PAULO MENDES PINTO
Paulo Mendes Pinto é diretor da Licenciatura e do Mestrado em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, onde também dirige o Instituto Al-Muhaidib de Estudos Islâmicos.
Mestre em História e Cultura Pré-Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, desenvolve investigação sobre História das Religiões Antigas (mitologia e literaturas comparadas), Historiografia e Teoria da História e Diálogo entre as Religiões, Convívio e Cidadania. Dedica parte dos seus trabalhos a questões sobre a relação entre o Estado e as religiões.
Dirige as entrevistas «Conversas em Religião», onde regularmente se entrevistam importantes personalidades religiosas.
Foi responsável por diversos projetos na área da Ciência das Religiões. É membro do Conselho Consultivo da Associação de Professores de História.
É ivestigador da Cátedra de Estudos Sefarditas «Alberto Benveniste» da Universidade de Lisboa, onde é responsável pela revista científica Cadernos de Estudos. Colaborador regular do jornal Público, é autor ou coordenador de cerca de três dezenas de livros no campo de mais de uma centena de artigos e revistas especializadas.
Recebeu a Medalha de Ouro de Mérito Académico da Universidade Lusófona em 2013.
Mestre em História e Cultura Pré-Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, desenvolve investigação sobre História das Religiões Antigas (mitologia e literaturas comparadas), Historiografia e Teoria da História e Diálogo entre as Religiões, Convívio e Cidadania. Dedica parte dos seus trabalhos a questões sobre a relação entre o Estado e as religiões.
Dirige as entrevistas «Conversas em Religião», onde regularmente se entrevistam importantes personalidades religiosas.
Foi responsável por diversos projetos na área da Ciência das Religiões. É membro do Conselho Consultivo da Associação de Professores de História.
É ivestigador da Cátedra de Estudos Sefarditas «Alberto Benveniste» da Universidade de Lisboa, onde é responsável pela revista científica Cadernos de Estudos. Colaborador regular do jornal Público, é autor ou coordenador de cerca de três dezenas de livros no campo de mais de uma centena de artigos e revistas especializadas.
Recebeu a Medalha de Ouro de Mérito Académico da Universidade Lusófona em 2013.
In: Wook
Por estes dias, estamos todos muito empenhados em dar espaço mediático aos 75 anos de libertação do campo de concentração de Auschwitz. Contudo, as lógicas mediáticas são hoje alvo de investigação altamente especializada fruto das grandes mudanças que tomaram conta dos fenómenos de comunicação. Hoje, qualquer nosso concidadão “posta” o que quer sem os filtros, a verificação ou o contraditório que o jornalismo deveria implicar.
O mesmo indivíduo que difunde notícias falsas sobre refugiados ou imigrantes é capaz de, no mesmo dia, “postar” uma imagem de Auschwitz pedindo que “nunca mais se repita”, com o mesmo fervor com que coloca uma fotografia de um por-do-sol ou de um gatinho.
Mais que a confusão mental de conseguir fazer opções opostas, como se fossem dois indivíduos num só, parece que muitos de nós residem num campo de pensamento onde a Ética nada tem de funcional e onde apenas os instintos da escolha imediata ditam o ritmo e o lugar onde deposita os seus “likes”: numa frase bonita, num imagem da natureza, ou num discurso “nacionaleiro” de um líder radical.
Dizia há pouco tempo Noam Chomsky que a Europa parecia estar a entrar numa fase em que a vacina recebida com a tomada de consciência da brutalidade do regime nazi estava a passar de prazo. A memória dessa brutal época era já tão ténue que o negacionismo estava a ganhar terreno.
E, de facto, parece que essa tal vacina perdeu a validade quando vemos o uso de símbolos nazis ou, como recentemente num comício do Chega, alguém a fazer a saudação nazi enquanto o Hino Nacional é cantado.
Há poucos dias, a 28 de Janeiro, André Ventura publicou nas redes sociais uma abjecta frase sobre a deputada Joacine Moreira, sugerindo que ela fosse “devolvida ao seu país de origem”.
Numa época em que a globalização parece levar todos a toda a parte, há que gritar bem alto que este fenómeno de migrações, de movimentos populacionais e culturais não é em nada novo. Já há centenas de anos que em Lisboa viviam mais negros, judeus e muçulmanos que “brancos”. Como imaginamos nós que fosse a população de Lisboa em meados do século XVI, o século das glórias marítimas?
Ora, a ignorância grassa pelas nossas televisões, pelos produtos mediáticos que se consomem. Mas, fundamentalmente, a ignorância vive fecundamente nos programas e nos manuais escolares. Multiplicamos o não saber como quem se anestesia de uma dor que não consegue identificar e que se pretende esquecer, ou nem sequer dar por ela. Ano após ano, vamos lançando nas ruas cidadãos que de cidadania nada imaginam a não ser o direito de gritar uns com os outros quando o seu clube de futebol joga.
Sim, a tal vacina de que Chomsky falava parece ter já passado de validade.
Sol , Lisboa, 1.2.2010