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Antília das Sete Cidades:
mitologia e hermetismo na geocartografia açoriana

JORGE DE MATOS

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"a estrela Baal caíu no lugar onde agora só existe mar e céu, as Sete Cidades com as suas Portas de Ouro e templos transparentes tremeram e estremeceram como folhas de árvores agitadas por vendaval e então uma língua de fogo e de fumo elevou-se dos palácios e os gritos de agonia da multidão enchiam os ares".
Inscrição caldaica num templo budista em Lhassa - Tibete (c. 2000 a. C.)
 
Pretende-se com esta conferência interrelacionar a problemática histórica do descobrimento geocartográfico e náutico do arquipélago açoriano no séc. XV com a sua tradição mítica autóctone e as suas fontes documentais, analisando ainda exegeticamente a mensagem dos seus arquétipos simbólicos constituintes.
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Introdução
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No âmbito científico contemporâneo de uma percepção transdisciplinar do percurso passado da Humanidade, tem-se tornado visível o aprofundamento da pluridimensionalidade dos factos sociais até há pouco ignorada.

Para além da concepção tradicionalmente positivista e documental dos acontecimentos existenciais, uma extraordinária riqueza epistemológica tem decorrido como consequente da hermenêutica ou análise interpretativa do restante património sócio-mental do Homem, ainda recentemente negligenciado como apenas fantasioso ou não credível.

Assim, a verdade da História enquanto ciência humana não é exclusiva nem menos real que a da Sociologia, da Antropologia ou mesmo da Simbologia ou da Mitologia, ainda que os seus factos sejam de uma ordem de manifestação fenomenicamente diferente dos de outros ramos do conhecimento humano.

Por outro lado é neste sentido que se poderão esbater as fronteiras hierárquico-científicas entre o oficial e o oficioso e nivelar equitativamente as asserções literais e as metáforas simbólico--lendárias como coberturas sócio-mentais daquelas, elucidando-se com mútua reciprocidade, sem jamais esquecer as respectivas distinções tipológicas específicas de ambas.

O objectivo do presente ensaio de investigação é justamente efectuar uma análise casuística exegética de um mito histórico como narrativa sócio-antropológica, projectando-se assim perspectivar as suas eventuais referências factuais, ainda que principalmente captar a essência simbólica da sua mensagem mítica e as suas preferenciais e imediatas fontes inspiradoras.

No caso vertente, seleccionou-se o acervo lendário de Antília, de importância primordial enquanto tradição mítica cosmogónica (isto é, geradora material) do contexto territorial do arquipélago açoriano e da sua inerente comunidade humana que o integra geograficamente, autêntico eixo fundador da identidade cultural insular da região, fonte iniciática da sua espiritualidade hermética e registo críptico do seu messianismo escatológico.

1 - Geografia e cartografia
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O conhecimento náutico do Oceano Atlântico sempre constituiu um mistério fascinante para os povos do Velho Mundo, sobretudo desde a época pré-clássica, já que o Ocidente era habitualmente conotado com o mundo vivo dos mortos, um paraíso terrestre paralelo e futuro onde o Sol tinha o seu ocaso quotidiano.

Assim, desde o primeiro milénio a. C., egípcios, fenícios, israelitas, gregos e romanos aventuraram-se neste Mar Incógnito, tendo, nalguns casos eventuais, atingido esporadicamente o continente americano e aí deixado marcas epigráfico-arqueológicas da sua presença - incursões interrompidas com as invasões bárbaras na Alta Idade Média dos séculos III-VI e posteriormente retomadas com as navegações nórdicas no século IX e as italianas, castelhanas e portuguesas nos sécs. XII-XV (1).

Após as primeiras etapas territoriais da expansão colonizante do Atlântico Norte nos sécs. XII-XIV, surge-nos a dos Açores como corolário geográfico das navegações portuguesas de descobrimento oceânico no sector oriental, com o piloto régio Diogo de Silves, em 1427, e com o Comendador de Almourol da Ordem militar de Cristo Frei Gonçalo Velho, em 1432, durante a gestão tutelar do Infante D. Henrique como Administrador Apostólico da Ordem de Cristo, concedida por Carta régia de 2 de Julho de 1439.

Não existindo quaisquer evidências decisivas do conhecimento do território açoriano antes da etapa henriquina das explorações atlânticas do séc. XV, é justamente durante aquele período que surgem numerosas ilhas e arquipélagos na cartografia luso-mediterrânica trecentista (como no caso do atlas catalão de Jafuda Cresques e Cresques Abraham, datado de 1375), ignorando-se tratarem-se de descobertas efectivas ou de representações fantásticas de avistamentos fortuitos.

Surgem-nos então topónimos onomásticos insólitos como Antília, Satanazes, Salvagia, Roylo, Taumar, Brazil, Lono, Capraria, bem como a polémica questão historiográfica das teses dos "verdadeiros" e dos "falsos" Açores.

A primeira tese, defendendo tratar-se de uma mera representação cartográfica apenas imprecisa do actual arquipélago atlântico, alude ao facto de o número de nove ilhas figurar mesmo já antes da descoberta oficial e de alguns dos seus nomes italianizados ou catalães serem idênticos aos das versões portuguesas definitivas (ex: San Zorgo = S. Jorge; corve marini, di conigi, de ventura, delle avi, de brazil ), devendo-se as imprecisões à escassez informativa disponível pela cartografia catalano-maiorquina contemporânea, decorrente da eventual política portuguesa de sigilo estratégico naval, prévia à posse jurídico-territorial da colonização efectiva.

