A ANATOMIA DO OURO: O OURO POTÁVEL DOS IATROQUÍMICOS 1.Introdução A Química foi então totalmente enquadrada na arte médica, constituindo o que ficou conhecido por medicina espagírica, iatroquímica ou farmacoquímica. Ela é aquilo a que foi chamado “a química dos princípios” [2]. Toda ela se funda em Princípios activos e passivos em que se baseiam todas as suas manipulações e artefactos. Nela se considera pelo mercúrio, o evaporável; pelo enxofre, o inflamável; e pelo sal, o solúvel. Nela sobressaem, entre muitos outros, os nomes de João Baptista van-Helmont (1577-1644), Robert Boyle (1627-1691), John Mayow (1641-1679), Nicasius Lefebvre (c.1610-1669), Jean Béguin (?-1620), Christophe Glaser (1628-1672), Nicolas Lémery (1645-1715) e Johann Joachim Becher (1635-1682). Desenvolvida e aprofundada ao longo de todo o século XVII, esta orientação da prática química perdurou até ao terceiro quartel do século XVIII, ao tempo em que Lavoisier lançou as bases da “Química Pneumática”, ponto de partida para uma nova química, a Química Moderna. No elenco das coisas úteis à medicina e à farmácia encontramos o ouro, o mais nobre e perfeito dos metais, o metal que não enferruja nem perde a cor, que resiste à acção do fogo e se não dissolve nos liquidos do dia a dia. Analisá-lo e procurar isolar a sua quinta-essência numa complexa operação anatómica, foi tarefa árdua dos químicos espagíricos que acreditaram no seu valor medicinal. 1.2 Não é possível dissociar o exame e a procura da quinta-essência do ouro, ou o exame e procura da quinta-essência de qualquer outro corpo, da ideia ou crença que se tem sobre a sua composição. Em contacto muito próximo com as práticas alquímicas que pelo século XV se encontravam espalhadas por toda a Europa e nela atingiram o seu apogeu nos séculos XVI e XVII, os primeiros químicos espagíricos acreditavam que todas as substâncias eram feitas de uma mesma matéria prima, à mistura com os quatro elementos de Aristóteles, a terra, o ar, o fogo e a água, e os três princípios de Paracelso, o enxofre, o mercúrio e o sal. Da mistura desses elementos e princípios, em diferentes proporções, com uma mesma matéria prima resultariam substâncias diferentes, pois que das diferentes quantidades de fogo, ar, água e terra, resultariam, respectivamente, diferentes qualidades de quente e seco; quente e húmido; húmido e frio; seco e frio. E do mesmo modo, das diferentes proporções de enxofre, mercúrio e sal, resultariam diferentes qualidades de cor e combustibilidade, de carácter metálico e de resistência ao fogo. Feitas todas de uma mesma matéria prima, todas as substâncias seriam susceptíveis de se transformarem umas nas outras por mera adição ou subtracção da quantidade apropriada de qualquer dos quatro elementos ou dos três princípios nelas presentes, em cuja diferente proporção estivesse a causa da sua diferença. Assim pensada, toda a natureza seria uma série de transmutações e a sua existência, um eterno fluxo [3] . No seio da terra, todos os metais e minerais se teriam formado duma mesma semente inicial a partir da qual se foram e vão desenvolvendo, em crescimento contínuo, por contínua combinação com diferentes quantidades dos diferentes elementos e princípios primordiais. Essa semente seria a semente do ouro, já que o ouro seria a intenção da natureza que presidiria à formação de qualquer metal. Ao longo dos tempos, dessa mesma e primordial semente teriam resultado diferentes metais por acção das diferentes condições que determinaram o seu crescimento. A suma perfeição do ouro quando comparado com todos os outros metais exige condições muito especiais para que o desenvolvimento dessa semente nele resulte. Impedimentos acidentais, por pequenos que sejam, à sua combinação perfeita com os elementos e princípios elementares são a causa da sua degenerescência em metais menos nobres que o ouro. Em qualquer momento do desenvolvimento e crescimento destes será, todavia, possível proceder à correcção da errada proporção dos elementos juntos à semente inicial que originaram a sua individualidade, operando