Da caligrafia impossível

 

ANTÓNIO BARROS


Da Caligrafia impossível é uma viagem no alfabeto durante a Primeira Guerra Mundial Pandémica onde quatro pensadores no além encontram-se na quadratura da mesa. As letras encontradas resultam de uma revisitação de vivenciações antes geradas em programas que convocaram leitura de obras diversas. Ruben A antes apresentado na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, hoje a letra A pode ser re_lida no CADC em Coimbra, à Couraça de Lisboa. Zygmunt Bauman, antes enunciado formalmente em “Alvoro” no MUDAS_Museu, hoje integra a peça escultórica original, retrato, a colecção deste museu no mar Atlântico, dá-nos a letra B. O retrato de Albert Camus, a letra C, foi gerado com publicação na revista Mediapolis da FLUC. Herberto Helder, letra H, esteve a escultura_retrato no CAAA_Guimarães e no MUDAS_Museu, e terá publicação em “Vulcânico PaLavrador_Elegia a António Aragão” em 2021. De pé, a letra P, de Fernando Pessoa, surge na peça “África_uma lágrima de Amália com P de Portugal ao fundo”, surge apresentada na Galeria António Prates, Lisboa. Há quem leia a lágrima P, de Amália, hoje no seu centenário de nascimento, como uma resolução de luto às vítimas pandémicas, P de pandemia, e ao P de planeta. Planeta que os quatro à mesa _ A+B+C+H _ manifestam surpresa, ao olharem de longe, como a Humanidade deixou chegar nosso Planeta, a este estado. [Ruben sopra ao ouvido de Helder que Humanidade é o tema da Semana Cultural da Universidade de Coimbra na edição de 2021, e está reunindo propostas_manifesto].
Humanidade _ reinventando-a no pós-guerra, urge. Urge fazer da fraqueza uma força como nos enuncia Paul Valéry em “Alfabeto”.
Da Caligrafia impossível, ao dizer que as letras já não são capazes de dizer palavras bastantes, obriga o gesto. Gestos. Progestos. Atitudes assertivas. Artitudes. 

_Salvar o que dita a letra P. Todas as letras. Alfabetizando.

Da Caligrafia impossível, 2020, António Barros