Por outro lado, a segunda tese considera relevante a incorrecção geográfica permanente dos portulanos medievais, dada a orientação diferente do território representado (norte-sul e não nordeste-sudeste), as significativas distinções dos recortes litorais e a maior proximidade oriental do território continental português do que na realidade.

Com efeito, é na carta-portulano do navegador maiorquino Gabriel de Valseca, datada de 1439 (ano da concessão da tutela exploratória do território ao Infante D. Henrique), que o "verdadeiro" arquipélago açoriano surge cartograficamente representado na localização correcta, ainda que com apenas sete ilhas, embora a representação tradicional dos "falsos Açores" seja mantida em mapas posteriores, até em simultâneo com o território real, como no Atlas italiano Cornaro, datado de 1470-1485 e atribuído ao cartógrafo Cristoforo Soligo, em que entre ele e o litoral português surge uma grande "Ilha das Sete Cidades", também designada Antília nas cartas italianas. É ainda a partir desse mesmo período que desaparecem os "falsos" Açores da cartografia oceânica medieval, perante a consolidação náutica paulatina da posse e do tráfego jurídico-comerciais europeus do Atlântico Setentrional, então exclusivamente sob soberania portuguesa.

Adicionalmente, na carta atlântica do cartógrafo veneziano Zuane Pizzigano ou na anónima de Weimar, ambos de 1424, são representados o eventual arquipélago actual dos Açores, bem como as ilhas Antília, Satanazes, Saya e Ymana (evidenciando a hipotética eventualidade defendida pelo historiador português da expansão oceânica nacional, Armando Cortesão, do conhecimento lusitano tardo-medieval dos Açores, do Atlântico Central, dos arquipélagos das Caraíbas ou Antilhas, bem como do continente americano), como de forma idêntica na carta do cartógrafo também veneziano Andrea Bianco, de 1436 (onde já se menciona explicitamente o Mar dos Sargaços) e na do genovês Battista Beccario, de 1435 (onde as ilhas lendárias são clara e implicitamente identificadas com os Açores reais na expressão adjunta figurante "ilhas nova ou recentemente descobertas") (2), bem como nas de Bartolomeu Pareto, de 1455, e Gracioso Benincasa, de 1470 e 1482.

De todos estes míticos territórios insulares atlânticos, virtualmente identificáveis com os Açores, Antília é o nome mais sobressaliente e relevante - sendo ainda mencionada numa carta de 1474 do cosmógrafo florentino Paolo Toscanelli a Cristovão Colombo. Cartograficamente, o seu desaparecimento no último quartel do séc. XV ocorre como clara consequência decorrente do descobrimento oficial do grupo ocidental do arquipélago açoriano (também designado "das Foreiras"), cerca de 1452, por Diogo e João de Teive, então acompanhados pelo navegador andaluz Pero Velasco ou Vasquez de la Frontera.

Por sua vez, este último terá relatado directamente a Cristóvão Colombo as suas experiências náuticas ao serviço da Coroa Portuguesa no Atlântico Ocidental, contribuindo assim de forma decisiva para o futuro sucesso dos seus empreendimentos de acesso à Terra Nova e à América - passando os Açores a desempenhar então a função estrutural de bases navais estratégicas para a colonização territorial do Novo Mundo (3).

Entretanto, à semelhança da velha ilha gaélica da Irlanda, célebre pela sua beleza paisagística vinculada à Tradição mítica céltica da civilização hiperbórea, o território açoriano de S. Miguel é igualmente conhecido pela poética designação de "Ilha Esmeralda" ou "Ilha Verde", como jóia preciosa do Oceano Atlântico, o que igualmente constitui um reflexo da geografia medieval islâmica dos sécs. IX-XIII, bem como do seu inerente imaginário simbólico-espiritual.

Com efeito, além de a expressão toponímico-onomástica "Açores" significar "os mouros" em árabe, e o próprio historiador açoriano quinhentista Gaspar Frutuoso referir na sua obra cronística Saudades da Terra a existência de mouros entre os primeiros habitantes de S. Miguel, a "Ilha Verde" representa o epicentro oculto da Demanda espiritual na literatura árabe clássica, constituindo o arquétipo da Ilha o Centro supremo e primordial da Soberania do Espírito, e a cor verde a tonalidade cromática identificativa do Conhecimento secreto de acesso ao Paraíso de Santidade, aspectos essencialmente típicos da Gnose espiritual do Sufismo islâmico.

De facto, a generalidade dos geógrafos islâmicos medievais utiliza as designações árabes de "Ilha Verde" ( "Al-Jazira-al-Khadrâ" ) , "Ilhas Eternas" ( "Jaza'ir-al-Khalidat" ) ou "Ilhas Afortunadas" ( "Jaza'ir-as-Sa'adat" , "Jaza'ir-Su'ada"), localizando-as ao largo da costa ocidental africana e identificando-as genericamente o geógrafo Ibn-al-Faqih-al-Hamadani na sua obra Resumo do Livro dos Países com os arquipélagos atlânticos das Canárias, Madeira e Açores. Por outro lado, os geógrafos ibero-islâmicos do Al-Andalus designavam o Oceano Atlântico significativamente em árabe "Mar Tenebroso" ( "Al-Bahr-al-Muzlim" ) , "Mar Circundante" ( "Al-Bahr-al-Mhit" ) e "Mar Verde" ( "Al-Bahr-al-Akhdar" ).