a sua transmutação. Trata-se, porém, duma correcção tão complexa e delicada e com tão elevado número de variáveis que na prática, só um poder verdadeiramente divino a poderá realizar em tempo humano; para a conseguir por simples conjugação das forças naturais, a Natureza precisará dum tempo infindo que o Homem não descobriu ainda como encurtar. A procura da Pedra Filosofal, essa Pedra cujo poder consiga consumar a desejada correcção, mais não é que o perseguir dessa realização. Cientificamente, hoje sabemos que essa transmutação é possível e sabemos em que consiste. Sabemos que, de facto, os diferentes elementos são transmutáveis uns nos outros por alteração dos átomos, em particular, por alteração dos núcleos atómicos, com introdução ou remoção de protões e neutrões. Sabemos que ela se realiza todos os dias, ao natural, no seio do planeta em que vivemos e em muitas outras partes do nosso universo, onde um restrito número de elementos, por um processo de fissão nuclear com decaimento radioactivo se transforma continuamente noutros. E sabemos que nas condições prodigiosas de pressão e temperatura verificadas no interior de muitas estrelas, os átomos de vários elementos mais leves (por exemplo, o hidrogénio e o hélio) se transformam também continuamente, agora por um processo de fusão nuclear, noutros átomos mais pesados Confrontados com o “nascer” diário de novos elementos no nosso universo a partir de outros já existentes, não podemos rejeitar a filosofia alquimista da transmutação dos metais, pressuposto das canseiras em que gastavam parte preciosa de suas vidas, tentando descobrir o modo de transmutar os metais “vis” nos metais nobres, a prata e o ouro. Que o ómega da transformação natural de uns elementos em outros seja o ouro é uma crença que podemos viver com maior ou menor convicção; que essa transformação é um facto é dado inegável que se impõe comungar com a mais pura filosofia alquímica. 1.3 No contexto alquímico da origem comum de todas as coisas, a semente que estaria na origem de tudo teria sido gerada por acção divina e atirada pelo movimento indefinido dos quatro elementos para o centro da terra onde, sob a acção do Arqueu, o servo da natureza, é digerida e de seguida atirada para a periferia, pois que o centro da terra é um lugar vazio onde nada pode permanecer eternamente. Assim como a semente depositada pelo homem no ventre da mulher não mais tem repouso e, instante a instante, sob o impulso do movimento que a anima, cresce e harmoniosamente se desenvolve, assim a semente de todas as coisas ejectada do centro da terra para a periferia na forma de um vapor húmido não cessa de se desenvolver, originando cada dia novas e diferentes substâncias. Na sua combinação com diferentes quantidades de ar, terra, fogo e água, nos múltiplos e diferentes contactos e acção com a diferente natureza dos lugares onde cai e se fixa, ela pode tornar-se numa erva, num animal, ou num mineral. E em qualquer destas categorias, numa erva ou planta bem específicas, como num animal ou metal bem precisos. Atingido o seu crescimento e desenvolvimento numa forma específica, torna-se, na generalidade dos casos, muito difícil alterá-la para outra qualquer forma específica. A semente dos metais não é, pois, diferente da semente de todas as demais substâncias existentes no universo. E por sua vez, a semente do ouro, tido como o mais puro e nobre dos metais, não é diferente da semente de qualquer outro metal. Ela transformou-se em ouro quando, em locais adequados e sob condições favoráveis, teve a possibilidade de se combinar com os diferentes elementos primordiais dispersos por todos os lugares, no seu grau máximo de acção subtil e pura, o máximo de calor e de humidade. Se a acção de algum dos elementos sobre a semente original não se concretizou no seu máximo, o metal obtido terá necessariamente algum grau de imperfeição, traduzido numa matéria prima com diferente grau de humidade, viscosidade, combustibilidade e terra subtil. Quanto maior for o grau de imperfeição, mais o metal formado, numa