GUSTAVO DOURADO
CineCordel Apresenta: Cordel para Sérgio Ricardo . Homenagem de Gustavo Dourado
Peço aos céus inspiração
Para no tempo voltar
Louvar a Sérgio Ricardo
Compositor popular
Foi da bossa ao cordel
Fogo, terra, água e ar
No ano de trinta e dois (1932)
Sérgio Ricardo nasceu
No dia 18 de junho
Ao mundo seu grito deu
Trilhou o caminho da luz
O espaço-tempo esclareceu
Batizado João Mansur Lufti
O seu nome verdadeiro
De Marília, em São Paulo
Ecoou no mundo inteiro
Galopou pelos sertões
De Cannes ao Juazeiro
Artista belo e vistoso
Quase um galã tropical
Com a elite da Bossa-Nova
Esteve no Carnagie Hall
Artesão da Sétima Arte
Cantou bem nosso quintal
Circulou pelo Brasil afora
São Paulo, Rio de Janeiro
Santos, Brasília e Bahia
Com seu canto verdadeiro
Parceiro de Glauber Rocha
Do Cinema Novo guerreiro
Tornou-se Sérgio Ricardo
Um nome bem brasileiro
Deus voz ao Diabo Louro
Famoso no mundo inteiro
Fez o sertão estremecer
Nos passos do cangaceiro
Instrumentista afiado
No piano e no violão
Cantor e compositor
Criador de Zé Tulão
Um artista sem igual
Fez Calabouço e Zelão
Pintava o sete e o infinito
Nos números da taboada
Nos ABCs da Cantoria
No repente fez jornada
Nos versos do cordelista
Um cantador na estrada
“Deus e o Diabo na Terra do Sol”
Terra em Transe em pandemia
A virose da ignorância
Quer castrar nossa poesia
O artista na trincheira
Deu gritos de rebeldia
O Menino da Calça Branca
A Noite do Espantalho
Esse Mundo é Meu e outros
Música, cinema, trabalho
Sérgio Ricardo soube
Dar as cartas do baralho
“De parabelo na mão”
Na saga do cangaceiro
Pelo sertão do Nordeste
Repercutiu no estrangeiro
Martin Scorsese gostou
Rosário falou ligeiro
União Nacional de Estudantes:
Centro Popular de Cultura
Cinema em evidência
Cordel e Literatura
Com Gullar e Vianinha
Cinema, amor e leitura
Cantou “Beto Bom de Bola”
Record, III Festival
A vaia na “violada”
O ato temperamental
Arremessou a viola
Em performance cultural
Sérgio escreveu um livro
“Quem Quebrou o meu Violão”
“Foi ele mesmo!”. responderam
Os desafetos em ação
Em “Uma Noite em 67”
Sérgio deu a explicação
Filme “Uma Noite em 67”
Um longa documental
Renato Terra e Calil
Deram toque magistral
Cinema com maestria
De excelência cultural
A geração de Chico Buarque
Por Sérgio tinha simpatia
Respeito e admiração
Por sua verve e poesia
Nas linhas da MPB
Novo tempo se anuncia
Filme“ O Dragão da Maldade
Contra o Santo Guerreiro”
Um grande filme de Glauber
Onde Sérgio foi trilheiro
Cinema bem diferente
Sacudiu o mundo inteiro
“O Menino da Calça Branca”
Um filme bem festejado
Famoso média-metragem
No elenco mestre Ziraldo
O cinema faz reverência
Ao grande Sérgio Ricardo
Esteve no Oriente Médio
Na terra dos ancestrais
Pesquisou suas raízes
De tempos imemoriais
Origem sírio-libanesa
De Gibran e outros mais
Filmou “O Pássaro da Aldeia”
Sob o calor do oriente
Nas pegadas do deserto
Luz do sol incandescente
Na espreita das esfinges
Sob o olhares da serpente…
Filme “Esse Mundo É Meu”
Um belo longa-metragem
Antônio Pitanga em cena
Ruy Guerra fez a montagem
“Aventuras de Ripió Lacraia”:
Francisco de Assis na imagem
Dib Lutfi, o “homem tripé”
Fotógrafo de inventividade
Irmão de Sérgio Ricardo
Um ás da criatividade
Com a câmera na mão
Deu asas à Liberdade…
Dib com Sérgio Ricardo
Parceria de excelência
Com Luiz Carlos Barreto
A luz da clarividência
Os voos da fotografia
Imagens da transciência
Na trilha de Terra em Transe
A verve glauberiana
Dib em documentário
Na arte que se irmana
Derraik e Simplício Neto
Na cinemagia soberana
Dib em “A Lira do Delírio”
Walter Lima Jr em poema
Pelos céus da Sétima Arte
Família Lutfi no cinema
Sérgio Ricardo e Dib
Dupla que virou emblema
“Juliana do Amor Perdido”
E o curta “Pé Sem Chão”
Além das trilhas sonoras
Ele atuou na direção
Sérgio Ricardo um vate
Que eternizou nosso sertão
Ópera “Estória de João-Joana”
De Carlos Drummond de Andrade
Sérgio Ricardo na trilha
O cordel na vivacidade
Orquestra Cláudio Santoro
Pulsante em criatividade
“Bacurau”:“Bichos da Noite”
Sérgio Ricardo trilhou
Cinema Novo moderno
O cinemais se atualizou
Com Mendonça e Dornelles
De novo o cinema acordou
Filme “Bandeira de Retalhos”
Com Pitanga e Osmar Prado
Com a trupe Nós do Morro
Um grupo bem destacado
A produção de Cavi Borges
Externou-se em alto brado
Na Mostra de Tiradentes
O filme foi exibido
Eternizou o seu nome
É artista reconhecido
Sérgio Ricardo estelar
Um criador tão sabido
Sérgio Ricardo não se entrega:
Rumou para a eternidade
Foi encontrar Lampião
O amigo Glauber Andrade
Rocha do Cinema Novo
Ás da multiplicidade
Foi-se encontrar com Dib
Com Corisco e com Dadá
Pelo Sertão de Milagres
Chorrochó e Uauá
Canudos de Conselheiro
“Canta lá que eu canto cá”
Autor de diversas trilhas
Jonas, “A Compadecida”
Back, “A Guerra dos Pelados”
A arte foi a sua lida
Dou viva a Sérgio Ricardo
Por tudo o que fez na vida
Compositor-cineasta
Um celebrado ator
Cine e ópera popular
Fez sua arte com amor
Sérgio Ricardo na trilha
Dos versos do trovador
Gustavo Dourado
Brasília, 24 de julho de 2020