Assim, entre outras, destacam-se as alusões simbólico-literárias às Ilhas das Mulheres, Filhas da Água ou Donzelas (que constitui o arquétipo conceptual da Ilha dos Amores do poema épico nacional do séc. XVI d' Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões), aos relatos lendários da conversão religiosa dos povos das ilhas orientais através da recitação exorcizante do Alcorão pelo místico Abu Barakâti, à referência do historiador e geógrafo andaluz do séc. XI Abu Abd Allah Muhammad ibn Abd Allah ibn Abd-al-Mu'nim Al-Himyari à Ilha da Razão, sita no Mar Vermelho entre o Iémen e a Etiópia e contendo uma misteriosa fonte simbólica de água sapiencial, à menção de Ibn Tufayl (físico e conselheiro do Califa almoada Abu Yacub de Granada no séc. XII), na sua obra Hayy ibn Yaqsan, ao abandono de um rapazinho numa ilha deserta aos cuidados de uma cabra selvagem, aprendendo a compreensão cosmológica do Universo e a pura contemplação de Deus (constituindo a inspiração do ficcionista inglês do séc. XVIII Daniel Defoe para a sua obra homóloga Robinson Crusoe ).

Contudo, particularizam-se, quanto à ilha açoreana de S. Miguel e aos míticos arquipélagos atlânticos, as referências do geógrafo árabe ocidental do séc. XI Abu Ubaid Al-Bakri no seu famoso Al-Kitab-al-Masalik-wa-al-Mamalik ("Livro dos Caminhos e dos Reinos") quanto às Ilhas Afortunadas, do já mencionado Ibn-al-Fakih-al-Hamadani sobre os férteis territórios insulares atlânticos situados a ocidente do Al-Andaluz, de Al-Himyâri sobre a virtude terapêutica da pedra "baht" presente numa das Ilhas Eternas, situadas no Extremo Poente ou Mar das Trevas (cuja transcendência geográfica se ignora), do geógrafo persa do séc. XIII Zakaryiah-ibn-Mohammed-al-Qazwini na sua obra árabe 'Ajâ'ib-al-Buldan ("Maravilhas dos Países") à fecundidade agro-pecuária, geológico-mineral e mito-zoofitológica da Ilha Shashin (distante vinte dias de viagem da Ibéria islamizada), e do Mestre persa Ali-ibn-Fazel-Mazandarini na sua obra Narrativa das coisas estranhas e maravilhosas contempladas e vistas na Ilha Verde situada no Mar Branco do final do séc. XIII (descrevendo o seu próprio discipulado espiritual face a um Mestre andaluz e a sua viagem ao Ocidente berbere norte-africano, atravessando o deserto saariano e encontrando uma península fortificada xiita rodeada de campos estéreis e alimentada pela paradisíaca e transcendente Ilha Verde no Mar Branco, pertencente aos filhos do Messias ou Imam Oculto).

Com efeito, o topónimo geográfico árabe "Al-Andaluz" da Península Ibérica durante o domínio islâmico - surgido desde 716 (cinco anos após a invasão do general berbere Tarik-ibn-Zyad em 711) num espécime numismático ibérico de um dinar - radica quer na designação "Vandalucia" da província peninsular romana da Bética ou Andaluzia (como habitada pelo povo bárbaro germânico dos Vândalos Silingos no séc. V), quer no mito platónico do continente desaparecido da Atlântida, integrado no imaginário marítimo mediterrânico. Em árabe, Andaluzia provem de "Jazirat-al-Andaluz" ("Ilha do Atlântico" ou "Atlântida") e os primeiros geógrafos e historiadores árabes, entre os quais Al-Razi (séc. X), referem ser os primeiros habitantes ibéricos os "Al-Andlis" (nome mítico do filho de Tubal, neto de Jafet e bisneto do patriarca bíblico pré-diluviano Noé).

Assim, através da aculturação greco-romana e judaico-cristã, a mitologia clássica do herói semi-divino Hércules, da Atlântida e do Dilúvio universal entram na historiografia e no imaginário mitológico árabes. Paralelamente, a Ibéria assimila-se ao mito dourado do continente perdido, sendo visionável como ilha atlântica desde a costa norte-africana, assumindo o estatuto de Pátria das ninfas do Poente, Jardim dos pomos de ouro das Hespérides e Terra Prometida para o todo Oriente mediterrânico pré-clássico, enquanto território guardião das Ilhas Encantadas do Ocidente (4).

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2 - Toponímia e mitografia

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Onomasticamente, o topónimo "Antília" apresenta-se-nos tão nebuloso e controverso nas suas géneses e proveniência etimológica como as próprias veracidade e precisão cartográfica do território geográfico por ele designado.

Por um lado, a sua origem e significado enquanto "Anti-Ilha" (ou "Não-Ilha") são deduzíveis de um tratado mito-cartográfico latino muito divulgado na Idade Média, intitulado De Mundo ("Acerca do Mundo") e pseudo-atribuído ao filósofo grego do séc. IV a. C. Aristóteles, que alude à existência de territórios insulares móveis ou de localização física apenas sazonal no Oceano Atlântico e em situação diametralmente oposta à geografia planetária então conhecida (como aliás ainda hoje sucede em diversas regiões do globo) - conceito reflectido nas noções gregas análogas de "Antictonia" ("oposições de espaços") na obra do filósofo grego dos sécs. VI-V a. C. Pitágoras, "Antecumene" do geógrafo e astrónomo grego do séc. II a. C. Cláudio Ptolomeu, e "Antípodas" ("pés contrários") do geógrafo romano do séc. II d. C. Cícero, alusivas a estes espaços oponentes que estabeleciam o equilíbrio ctónico da superfície então conhecida do planeta.