escala de ordenação dos diferentes metais por relação com a sua proximidade ao ouro, mais afastado dele estará. Neste contexto, a aproximação da natureza de qualquer metal à natureza do ouro terá de envolver sempre uma purificação. Do mesmo modo, porque o ouro aparece em muitos locais misturado com metais menos perfeitos, a procura da sua acção máxima carece também ela do recurso a uma acção de purificação pela qual dele se separem as imperfeições dos elementos a ele associados. A sua utilização como remédio exige esse processo de purificação, procurando isolar a sua quinta-essência. Fazê-lo é proceder à sua anatomia, similar à anatomia de qualquer outra substância química que fazia parte do objectivo primeiro que se propunham os químicos espagíricos na sua arte de resolver os corpos naturais nos princípios de que são feitos, de modo a torná-los mais puros e fortes para serem utilizados como remédios maximamente eficazes.. Se várias técnicas há que podem servir para realizar essa anatomia, a tida como mais eficaz e adequada sempre foi a destilação, tida pelos alquimistas e seus sucessores na prática laboratorial da química, como uma arte sublime. 2. Em busca do ouro potável 2.1 - Na sua generalidade, os metais não faziam parte do elenco do receituário medicinal da Química Galénica, ao longo dos vastos séculos em que no Ocidente, foi praticada em regímen de prática exclusiva. Por um lado, eram conhecidas as dificuldades da solubilização da maioria daqueles que se conheciam e consequente assimilação pelo organismo que os ingerisse; por outro lado, eram conhecidos muitos efeitos perniciosos, nomeadamente efeitos tóxicos, resultantes da ingestão de alguns deles, em doses inadequadas. E era muito difícil encontrar o doseamento correcto. Sobre este assunto, refere Duarte Madeira Arraes (? - 1652), médico do Rei D. João IV de Portugal, no seu Tratado das Virtudes dos Óleos de Enxofre, Vitríolo, Philosophorum, Alecrim, Salva e Agoa Ardente (1648): o médico metódico e douto deve abster-se quanto for possível de usar os medicamentos metálicos pois que embora sejam “especiosos catárticos e façam efeitos admiráveis em gravíssimas e extremas doenças”, “por mais que lhe pareçam que têm a decente preparaçam”, “he impossivel que ainda assim não escape alguma qualidade venenosa e perniciosa de que os mineraes são bem aquinhoados”. Daí continua “até agora poucos foram os que particularmente usaram delles que chegassem a morrer velhos. E se lá chegaram, viveram cachéticos e hydropicos”. Por isso, na sua prática médica, ele os “deixa de parte (salvo a extrema necessidade o peça)” e se cinge aos “catharticos brandos tirados dos vegetaveis ainda muito bem preparados” [4]. A quase nula utilização dos metais para fins terapêuticos estendia-se também ao ouro, não obstante ser por todos tido como o mais nobre, perfeito e ambicionado bem. Acreditava-se que ele não podia ser dissolvido a não ser por acção de um ácido altamente corrosivo [5], e cria-se que “nele o enxofre está fixo e incombustível duma maneira tal que o torna invencível contra todas as forças do fogo” [6]. Só nos finais do século XVI e princípios do século XVII, com a múltipla contestação movida a muitas das práticas da Química Galénica, se verificou um crescente recurso a fármacos preparados utilizando metais. Na lista deles aparece o ouro. Em 1571, Guinther defendia que prepará-lo para esse efeito seria “o maior contributo que os preparadores químicos poderiam oferecer à medicina, pois o seu poder era divino e servia para curar a maioria das doenças [7]. Anos depois, em 1610, com a publicação do seu tratado Medicinae Chymiae, Francis Anthony (1550-1623), citando Paracelso, Penotus e Duchesne, defendia que o ouro adequadamente tratado poderia ser utilizado em solução, tornando-se no mais nobre dos remédios, na forma de ouro potável. E, em 1616, voltava ao assunto, insistindo na sua apologia[ 8]. Para o mesmo efeito, poderia ser também usado noutras formas, como, por exemplo, o óleo de ouro, o vitríolo de ouro, o ouro diaforético, o mercúrio