Imersa na escuridão, a casa dorme.
Eu , não .
Longe, sussurrante, abafada, a chuva. A chuva fina e o vento rolando folhas .
Há milênios nenhuma fresta de luz perturba o recinto, qual intocado sarcófago .
A morte dentro da morte dentro da morte dentro da morte. É isso . É assim.
Cada coisa em seu lugar : quatro cadeiras ali , na parede o sonho do poeta, pote de cristal, colares, pedras , frascos de perfume, frutas , uma mesa a 45º e a porta fechada.
Tudo isso sei de cor . Há milênios .
Mas sei também que um botão de rosa , lento e silencioso, desabrocha na escuridão.
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