Por outro lado, poderá o termo provir da curiosa expressão latina "ante insula" (ou " ante -ilha", " pré -ilha" ou "ilha diante de"), alusiva à Ilha primitiva do Mar Oceano Atlântico, o mítico continente imperial e semi-divino da Atlântida mencionado na literatura grega do filósofo Platão (nos seus diálogos Timeu e Crítias ) e do historiador e geógrafo Estrabão (nas suas Memórias Históricas e na sua Geografia ), respectivamente dos sécs. IV e I a. C., e que Aristóteles e Cláudio Ptolomeu designam respectivamente "antipórtmos" e "aprositos" , ancestralmente destruído por um monumental cataclismo geológico-tectónico e que se situava justamente diante do Estreito de Gibraltar ou Colunas de Hércules, e do qual os actuais arquipélagos oceânico-setentrionais atlânticos são remotas reminiscências (conforme, entre outros, aludiu o já referido historiador açoriano quinhentista Gaspar Frutuoso) (5).

Curiosamente, a divulgação do topónimo "Antília" radica etimologicamente na sua transmissão cartográfica por via portuguesa desde a descoberta colonizante do grupo ocidental do arquipélago açoriano em 1452. Através do contacto entre Pero Velasco ou Vasquez de la Frontera e Cristóvão Colombo sobre as navegações luso-atlânticas, o futuro descobridor oficial da América utiliza o nome no seu vocábulo ibérico (Antilha) e o seu mito subjacente para identificar os arquipélagos caribenhos das Lucaias, descobertas diante da América Central - conforme nos confirma o seu filho Fernando Colombo na biografia do pai, corroborado e citado pelo cronista espanhol quinhentista Frei Bartolomeu de las Casas - ainda que essa designação só se tenha vulgarizado nos sécs. XVI e XVII com a obra do geógrafo, historiador e biógrafo colombino Pedro o Mártir d'Anghiera e Introdução à Cosmografia de Américo Vespúcio (6), contudo decaindo e desaparecendo então da cartografia oficial (já nas Antilhas e Caraíbas, segundo os mapas de Ortelius de 1570 e Mercator de 1587) .

No entanto e segundo o cosmógrafo quinhentista Pedro de Medina nas suas obras Tratado da Arte de Navegar e Grandezas e coisas memoráveis de Espanha, a fonte documental mitográfica mais antiga onde surge referência iconográfica e identificativa de Antília é um mapa datado do fim do séc. XIV e anexo a um exemplar da obra De Geographia (latim: "Acerca da Geografia") de Cláudio Ptolomeu, oferecido ao Papa Urbano VI (1378-1389), mencionando-se ainda que essa ilha tinha 87 léguas de comprimento e 28 de largura, encontrando-se na mesma latitude do arquipélago açoriano, e marcava o limite inultrapassável nas explorações náuticas do Oceano Atlântico, assinalando ainda com estátuas erigidas na costa a interdição de desembarque imposta aos forasteiros (7) - situação reflectida na descoberta de uma estátua equestre indicando o Ocidente, aquando da chegada à Ilha do Corvo em 1452 e mencionada pelos testemunhos insuspeitos dos cronistas e historiadores quinhentistas Damião de Góis e Gaspar Frutuoso, respectivamente expressos na sua Crónica do Sereníssimo Príncipe D. João e nas Saudades da Terra (Livro 1º, Capítulo 32), além da descoberta arqueológica ocasional de espécimes numismáticos antiquíssimos nas restantes ilhas do arquipélago.

Para além disto, a máquina jurídico-burocrática da chancelaria régia quatrocentista espelha mitograficamente toda esta polémica lendária reflectida na cartografia paralela. D. Afonso V concedeu a Fernão Teles, Governador da Casa da Infanta Santa Joana, sua filha, por Carta de 10 de Novembro de 1475, as Ilhas Foreiras e Antília, entre aquelas que descobrisse nas suas viagens oficialmente autorizadas, desde que se não situassem na região da Guiné; após eventual desistência daquele, D. João II concedeu ao flamengo Fernão Dulmo, Cavaleiro da sua Casa e Capitão da ilha Terceira por Carta de 24 de Julho de 1486, a posse de Antília (cuja eventual metade este doou, por contrato de 4 de Agosto seguinte, a João Afonso do Estreito, escudeiro régio e residente na Madeira).

Genericamente, temos ainda os casos da Provisão régia de Filipe II de Espanha, concedida em Julho de 1591 a Lourenço Vaz Coutinho, Governador da Ilha de S. Miguel para descoberta de uma ilha nova entre as da Terceira e do Faial; do Alvará régio de 30 de Abril de 1649, concedido por D. João IV ao frade franciscano açoriano Frei João da Trindade, autorizando todos os necessários recursos solicitados para descoberta de uma misteriosa ilha avistada na proximidade dos Açores; e das cartas de D. Afonso V de 19 de Fevereiro e 29 de Outubro de 1462, concedendo respectivamente as ilhas imaginárias Lono e Capraria a João Vogado, Cavaleiro da Casa Real e Escrivão da Fazenda régia, e uma ilha desconhecida a noroeste da Madeira a seu irmão o Infante D. Fernando, Mestre da Ordem militar de S. Bento de Avis (8).

Contudo, as principais fontes documentais quinhentistas da Tradição mítica de Antília são a História das Molucas (editada em 1563) do navegador português António Galvão, a História de las Indias do cronista e eclesiasta espanhol Frei Bartolomeu de las Casas, o Livro de las Grandezas y cosas memorables de España do cosmógrafo espanhol Pedro Medina, a Vida del Almirante Don Cristobal Colon do biógrafo seu filho Fernando Colombo, e a Monarquia Lusitana do historiador e cronista cisterciense português do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça Frei Bernardo de Brito - antecedidas do 'mapa mundi' do cosmógrafo Martinho da Boémia de 1492.