vivo, etc... Nesses mesmos anos, o químico italiano Alexandre Quintillo, estabelecido em Madrid, publicava a sua Relacion y Memoria de los maravillosos effectos y notables provechos que han hecho y hazen los polvos blancos solutivos de la quinta esencia del oro” [ 9] em que sem usar nunca a terminología de ouro potável refere as preparações medicamentosas feitas, como o indica o próprio título da publicação, com os pós brancos da quinta essência do ouro que ele próprio preparava a partir de ouro e antimónio, para satisfazer às numerosas encomendas que lhe chegavam das Indias e de vários países. Pela descrição que faz, essas preparações serviam para curar as mais diversas doenças. Pela sua composição e pela eficácia que lhes era atribuida, tratava-se do mesmo tipo de preparado medicamentoso a que Francis Anthony chamara aurum potabile, uma infusão de ouro no máximo da sua pureza, traduzida no máximo da sua matéria constituinte em Mercúrio, Enxofre e Sal puríssimos e maximamente activos. A sua preparação passou, então, a ser tentada por grande número de Médicos e Farmacêuticos, cada qual guardando ciosamente segredo sobre o modo como o fazia, mesmo quando o descrevia publicamente. É que, neste caso, a descrição é de tal modo cabalística que nem os melhores iniciados estão de acordo quanto á sua leitura e interpretação. Toda a arte está no isolamento da quinta-essência do ouro. Por muitas operações químicas, o objectivo é tentar “abrir” o ouro, separando o seu sal e o seu enxofre, isolando o seu mercúrio. Só conseguida esta separação se teria o ouro potável: separados o sal e o enxofre que entram na sua constituição, estes dissolver-se-iam num licor que seria o ouro potável, capaz de se dissolver por todo o corpo enfermo, curando qualquer enfermidade que nele encontrasse. Esta é a anatomia do ouro metálico, de maior ou menor grau de pureza, com obtenção da sua quinta-essência, o mercúrio filosófico, na forma de “pó de ouro” ou na forma de “óleo de ouro”, cujos infusões são o ouro potável. Em 1651, John French (ca.1616 ? 1657), no Livro VI do seu tratado sobre a Arte da Destilação, apresenta uma receita, que com algumas variações, se tornou comum entre os receituários da época. Em traços largos, é do seguinte teor : Dissolva-se o mais fino e puro ouro em água régia até se obter uma solução límpida. Coloque-se esta solução num balão de vidro de gargalo largo e junte-se-lhe gota a gota óleo de tártaro até que a solução que antes era amarelada se torne totalmente clara e transparente, sinal que toda a cal do ouro se depositou no fundo do balão. Deixe-se essa solução em total repouso durante toda a noite e, na manhã seguinte, separe-se a cal de ouro depositada da solução. Lave-se o resíduo de cal de ouro quatro ou cinco vezes com água morna muito pura e seque-se sob aquecimento brando. Junte-se-lhe então meia porção de pó de enxofre. Misture-se tudo muito bem e, num cadinho aberto, queime-se o enxofre presente, primeiro sob fogo brando, depois sob um fogo mais intenso, por mais de uma hora, até que a cal de ouro se torne brilhante e fina. A esta junte-se um licor preparado a partir de urina humana repetidamente destilada, durante longos dias, em condições diversas de temperatura e usando diferentes tipos de destilador. Deixe-se a mistura digerir sob fogo brando durante algum tempo até ficar da cor do sangue. Faça-se a decantação desta tintura e junte-se-lhe mais quantidade do licor preparado a partir da urina humana e decante-se novamente e novamente se junte ao decantado uma outra porção desse licor, repetindo a operação tantas vezes quantas as necessárias para extrair toda a tintura. Juntem-se então todas as porções de tintura extraida e faça-se a sua digestão durante doze dias, finda a qual se proceda à sua destilação. Obter-se-á assim uma cal de ouro parecida com um óleo vermelho como o sangue, de odor agradável e solúvel em qualquer licor. Esse óleo deve ser guardado como um tesouro precioso; ele é a quinta-essência do ouro com a qual se podem preparar diversas infusões que mais não serão que outras