LUÍS SERRANO
Não as toca o crime
nem a solidão
só o verde abrange
as frases na escrita das folhas
o rumor breve
dos cloroplastos
a cinza adiada
para outro verão
porque as árvores
são o início de tudo
nelas se arruma o espírito
se encontra o repouso
a ligação à terra
e ao céu
In: Calavam-se as Estrelas na Mágoa Daquele Inverno, 2017.
Luís Serrano nasceu em Évora em 1938. Licenciado em Ciências Geológicas (UC), foi investigador da Universidade de Aveiro de 1975 a 2001. Foi um dos fundadores da Revista de Poesia Êxodo (1961). Tem colaboração dispersa em diversas páginas literárias e nas revistas Vértice e Letras e Letras. Está também representado em várias antologias. Publicou Poemas do Tempo Incerto (Vértice, 1983), Entre Sono e Abandono (Estante Editora, 1990), As Casas Pressentidas (edição de autor, 1999 uma das obras premiadas com o Prémio Nacional Guerra Junqueiro) e Nas Colinas do Esquecimento (Campo das Letras, 2004) . Calavam-se as Estrelas na Mágoa Daquele Inverno, Chiado Editora, 2017, é o seu livro de poemas mais recente.