No século seguinte, adicionam-se-lhes a História Universal (1652) de Frei Manuel dos Anjos e a Epítome de las Historias Portuguesas (1678) do ensaísta português Manuel de Faria e Sousa (9). Se bem que as fontes quinhentistas essencialmente apenas aludem ao mito geocartográfico na sua acepção pura, as seiscentistas mencionam-no imbuído de uma virtual aura messiânica nacionalista que procuraremos penetrar. Segue-se de imediato a síntese informativa dos relatos transmitidos, bem como a sua análise significativa essencial.

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3 - Mitologia e Hermetismo
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Identificadas as fontes mitográfico-documentais do registo lendário de Antília, importa-nos agora sistematizar sinteticamente a essência narrativa do mito.

Assim, durante a génese natural da exploração náutica do Atlântico Ocidental pelo Infante D. Henrique c. 1447, uma caravela portuguesa proveniente do Estreito de Gibraltar aportou no litoral temporário de Antília ao largo do Açores e os marinheiros desembarcados reconheceram foneticamente os habitantes locais como sendo descendentes lusitanos. Não tendo sido possível repetir a viagem, apesar do interesse do Infante em contactar aquele povo, este relatara descender de uma população visigótica liderada por sete bispos (ou seis bispos e um arcebispo, segundo outras versões), embarcada na cidade do Porto c. 734, logo após a invasão da Península Ibérica em 711 pelos muçulmanos liderados pelo general berbere Tarik ibn Zyad e chegada a Antília.

Aí estabelecidos os refugiados ou o próprio último Rei visigodo D. Rodrigo, segundo o mapa de Ruysch de 1508), cortaram definitiva e preventivamente toda a comunicação e tráfego com o exterior, tendo fundado sete cidades principais na Ilha (daí provindo o seu segundo nome), governadas cada uma por cada um dos bispos. Gerou-se assim nesta ilha uma civilização fértil de recursos naturais e desenvolvimento tecnológico, caracterizada por uma notável harmonia político-económica e absoluta serenidade sócio-espiritual - discriminando algumas versões determinadas particularidades etnográficas, urbanístico-arquitectónicas, heráldicas, agro-comerciais e judiciais, religiosas e administrativas, e narrando outras o seu virtual desaparecimento geográfico espectacular através de um monumental cataclismo geológico - contudo mantendo-se a sua memória onomástica na sua vinculação toponímica às insólitas e fascinantes Lagoas das Sete Cidades na Ilha açoriana de S. Miguel (10).

Eis sintetizado o mito cosmogónico dos Açores, cuja exegese estrutural nos propomos em seguida pelo menos abordar. Com efeito, o próprio estatuto geográfico do topónimo do território insular de Antília transmite-nos várias chaves da sua elucidação conceptual numa dupla acepção: por um lado, enquanto "não-ilha" ou Ilha Encoberta", assume-se como um fenómeno fisicamente trans ou interdimensional e, por consequência, não cartografável de forma inequívoca (ou seja, "os falsos" Açores), ainda que em sintonia geo-espacial identificativa e interactiva com alguma parcela do actual arquipélago (os "verdadeiros" Açores), através do qual seja acessível noutros estados de consciência ou reminiscente no folclore local; por outro lado, enquanto "ante" ou "pré-ilha", perspectiva-se como memória onomástica do mítico e ancestral território atlante eventualmente desaparecido em época remotíssima no actual Oceano Atlântico ou de Atlas, seu primeiro Rei, cujas filhas, as Plêiades ou Atlântias (ou as suas irmãs Híades), imortalizadas na constelação astronómica de sete estrelas com o mesmo nome, representam os seus esposos, os Sete Sábios Celestes da Ursa Maior, mencionados na Tradição hindu (11).

Além disto, a sua mesma vocação funcional de Ilha Encoberta acentua a própria mobilidade sazonal do seu estatuto geográfico-territorial, além de remetê-la para a participação do conceito arquetípico de Centro Supremo ou Polo do Governo Planetário, a Aztlan ameríndia, a Thule hiperbórea, a Leuké helénica, a Avalon britânica, a Albion céltica, a Sapta ou Shweta-Dwipa indo-europeia, a Ilha Verde no Mar Branco da Tradição islâmica, a Sagrada Ilha Branca ou Luminosa, território imponderável onde residem o Rei do Mundo ou os seus representantes estatutários, cujos sete cantões continentais são governados teocraticamente por sete regentes sacerdotais residentes nas respectivas Sapta-Pura ou sete cidades capitais distritais - em torno da oitava ou Possidonis na Tradição atlante ou o Monte Meru em Jambu-Dwipa ou o subcontinente indiano na Tradição hindu - caracterizável como autêntica Terra Santa, dos Santos ou dos Vivos (12), reflectida na constituição orgânica da civilização intra-terrena das Sete Cidades subterrâneas do Império oculto de Agharta em torno de Shamballah, mencionado na Tradição extremo-oriental trans-himalaica.

A propósito, encontramos a presença do mesmo arquétipo estrutural nas cosmovisões septenárias do Soukhavati ou Morada da Beatitude na Tradição Budista (com as suas sete muralhas concêntricas, sete espessuras de cortinas, sete linhas de árvores e sete lagos com sete virtudes) e do Céu e do Inferno no Islamismo (cada um com sete patamares sucessivos), além dos Sapta-Saamudra ou Sete Mares, dos Sapta-Nadi ou sete rios sagrados, Sapta-chakra ou sete centros energéticos principais do corpo humano, das Sapta-par-Atta ou sete montanhas sagradas, dos Sapta-Arania ou sete desertos, das Sapta Vruksha ou sete árvores celestes, das Sapta-Cula ou sete castas sagradas, e dos Sapta-Loka ou sete mundos superiores e inferiores.

