RUI TINOCO
levantei-me contra as
minhas portas fechadas:
não havia portas fechadas:
só palavras para estar encerrado
no interior de mim mesmo:
a solidão dos outros por dentro
do meu peito: a suposta
solidão dos outros: aproximei-me
da tua janela e ela estava
aberta:
escondida na sombra da
resposta: eu, às voltas com
as perguntas, nem sempre
me afastei da ausência,
como devia: nem sempre
encarei as sombras como
coisas sérias que são: tudo
isto pensei, e escrevi, ao
encontrar uma foto de nós,
perdida numa gaveta, quando
há pouco estava a procurar
uma qualquer coisa:
Rui Tinoco, poeta, psicólogo bracarense a viver no Porto, dispersou vários poemas e outros textos literários em diversas revistas materiais e electrónicas. Em 2011 publicou o seu primeiro livro de poesia intitulado O Segundo Aceno. Em 2013 veio a lume o projeto Era Uma Vez o Branco. Seguiu-se a obra a quatro mãos Causas da Decadência de um Povo no seu Lar (2015). Seguiu-se A Mão Heteronómica (2017). No mesmo ano veio a lume a teoria do verso em rosebud. Mantém os blogues Ladrão de Torradas e Psicologia, Saúde & Comunidade.