Duas novas publicações da revista Bicicleta,
um projeto Mandrágora. De excelente visual, a revista é bastante
provocatória e apresenta efeitos literários e gráficos inesperados.
O responsável pelo grafismo é Manuel Almeida e Sousa, o director é
Bruno Vilão. Anexo ao número 10, com textos e imagens de vários
autores, abaixo mencionados, edita-se «Frankenstein em Lisboa», uma
obra teatral de Victor Belém, responsável ainda pelos desenhos e
imagens. |
de 1979 até hoje, os anos passaram sobre
mandrágora – a associação cultural nascida em cascais – 30. quase 31
anos.
para assinalar o aniversário (ainda que tarde), foi mandado lavrar
um fascículo – “BICICLETA” – que veio
hoje a lume… saiu hoje da gráfica.
36 páginas recheadas de amigos e uma capa onde se pode ver a imagem
de uma das suas mais recentes acções performativas acompanhada de
uma frase de andré breton: “Não será o medo da loucura que nos
forçará a arrear a bandeira da imaginação”.
“bicicleta” em breve circulará de mão em mão a
disparar histórias de um percurso de vida associativa – a vida de um
projecto cujas raízes mergulham nos velhos cafés da vila de cascais
(já inexistentes).
entrementes e em paralelo, um segundo “livrinho” com um texto
dramático do pintor (também ele cascaense) victor belém. o texto que
deu corpo ao segundo espectáculo de MANDRÀGORA – “frankenstein em
lisboa”.
em “bicicleta” (número 10 – III série), os
depoimentos de: bruno vilão (presidente da associação), floriano
martins e renato suttana (brasil), vitor cardeira, nicolau saião,
miguel meira, fernando rebelo, fernando aguiar, joaquim simões, inês
ramos, fernando faria, gonçalo mattos e manuel almeida e sousa (portugal),
manuel maciá, antónio goméz, yolanda pérez herrera, javier seco e
pedro sevylla de juana (espanha).
escreve (em jeito de editorial) bruno vilão: ” Mandrágora tem
folhas. Folhas escritas. Tem raízes na cultura portuguesa que não
estão assentes na terra. Estão inscritas no ar, a tinta de fogo,
sublinhadas a chamas de água… amontoado de cadáveres esquisitos.
Mandrágora caminha descalça por paisagens oníricas e por oásis
esquecidos pela voragem do tempo. Mandrágora não perde o Norte,
porque nunca o teve, e lança-se à sorte. Mandrágora fecha as
pestanas para abrir a mente e grita em espasmos continuamente
descontínuos.
Mandrágora tem ondas de furor invisíveis ao tacto, apenas audíveis
nos corredores do abstracto. Mandrágora dança numa Lua fechada à
chave, onde o curso da chuva é ascendente e onde as ideias são uma
ténue neblina que nos conforta os pés.
Mandrágora não se escreve. Inscreve-se algures em nenhures, perdida
no tempo, encontrada a espaços. Chamem-lhe utópica. Chamem-lhe
culturalmente devassa. Chamem-lhe poeticamente difusa. Mandrágora
agradece.”
e antónio gomez (uma referência no campo da poesia visual espanhola)
diz: “Hace más de 40 años la curiosidad juvenil hizo que al saber la
existencia de la mandrágora y sus propiedades, me preocupara en
buscar información sobre esta planta. Poca pude conseguir, en mi
ciudad solo contábamos con una biblioteca y salvo la descripción de
la planta, sus propiedades y alguna leyenda relacionada con ella no
encontré más información.
Pasados muchos años y olvidada esta anécdota la casualidad hace que
conozca una mandrágora portuguesa, de Cascais. Una mandrágora tan
potente que crea adicción, desde ese momento soy un adicto a
Mandrágora y todo lo que este colectivo genera.
Salud y larga vida a Mandrágora.” |