NOTAS SOBRE S. JORGE - EDUARDO AROSO

Embora sejam acontecimentos de séculos passados (mas a VIDA contém todos os tempos!), não resisto à curiosidade de “juntar uns cordelinhos” sobre S. Jorge, já que este nome, não se sabe porquê, veio ter connosco...

O que representará esta misteriosa figura na História de Portugal e quiçá mundial? Comecemos por este pormenor, referido em Dicionário de Santos de Donald Attwater (publicações Europa-América), pág. 249: «Pode ter sido nomeado padroeiro nacional [Reino Unido] quando o rei Eduardo III fundou a Ordem da Jarreteira sob a sua protecção, c. 1348». Ora, nós sabemos que a alusão a esta Ordem encima a célebre Janela do Capítulo do Convento de Cristo em Tomar, verdadeiro teclado simbólico e universal da não menos misteriosa “gramática das Descobertas”. Assim, a nossa tradicional aliança com a Inglaterra não terá por padrinho secreto alguém como S. Jorge? Que papel decisivo terá tido esta figura na nossa História, isto é, no nosso Destino?

Tudo leva a crer estar associado ao mais decisivo momento da vida portuguesa que é a Aljubarrota. A este propósito vejamos o que nos diz Agostinho da Silva na quiçá mais importante das suas obras, Reflexão: «...vejo eu Aljubarrota como a maior batalha histórica, a par daquela outra em que Constantino venceu Justiniano. Não apenas por isso, no entanto. Mas igualmente porque é só em Portugal que as outras nações da Península podem ver uma esperança e um ponto de apoio para uma futura liberdade».

A velha aliança de Portugal com a Inglaterra, o aparecimento de D. Filipa de Lencastre em Portugal - mãe da Inclita Geração, daquela inigualável Dinastia de Aviz – e o destino de Portugal em Aljubarrota, onde se diz ter chamado por S. Jorge, nada disto terá sido acaso. Ainda hoje existe a terrinha chamada S. Jorge.

Na página 150 de História Misteriosa de Portugal (ed. Pergaminho) de Victor Mendanha, lemos: «conduzidos por Nun’Álvares bradavam, invocando: - S. Jorge por Portugal. S. Jorge por Portugal...». Se a figura de S. Jorge está (?) nos corredores secretos da Rosacruz, então não será difícil ver a ligação com Nun’Álvares. Aliás esta misteriosa figura de santo e guerreiro (palavras que se poderiam traduzir por coração e mente, se entendermos a palavra guerreiro no melhor sentido) está ligada à secretíssima Ordem de Mariz, que, segundo alguns, sabe o porquê da existência de Portugal.

Na página 123 de História Oculta de Portugal (ed. Madras S. Paulo) de Vitor Manuel Adrião, lemos: «Nuno Álvares Pereira é o Intermediário entre a Terra e o Céu, a expressão humana da Shekinah e assim possuindo atributo idêntico ao tibetano Tulku, isto é, “Veículo de uma Presença Superior”. É o Pontífice Eleito, conforme indica a etimologia da palavra, interpretada por S. Bernardo como “ponte entre Deus e o Homem”. Tal qual como S. Miguel, o Grande Pontífice é Príncipe de Clemência (o Monge) e Príncipe de Justiça ( o Guerreiro)».

Na página 121 pode ler-se: «Quase um ano após a Batalha de Aljubarrota (1385), firma-se a Aliança Gaélica Portugal-Inglaterra, cujo Tratado de Windsor será confirmado nas Cortes de Coimbra em 1386, pelo reconhecimento dos acordos estabelecidos no ano transacto. Disto todos sabem mas, na razão profunda, afinal qual seria a intenção velada, todavia audaz e ampla, das Ordens de Aviz e de Cristo em se unirem à da Jarreteira dos Lencastres britânicos, por cujas veias corria a mais fina essência da Linhagem Arturiana?»

Por outro lado o Infante D. Henrique fundara a Ordem do Cardo, uma réplica da Ordem da Jarreteira. Porquê esta espécie de “sucursal” no início de uma dinastia que iria acelerar extraordinariamente a gesta das Descobertas?

Pessoa deve ter compreendido boa parte desta questão, a julgar pelo modo como a enfatiza em Mensagem. E melhor do que as minhas, é melhor ficarmos com as palavras do poeta, ao mesmo tempo fazendo a pergunta : - Que sentido fará tudo isto com S. Jorge? Cada um responda por si.

D. Filipa de Lencastre
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Que enigma havia em teu seio
Que só génios concebia?
Que arcanjo teus sonhos veio
Velar, maternos, um dia?

Nun’ Álvares Pereira
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Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.