IRMA ESTOPIÑÀ
Desconfinar el cor
treure-li de les seves pedres
la pell dura
fins només quedar-n’hi
l’escama dels temps
on persistíem
presos
en l’obscur secret de la incertesa
Desconfinar el cor
deixar-ne caure els seus obstacles
com en una sensualitat de somni
fins a recordar el miracle impostor
els grans ocells
sobrecarregats
a les espatlles
El cor cau de pedra
desconfinat
intentant rebrotar
en el sentit viu d’una flor.
Desconfinar o coração
tirar das suas pedras
a pele dura
até restar a escama dos tempos
de onde nos afincávamos
presos
no escuro segredo da incerteza
Desconfinar o coração
deixar cair os seus obstáculos
numa sensualidade de sonho
até lembrar do milagre impostor
e daqueles grandes pássaros
sobrecarregados
nos ombros
O coração cai de pedra
desconfinado
tratando de rebrotar
no sentido vivo de uma flor
Irma Estopiñà nasceu em 1989, em Barcelona, mas atualmente mora em Lisboa. É licenciada em psicologia, pós-graduada em sociologia e está neste momento a cursar a especialização em Arte-Terapia. A sua poesia versa sobre a existência, a mulher, o amor, a identidade e a desconstrução y reconstrução das palavras e dos seus sentidos. Em 2011 ganhou o prémio “Picasso en lletra” do Museu Picasso de Barcelona, na categoria microconto. Realizou alguns projetos poéticos junto com amigos fotógrafos e artistas, como a exposição e recital “Punto de Mira”, em 2014. Faz voluntariado no GTT (Grupo de Teatro Terapêutico), apresenta livros e participa de eventos poéticos em Lisboa. É uma das criadoras e organizadoras da roda de poesia “Ginginha Poética”. Espiral é o seu primeiro livro editado (2019, Urutau).