A menção narrativa da civilização mítica de Antília e do seu perfeito desenvolvimento equilibrado e idealista, enquanto registada pelo menos desde os séculos XIV e XV, reflecte-se ainda num singular tema literário ficcional: a Utopia. Neologismo helénico significando "bom lugar" ou "não-lugar" (tal como uma "não-ilha" ou "anti-ilha") e alusivamente identificativo de uma sociedade comunitária ideal cujos cidadãos integrantes vivem em harmónica estabilidade intemporal, a sua génese funcional dependerá eventualmente da própria essência lendária da cosmogonia de Antília.

Com efeito, ainda que radique nas descrições orgânicas da Atlântida dos diálogos República , Timeu e Crítias de Platão, de Esparta na biografia de Licurgo das Vidas Paralelas pelo filósofo grego Plutarco do séc. I d. C., na IV Écloga do poeta latino Públio Virgílio Marão, do séc. I a. C., que celebra o regresso da Idade de Ouro, ou na expectativa messiânica do Paracletismo medieval do abade cisterciense e místico calabrês do séc. XII, Joaquim de Flora, a literatura mitográfico-utópica surge apenas no primeiro quartel do séc. XVI, como consequência moderna da maturação do antropocentrismo renascentista, em que o ensaísta inglês Thomas More publica a sua obra paradigmática De optimo Republicae statu, deque nova insula Utopia (Lovaina, 1516), a que se sucederam no século seguinte os projectos analogamente homólogos da comunitarista Cidade do Sol do filósofo dominicano calabrês Tommasio di Campanella (1602), da teocrática Descriptio Civitas Christianopolis do ensaísta rosacruciano luterano alemão Johann Valentin Andreae (1619) e da cienticista Nova Atlântida do insólito estadista e cientista inglês Sir Francis Bacon (1627), entre tantos outros.

Relevantemente, o pioneirismo paradigmático de Thomas More destacou-se por lançar a moda da descrição literária da chegada de um viajante imaginário a um Estado ideal - neste caso, do marinheiro português Rafael Hitlodeu a uma misteriosa ilha atlântica inexistente ou utópica - de forma curiosa e paradoxal em plena época dos descobrimentos expansionistas portugueses, claramente desmitificantes da geocartografia oceânica (13), sendo assim portuguesa a génese funcional do conceito de "Utopia".

Adicionalmente, o mito fundador de Antília também encerra no seu próprio seio narrativo uma dinâmica profético-messiânica própria. Como Ilha Encoberta, a sua divulgação patente nas já mencionadas obras nacionalistas e panfletárias de Frei Bernardo de Brito e Manuel de Faria e Sousa, publicadas durante a união dinástica com Espanha, contribuíu para o imaginário simbólico e utópico da Tradição patriótica sebastianista, alusiva à existência de portugueses independentes do domínio estrangeiro e residentes num misterioso território insular quase inalcançável, de onde regressaria o Rei D. Sebastião para resgatar Portugal como um Messias e Monarca Universal meta-histórico e milenarista instaurador escatológico do regresso primordial do Quinto Império planetário da fraterna Idade de Ouro do Espírito Santo - terceira pessoa da Santíssima Trindade eminentemente cultuada no arquipélago dos Açores (segundo a tradição escatológica nacional da redenção espiritual da História humana que transcende a materialidade dos quatro Impérios políticos prévios da Antiguidade Clássica e Pré-Clássica bíblicas e o Paracletismo joaquimita medieval messiânico-apocalíptico).

Neste sentido, é ainda curioso verificar ter sido o território açoriano um baluarte indefectível de patriotismo independentista face ao domínio espanhol sobre Portugal e no combate liberal contra o predomínio absolutista durante o reinado usurpador de D. Miguel I, além da defesa consolidante da sua autonomia regional perante a metrópole continental.

Por outro lado ainda, a alusão mítica à fundação de sete dioceses ou cidades em Antília, regidas por sete bispos, remete-nos narrativamente para outros aspectos crípticos escatológicos patentes.

Encontramos aqui uma menção directa às Sete Igrejas da Ásia Menor - as congregações helénicas de Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia (sensivelmente situadas à mesma latitude dos Açores) - mencionadas c. 96 d. C. no derradeiro livro bíblico-profético do Apocalipse (atribuído à autoria textual do Apóstolo João, o Amado do Mestre), como constituintes numerológico-simbólicas da perfeição canónica da Igreja primitiva, representando o mesmo arquétipo teocrático do septenário utópico característico dos centros geográficos secretos do Governo Planetário, sob a revelação orientante inspirada pelo Paracleto protector e na constante expectativa iminente do regresso milenarista do Messias que cumprirá definitivamente a dimensão cíclica da História humana paralela a uma consequente desocultação interna do Cristianismo (14).

A lenda de Antília alude também a uma sobrevivência críptica do Cristianismo peninsular ocultado em segurança transdimensional face à pretensa hecatombe da invasão islâmica aparentemente destrutiva, através de eventuais navegações atlânticas ibéricas pré-portuguesas.

