que a GLNF
há muito erradicou da sua Constituição, a tradição da Iniciação por
Visão, hoje dita “direito à
vista”, nem sequer aplicada na escolha de Mozart ou mesmo reconhecida,
por muitos, ainda hoje, em Cristo, efectivamente, também, um verdadeiro
Sumo-sacerdote.
Sente-se, hoje, veladamente, uma animosidade geral
perante os rituais Templários de raiz cristã, nomeadamente em Portugal,
fruto talvez do seu pensamento Maçónico dos últimos 250 anos, mais
seguidor do Duque de Sussex, em detrimento do Duque de Kent, nas
correntes lavrantes do Act of Union de 1813, como se nem tivéssemos tido
a Ordem do Templo e de Cristo, ou Maçonaria de Construção para levantar
Sés, Conventos, Abadias e Mosteiros.
Se a Inquisição com D. João V, o absolutismo do
Marquês de Pombal, as perseguições inquisitoriais e policiais de Pina
Manique, não permitiram importar e ramificar as diferentes vias
Maçónicas Europeias em Portugal até ao séc. XIX, não houve coragem
histórica de erguer o nosso passado Iniciático, mesmo o que já era
ligado à Grande Loja de York, por ser o Primeiro Rito vindo nas
“Fragatas Inglesas” do séc. XVIII. Tudo vai passar-se, tardiamente, logo
após os Generais Maçons Franceses e Ingleses desistirem de colonizarem o
pensamento e o país. Vejamos o principal rol de Associações Maçónicas:
- Grande Oriente Lusitano, Maçonaria do Sul
(Saldanha), Maçonaria do Norte (Passos Manuel), Grande Loja
Provincial do Oriente Irlandês, Grande Oriente do Rito Escocês,
Confederação Maçónica Portuguesa, Grande Loja Portuguesa,
Confederação Maçónica, Grande Loja dos Antigos Maçons Livres e
Aceites de Portugal e Grande Oriente Portugal.
- Grémio Luso-Escocês (Supremo Conselho do 33º Grau
R.E.A.A.).
Os Ritos Maçónicos do séc. XVIII e XIX, em
Portugal, eram os seguintes, com as datas iniciais de implantação:
Simbólico Regular (1727), York (1727), Adopção (1780), Adoniramita
(1801), Francês ou Moderno (1801), Escocês Antigo e Aceite (1837) e
Eclético Lusitano (1853).
Fazer crer que a Franco-Maçonaria Especulativa se
originou em 1717, em 4 Lojas de Taberna, originando a Grande Loja de
Londres, é colaborar no seu próprio embuste. A visibilidade Especulativa
começa a surgir na Escócia nos finais do séc. XVI, pela lendária mão de
William Shaw, Mestre-em-Chefe dos Masons, ou se quisermos
Grão-Mestre das Obras do Rei. Dito de outro modo, a Guilda dos Mestres
«apagava-se» em relação à Loja dos Mestres, duas realidades paralelas e
complementares, com hierarquias próprias. Começava a acentuar-se a
pesquisa da Proto-História da Maçonaria, impossível que é para o ser
humano lavrar a sua Pré-História. Este impulso da Escócia é sequente ao
motor do Renascimento, onde, em Roma, Luca Paccioli elabora o Tratado
Divina Proporção, datado de 1498, um dos frutos da Academia de
Florença, ressuscitando a gnose cristã e os Saberes do Mundo Antigo, bem
conhecidos dos Construtores das Catedrais e dos Cavaleiros do Templo,
onde Iniciação é retorno ao Princípio do Ser Humano, simbolizado em Adão
imaterial, sem Corpo Físico. Assim somamos mais 4000 anos.
O melhor resumo da Franco-Maçonaria em Portugal, da
autoria do já falecido Dr. Raul Rego do Grande Oriente Lusitano, foi
publicado como anexo ao livro de Paul Naudon
A Franco-Maçonaria editado
pelas Publicações Europa-América. Do seu texto extrai-se a seguinte
passagem: A primeira notícia sobre
a existência da Maçonaria em Portugal temo-la nos Arquivos da
Inquisição. Nem podia deixar de ser; ela espiolhava tudo. Temos notícia
de duas lojas, em 1733, uma frequentada por católicos e outra por
protestantes…Quer dizer que a Maçonaria nasceu em Portugal nas barbas
dos Inquisidores, por nela se contarem nada menos de quatro padres
dominicanos, exactamente da Ordem que cuidava da pureza da fé e dos
costumes e que dominava a Inquisição. Nasceu paredes meias com os
dominicanos do Corpo Santo, à Travessa dos Remolares. Só lhes faltou
nascer à sombra do Estaus, alimentada por familiares dos dominicanos do
Rossio ou da Igreja de S. Domingos…A loja católica chamava-se Casa Real
dois Franco-Maçãos da Lusitânia. Reunia-se nas primeiras quartas-feiras
de cada mês…
Seria hoje muito útil que alguns pseudo sábios
sobre Franco-Maçonaria lessem este livro, bem como outros de vários
quadrantes para não assistirmos a um desfilar de inverdades sobre uma
Instituição Sagrada que não nasceu em 1717 nem eu próprio sei em que
Árvore da Vida assentam as
suas raízes. Termino com a leitura de um «verso» de livro cujo autor nem
sei se era da Franco-Maçonaria:
Saber do Canto X dos Lusíadas, de
Luís Vaz de Camões, sobre a Verdade da Máquina do Mundo e do seu Grande
Arquitecto do Universo:
Vês aqui a grande máquina do
mundo,
Etérea, e elemental, que
fabricada
Assim foi do saber alto, e
profundo,
Que é sem princípio, e meta
limitada.
Quem cerca em redor este rotundo
Globo, e sua superfície tão
limitada,
É Deus: mas o que é Deus, ninguém
o entende;
Que a tanto o engenho humano não
se estende.
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