Começa uma nova Guerra-Fria

 

JONAS PULIDO VALENTE


Episódio 7


O protagonista entra num bar durante uma tempestade de neve. Os inquilinos daquele temporal não estão felizes por vê-lo.

Um levanta-se

‘Seu filho da puta’

O protagonista deu-lhe uma chapada. Ele acanha-se. Outro levanta-se.

‘Cabrão’

O protagonista beija-o. Toda a gente fica surpreendida.

Uma mulher loira levanta-se

‘Sabia que eras um cabrão por reputação, mas nunca soube que eras um gordo de merda’

O protagonista chega o gajo para o lado, aproxima-se da loira, dobra-a com um bom beijo.

‘Ao menos beijas bem’

O protagonista finalmente diz:

‘És a Katya?’

‘Sim, sou’

‘Estou à procura de trabalho, não o há em lado nenhum’

‘Há uma nova guerra-fria, há muito trabalho’

Foram os três lá para cima, na manhã seguinte o protagonista acorda com o bar vazio e com a pila flácida. Na cómoda havia uma nota ‘Sei que és americano, sei mais sobre ti do que imaginas. O meu país tem um programa de controle, a tua pila não vai funcionar’.

O protagonista entra em pranto, chora, berra, parte pratos, fica com a fúria de Aquiles! A sua missão era engravidar Katya.

‘Será que o fiz? Pensa bem’

A sua mente tentou relembrar a suruba entre si, Katya e o outro rapaz que tinha beijado. Sabia que tinha fodido, não sabia quem.

Desceu para o piso de baixo. Não havia vivalma.

Aí ouviu um gemido ‘oooooohhhhh uuummmm, auuuu’

Encontrou o velhote dono do bar no compartimento das vassouras.

‘Acorda, velho! Preciso de informações’

O velho solta um gemido e diz

‘Isso é o que todos querem hoje em dia… ainda bem que há happy hour e mesmo assim bebi metade do bar sozinho’

‘Achas que isso me importa?! Tenho uma urgência!!! Onde está Katya??? Onde está o rapaz que levei com ela???’

‘Uuuuum’, ‘Ah, o Greg?’

‘Greg? Ele falava russo perfeitamente.’

‘Sim, ele é americano. Digo-te isto porque vejo homicídio nos teus olhos’

‘Onde estão?’

‘A Katya seguiu a estrada para leste. Com este temporal deve ter parado na estalagem a 3km, não há muitas coisas por aqui. O Greg, quanto sei, está 2km a oeste.’

O protagonista pensou…

‘Uuuuuum’, ressacou o velhote

‘Cala-te, velho!’

O protagonista saiu da estalagem, estava um frio para caralho. Seguiu para leste.

Arrastou-se como Nanook pela neve… arrastou-se, arrastou-se e arrastou-se. Quase desistiu, nem estava a meio caminho, mas lembrando-se da sua pila arrastou-se mais.

Quando chegou à estalagem pôs-se encostado de fora. Ouviu a voz de Katya, mas de mais ninguém. Urinou antes de entrar.

Lá dentro estava Katya, só, a falar ao telefone.

‘Katya, finalmente encontro-te. Nem tentes nada, porque se sabes tanto sobre mim também sabes que sou rápido.’

Ela soltou um grito!

‘Estás erecto! Como é possível?!?!’

O protagonista olhou para baixo e viu uma tenda nas suas calças. Realmente estava erecto, a sua pila congelou.

‘Katya, ontem onde me vim?’

Ela não disse nada.

O protagonista rematou com uma gargalhada

‘Posso foder-te, mas não te mexas muito.’

‘Vieste—-te, em…. mim.’

‘Porque deixaste?’

‘Estava a saber bem.’

‘Tomas a pílula?’

‘A… quê?’

O protagonista sorriu… chegou-se perto dela e disse

‘Vou-me embora, trata-te bem querida.’

Seis meses depois estava numa sala de conferências a fazer uma entrevista de emprego.

O entrevistador disse

‘Saaaaaabe, ARGH, você não, UUUUm, tem perfil para, ARg, trabalhar na nossa em.. pre…saaaa’

O protagonista disse

‘Até… Aaahrgh… percebbbo, oo, que .. quer… dizer. ahhhh, afinal esta sala tem sanitas em vez de cadeiras. Não dá para resistir, é como foder num concurso.’

Entrevistador

‘Euuuu… ah.. não… uuu… consigo… ssaaaair daqui… nem vejo outraaaa… manei…ra deee coonduziiir.. eÉsta… entreeVista… aaahhh o que aaaaacha que pode acrescentar a esta empresa? Nem curso tem.’

Protagonista

‘Tenho experiência de vida…’

Entrevistador

‘Néeeem curso tem, cooOmo pode seEr um activo?’

Protagonista

‘A Universidade é maquilhagem para a inteligência, bota isso na porra do teu CV.’

O protagonista fecha a tampa da sanita, e despeja.