Assim, a congregação cristã de virtual língua portuguesa liderada por sete bispos (ou sacerdotes apostólicos portadores da plenitude da transmissão sacramental) que se evade da Península e fixa na Ilha Encoberta do Atlântico é uma representante sectorial da Igreja visigótica ibérica, isenta da perseguição ideológico-religiosa e do fenómeno sócio-cultural da moçarabização face à submissão aos cânones da jurisprudência muçulmana, partindo do perímetro litoral urbano da cidade do Porto, na foz do Rio Douro (epicentro histórico-geográfico da futura génese política da nacionalidade portuguesa) - indiciando assim a presença mítica de uma emanação primitiva da essência da lusitanidade algures no Oceano ocidental antes da sua futura descoberta colonizadora oficial pela Pátria-Mãe.

Além de este curioso relato mítico apresentar ainda Lisboa como variante do lugar de partida dos cristãos peninsulares evadidos, e futura capital nacional portuguesa e metrópole expansionista marítima, encontra igualmente fortes reflexos na lenda histórica islâmico-lisboeta dos Aventureiros Al-Mogharriruns, mencionada pelos geógrafos luso-árabes Al-Himyâri, Abu Hamid, Al-Umari e Al-Idrisi na sua Descrição da África e da Espanha , e em cuja homenagem a "Porta das Termas" ( "Bab-al-Khamma" ) da cerca moura da metrópole do Tejo no bairro de Alfama passou a designar-se "Porta dos Aventureiros" ( "Bab-al-Magrurin" ), celebrizando oito primos que alcançaram efectivamente as ilhas Al-Ghanan e Raca ou Canárias, um dos quais (Kashkash-al-Mogharrirum) fora almirante da esquadra omíada que defendeu Lisboa do ataque normando viking em 844.

Por seu turno, o carácter primordial do Cristianismo visigótico da Igreja mítica de Antília igualmente se acentua pela sua eventual autonomia litúrgica implícita. Com efeito, estes virtuais bispos seriam católico-romanos (desde a conversão do Rei visigodo ariano Recaredo, em 589), contudo utilizando uma liturgia autónoma de Roma, o Rito hispano-gótico, instituído no IV Concílio de Toledo de 633 e vigente até ao Concílio de Burgos de 1080, com a reforma litúrgica do Papa Gregório VII, que o substituíu pelo Rito latino, desde então enfeudando submissa e definitivamente a Península Ibérica à hegemonia organizacional da tutela pontifícia (15) - da qual Antília terá sempre estado isenta, em função do seu isolamento geográfico permanente.

Assim, ainda que católica ou universalmente cristãos, os bispos ibéricos de Antília e o seu povo permaneceriam sempre independentes nos seus Ritos ancestrais, reflectindo desde a Baixa Idade Média a reminiscência contínua de uma soberania peninsular externa desaparecida ou ocultada, sincretizada com o remotíssimo imaginário mítico atlântico e com a simbolicidade hermética do Cristianismo messiânico primitivo.

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Conclusão
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Tal como os factos materiais são o combustível da Existência histórica, os factos oníricos interrelacionam-se com aqueles e são o dos seus bastidores humanos: quando os indivíduos perdem a capacidade de sonhar enlouquecem, tal como as nações e as suas sociedades decaiem e cristalizam-se quando negligenciam e subvalorizam o sentido meta-histórico, subconsciente e profundo dos seus mitos ou sonhos colectivos, deixando de os reviver e actualizar ciclicamente nas crónicas e celebrações ancestrais da sua memória sócio-grupal.

Ao longo desta análise exegética introdutória da cosmogonia de Antília, foi possível evidenciar de forma pioneira as fontes documentais e as linhas estruturais da sua essência mítica, para além da mera inverosimilhança aparente da sua literalidade factual histórico-narrativa.

A sua plena identificação essencial com o contexto geo-cultural do arquipélago açoriano (particularmente com a Lagoa das Sete Cidades na Ilha de S. Miguel) é rigorosamente absoluta, transformando essa região insular em automática e consequente herdeira exclusiva da reminiscência mítica e sincrética de um Império civilizacional atlântico ancestral e intemporal, desaparecido ou oculto, funcionando como pontífice medianeiro de charneira entre o Oriente-Passado do Velho Continente euro-asiático e o Ocidente-Futuro do Novo Mundo ameríndio na inexorável marcha solar dos ciclos equinociais da História planetária.

No encerramento desta nossa peregrinação reflexiva pelos insondáveis meandros arcânico-simbólicos dos sagrados arquétipos mítico-iniciáticos da identidade cultural açoriana, ousamos citar o cronista mitógrafo Frei Manuel dos Anjos no termo da sua alusão textual referente a Antília na sua História Universal de em 1652: " Isto é o que li acerca da Ilha Encoberta, e o remeto à cortesia dos que o quiserem crer; e à disposição divina, que aí pode descobrir ao Monarca de Portugal uma Nova Lusitânia" .

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.Notas:
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(1) Ver Alfredo Pinheiro Marques, Portugal e o Descobrimento do Atlântico - Síntese e Cronologia , Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1990, pp. 7, 13-18.

(2) Ver Alfredo Pinheiro Marques, op. cit. , pp. 43-54;
Idem, Portugal e o descobrimento europeu da América - Cristovão Colombo e os Portugueses , Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1992, pp. 41-52;
Manuel Monteiro Velho Arruda, Colecção de documentos relativos ao descobrimento e povoamento dos Açores , Oficina de Artes Gráficas, Ponta Delgada, 1954, pp. XXXIII-LIV, CIX-CX, CXIX;
Duarte Leite, Coisas de Vária História , Seara Nova, Lisboa, 1941, pp. 126-131.

(3) Ver Francisco Carreiro da Costa, "Açores, Arquipélago dos", in Joel Serrão, Dicionário da História de Portugal , Iniciativas Editoriais, Lisboa, 1963, vol. I, pp. 18-19.

