FÁTIMA ÁLVARES
A pintura de Fátima Álvares
Por Maria de Santa Cruz

f.a. tem marca reconhecível. A modéstia recolhe-se, longe do corredor de espelhos.  

Cor: Da terra, a seiva e a nervura. O instante, átimo da eternidade nas cores da juventude. O infinito emoldurado que nos cabe. Uma crista da onda; do vulcão apenas o rubor. A tentação do branco, a inalcançável, cinza de luto e claridade. A Cor interrompida, moldura que ameaça o limite feminino, fé, ecos de Fá menor aprisionando o céu, o mar. Da Árvore, o pormenor. Aguarela de cuidado, dedicação, muita firmeza.  

Geo-metria: Textura do universo próprio, depurado. Não há do humano o rasto da destruição, não há seres vivos para além da grande Natureza aprisionada. E a mão que imaginamos. Transparente. Ramos, troncos com folhas, sem flor nem fruto nem arilo. A aricar ervas daninhas. Vencendo o langor de Ilhoa: muitas águas de cor e solidão cercando a natureza imanente. 

Género: Enquadrado, esbanja-se o feminino na minúcia da desperdiçada Árvore onde se escondem múltiplos espíritos fora do tempo e do lugar. Raízes, tronco e folhas esperando a Queimada total. A Árvore. Seminada e erecta. Ilhada mas erguida. Morrendo-se. De pé, ainda muito VIVA.

 

msc

Açoriana por nascimento e lisboeta por adopção, Fátima Álvares (f.a.) tem-se dedicado à arte, desenhando a carvão desde a juventude  e mais recentemente aderindo à pintura (aguarela, que apresentou na mostra «Da Terra», no Cofre da Previdência, em Lisboa, e acrílico e aguarela que agora expõe em «da terra da água» na Biblioteca da Junta de Freguesia de S. Mamede, também em Lisboa). Os temas que a motivam provêm do  enamoramento e permanente respeito pela Natureza, fonte perene de Vida,   em que a água e a árvore se cruzam, como memória da sua  ilha Terceira .