NUNO GONÇALVES RODRIGUES
- Catarina Henriqueta nasceu no Paço Ducal de Vila Viçosa a 25 de Novembro de 1638 – dia de Santa Catarina de Alexandria e daí a origem de seu nome – em plena União Ibérica – reinava Filipe III (1605-1665), “o Grande” e “o Rei Planeta” – por isso era nobre mas não infanta como muitos pensam, uma vez que, seu pai D. João (1604-1656) era à época o 8º Duque de Bragança e sua mãe D. Luísa Francisca de Gusmão e Sandoval (1613-1666) também era filha de um Duque espanhol.
Foi irmã dos reis D. Afonso VI (1643-1683), “o Vitorioso” e D. Pedro II (1648-1706), “o Pacífico”.
Quando a independência de Portugal foi consumada a 1 de Dezembro de 1640, seu pai torna-se no rei D. João IV, “o Restaurador” e D. Catarina sendo agora filha de reis tem de acatar o que o futuro lhe traga a bem do reino português, ou seja, uma princesa que se iria casar para assegurar os interesses nacionais.
Logo aos oito anos de idade começaram as “negociações” com vários reinos mas acabaria por ser a mãe em 1661 – à data já viúva e Regente de Portugal, dado que, o futuro D. Afonso VI era menor, a celebrar o acordo com a Inglaterra para o seu casamento com D. Carlos II (1630-1685), Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1660 a 1685.
A 18 de Agosto de 1661 D. Luísa viu o contrato nupcial ser aprovado pelo Conselho de Estado em que Portugal ficou obrigado, para desgosto popular, a entregar a cidade marroquina de Tânger e Bombaim (atual Mumbai) na Índia e a pagar 2 milhões de cruzados aos ingleses.
Este foi um casamento estratégico porque necessitávamos de consolidar a nossa independência que só foi reconhecida por Espanha em 1668.
- Catarina chegou a Portsmouth (Inglaterra) a 14 de Maio de 1662. Casou-se numa cerimónia católica em segredo e numa anglicana com pompa e circunstância para os populares assistirem a 21 de Maio desse ano.
Apesar de ser rainha consorte nunca foi coroada por ser católica e foi sempre alvo de intrigas devido à sua religião.
Infelizmente para D. Catarina (que sofreu três abortos) não conseguiu dar um herdeiro oficial à Inglaterra enquanto o rei ia acumulando vários filhos bastardos.
Há uma doutrina que a reclama como autora de vários hábitos na corte inglesa e que mais tarde iriam ser transmitidos à população em geral, tais como, o tabaco, a geleia de laranja, o hábito de beber chá (o famoso chá das 5) a utilização de talheres e dos pratos de porcelana uma vez que os usados eram de ouro e prata e faziam a comida arrefecesse mais depressa.
“(…) Reza a lenda que quando a infanta foi ao encontro do seu noivo com folhas de chá na bagagem, na caixa estaria inscrito “Transporte de Ervas Aromáticas”, palavras que foram abreviadas para T.E.A, resultando na tradução para chá em inglês. No entanto, etimologistas acreditam que a palavra “chá” provém de uma transliteração de um caractere chinês.” in NatGeo.
O famoso bairro de Queens em Nova Iorque foi assim batizado em sua homenagem.
Amante da cultura foi por sua iniciativa que a primeira ópera italiana atuou na Inglaterra.
Ditou a moda ao substituir as máscaras de passeio por leques.
Apesar de ter ficado viúva a 16 de Fevereiro de 1685 não abandonou de imediato a Inglaterra passando lá vários anos.
Aquando do regresso a Portugal em 1693 teve direito a três dias de festa e ficou a habitar em Lisboa, no Palácio da Bemposta (hoje conhecido como da Rainha) onde faleceu a 31 de Dezembro de 1705 aos 67 anos.
Inicialmente sepultada nas Igreja dos Jerónimos foi trasladada no século XIX para o Panteão Real da Dinastia de Bragança no Mosteiro de São Vicente de Fora onde também podemos apreciar três dos seus retratos.
Uma rainha que sacrificou a sua felicidade em prol do seu país e que já em pleno século XXI não lhe prestou oficialmente as mais que devidas homenagens.
Na imagem para além de D. Catarina podemos no lado direito ver o Dragão que é o símbolo da Casa de Bragança.
Nuno Gonçalves Rodrigues (2022)