(4) Ver Adalberto Alves, Nítido Crescente -Ensaios , Biblioteca Hermética nº 2, Hugin, Lisboa, 1997, pp. 97-104, 110;
Cláudio Torres, "O Garb-al-Andaluz", in José Mattoso, História de Portugal , Editorial Estampa, Lisboa, 1993, vol. I, p. 363;
José Garcia Domingues, Portugal e o Al-Andaluz , Biblioteca de Estudos Árabes nº 2, Hugin Editores, Lisboa, 1997, pp. 88-93;
Moisés Espírito Santo, Os mouros fatimidas e as aparições de Fátima , Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1995, 4ª edição, pp. 167-168.

(5) Ver Anónimo, "Antília", in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Editorial Enciclopédia, Lda., s. l., s. d., vol. II, pp. 813-814;
Manuel Monteiro Velho Arruda, op. cit. , pp. XXIX-XXXII, 25-39.

(6) Ver idem anterior;
Fernando Colombo, Historia della vita e dei fatti de Cristoforo Colombo , Capítulo IX;
Frei Bartolomeu de las Casas, Historia de las Índias , Capítulo XIII.

(7) Ver Luís de Albuquerque, "Antilha", in Joel Serrão, op. cit ., vol. I, pp. 156-157;
Manuel Monteiro Velho Arruda, op. cit ., pp. 25-39.

(8) Ver Luís de Albuquerque, "art. cit.", p. 157;
Idem, "Teles, Fernão" in Joel Serrão, op. cit ., 1971, vol. 4, pp. 142-143;
José de Freitas Ferraz, "Dulmo, Fernão", in Joel Serrão, op. cit ., 1965, vol. II, pp. 857-1858;
Ilídio Rocha, "Dois curiosos relatos sobre Antília ou a ilha encoberta", in História, Publicações Projornal, Lda, Lisboa, Ano X - Nº 109, Junho de 1988, pp. 6-7;
Manuel Monteiro Velho Arruda, op. cit ., pp. CIX-CX, CXIX, 147-151, 156, 180-181, 187-195.

(9) Ver Ruy d'Abreu Torres, "Galvão, António", in Joel Serrão, op. cit ., vol. II, p. 332;
Anónimo, "Medina (Pedro)", in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira , vol. 16, p. 708;
Ilídio Rocha, "art. cit.", pp. 5-6, 7-9.

(10) Ver Fernanda Frazão, Lendas Portuguesas , Amigos do Livro, Lisboa, s. d., vol. VI, pp. 119-123;
José Manuel Garcia, Portugal e a Repartição do Mundo - Do Infante D. Henrique ao Rei D. João II , Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1994, pp. 54-58.

(11) Ver René Guenon, O Rei do Mundo , Colecção Esfinge nº 46, Edições 70, Lisboa, 1982, p. 66, nota 4;
Henrique José de Souza, O Verdadeiro Caminho da Iniciação , Editora Arabutã, S. Lourenço - Brasil, 1993, 5ª edição, pp. 302-303;
António Quadros , Portugal - Razão e Mistério, Guimarães Editores, Lda, Lisboa, 1986, vol. I, pp. 118-128;
Pinharanda Gomes, Dicionário de Filosofia Portuguesa , Colecção Dicionários Dom Quixote nº 2, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1987, pp. 35-37;
Victor Mendanha, História Misteriosa de Portugal , Editora Pergaminho, Lisboa, 1999, 5ª edição, pp. 75-86, 289, 305-312.

(12) Ver A.[ntónio] R.[odrigues] da Silva Júnior, "A Atlântida - subsídio para a sua reconstituição histórica, geográfica, etnológica e política", in A Arquitectura Portuguesa , Lisboa, Janeiro de 1930 a Maio de 1933, pp. 10, 30, 32-33, 34, 36;
Raposo de Oliveira, "Lendas açorianas - Sete Cidades", in Serões - Revista mensal illustrada , Ferreira & Oliveira, Lisboa, Setembro de 1906, 2ª série, vol. III, Nº 15, pp. 240-242;
Henrique José de Souza, "O Número Sete", in Aquarius , Sociedade Brasileira de Eubiose, S. Lourenço - Brasil, Anos 20-21, Nº 40, 1994-1998, p. 7;
Henrique José de Souza, Eubiose - A Ciência da Vida , Biblioteca Dharanâ, Sociedade Brasileira de Eubiose, S. Lourenço - Brasil, s. d., vol. I, pp. 24-25.

(13) Ver Manuel Antunes, "Utopia", in Verbo - Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura , Editorial Verbo, Lisboa, 1993, vol. 4, cols. 573-575;
Anónimo, "Utopia", in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira , vol. 33, p. 612;
Manuel Antunes, "Utopia", in Polis - Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado , Editorial Verbo, Lisboa, 1987, vol. 5, cols. 1465-1468.

(14) Ver Apocalipse 1:4, 11, 20; 2-3;
Adalberto Alves, op. cit ., pp. 97-104, 110;
José Garcia Domingues, op. cit ., pp. 101,123;
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe , Colecção Universitária, Editorial Caminho, Lisboa, 1989, 2ª edição, vol. I, pp. 69-70;
Joaquim Pedro de Oliveira Martins, Os Filhos de D. João I , Imprensa Nacional, Lisboa, 1891, pp. 361-367.

(15) Ver Fortunato d'Almeida, História da Igreja em Portugal , Portucalense Editora, Porto, 1967, 2ª edição, Vol. I, pp. 50-51, nota 1.

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