As pedras não falam, não escrevem. Nem parecem precisar de seja lá o que for. É a Humanidade quem, ao longo dos tempos, nelas tem inscrito símbolos, por vezes até desprovidos de uma inteligência acima do elementar. Eu limito-me a fotografá-las para um posterior prolongamento das introspecções que me suscitam e, também, para uma melhor ilusão — reconheço — de compreensão da sua essência. Aos outros deixo as palavras, as explicações, as definições.

  Para nós, comuns mortais, a idade real das pedras não é mensurável pelo tempo geológico, mas antes pela acção da Natureza e do Homem — este é o princípio orientador da reflexão fotográfica sobre o mármore que proponho nesta mostra.

 Sem fazer distinção entre alabastro, rosa ou qualquer outro, o objectivo último é o de mostrar a textura do mármore da região de Estremoz numa série de fotos que recorrem a diversos elementos gráficos.

José Cartaxo

(Exposição patente durante Maio na cidade de Estremoz. As fotografias estarão espalhadas pela urbe, nomeadamente: dependuradas das árvores do Largo Central, penduradas nos candeeiros públicos, coladas nas paredes, etc. numa manifestação amplamente petrificante…

Vale sempre a pena visitar a cidade do montado, que também foi durante um bom lapso de tempo a pátria chica de Sebastião da Gama – que também lá deixou o nome inscrito em pedra.- ns)