tantas variedades de ouro potável. A mais comum dessas infusões será aquela que se prepara dissolvendo essa essência do ouro em álcool de vinho; mas também o é quando se dissolva em água e noutros liquidos mais apropriados ao tipo de doença em cuja cura se queira utilizar. Pequenas porções da quinta-essência de ouro assim preparada serão suficientes para preparar grandes quantidades de ouro potável de efeitos maravilhosos nos mais diversos tipos de enfermidades [10]. No mesmo capítulo deste seu livro sobre a Arte da Destilação, J. French descreve vários outros processos de preparação de outros óleos e tinturas de ouro, todos eles a partir de ouro puro dissolvido em água régia e tratado depois com licores diversos. De todos esses óleos e tinturas se diz possuirem propriedades inigualáveis e de suprema eficácia no campo medicamentoso. E outro tanto refere quanto à preparação de idênticas soluções a partir da prata pura, designadas de modo semelhante por prata potável, óleos de prata e tinturas de prata, também elas de muita eficácia quando utilizadas como remédios. 2.2 - Em Portugal, não encontramos grandes referências ao ouro potável preparado a partir da sua quinta-essência, o Mercúrio filosófico, isolado pelo tipo de operações químicas descritas por J. French. Os medicamentos tidos como preparações de ouro com virtudes de máxima eficácia, como preparados do mais nobre e divino dos metais, que encontramos nas nossas Farmacopeias ficam-se, em geral, por preparados à base dos já referidos pós de Quintilho, com muitas dúvidas sobre a sua verdadeira natureza. Zacuto Lusitano (1575-1642), em 1629, na sua historia de Medicina, De Medicorum Principium Historia [11], faz uma referência a esses pós de ouro comercializados e relacionados por A.Quintillo, dizendo que numa análise que deles fizera, não encontrara na sua composição quaisquer vestígios de ouro. Como ele, muitos outros Médicos de então, consideraram que era um abuso e um perigo usar como medicamento as infusões preparadas com esses pós, considerando que elas continham sobretudo antimónio, um metal cujos efeitos terapêuticos tinham como altamente nocivos. Desta dissenção nos dá conta Frei Manoel de Azevedo, religioso da Ordem de Nossa Senhora do Carmo, na sua Correçam de Abusos Introduzidos Contra o Verdadeiro Methodo da Medicina, publicada em 1668, em que se insurge-se fortemente contra os contestatários dos pós de Quintilho, indo ao ponto de os rotular de “Medequinhos de ágoa doce”, e considerando a rejeição que faziam dos ditos pós, um dos vários abusos que perniciosamente se haviam introduzido na prática médica. No Tratado II dessa sua obra, Frei Manoel de Azevedo discorre longamente sobre o “De quanto proveito sejam os pós purgativos do ouro preparado” em que defende entusiastica e cegamente os pós de Quintillo. Apresenta-os como a quinta-essência tirada da destilação repetida do ouro que dissolvidos em vinho, ou noutro licor apropriado, são remédio seguro, proveitoso, fácil e sem suspeita alguma, para todos os géneros de enfermidades: “com conselho do Medico, se pode usar em todas as idades e complexoens, especialmente nas enfermidades rebeldes, contumazes, malignas e pestilentas, e para o morbo gallico”. E aduz em favor da sua utilização, um rol nominativo de um grande número de Médicos e Boticários, religiosos e capelães que os usaram e receitaram com grande êxito na cura de muitas e variadas doenças [12] Sem referir nunca o modo como esses pós fossem preparados, o autor da Correçam de Abusos Introduzidos Contra o Verdadeiro Methodo da Medicina remete para os que eram comercializados com esse nome em qualquer botica e para as infusões que com eles prepararam os Protomédicos Alfaro, Bartelis e Jaen, insurgindo-se duramente contra “uns certos Medequinhos de ágoa doce que dizem e pregoão a boca cheia que como estes pós são de antimónio não querem usar delles” e procurando mostrar-lhes “ex abundante”, quanto se enganam [13]. Na sua argumentação, Frei Manoel de Azevedo não mostra que estivessem enganados aqueles que não acreditavam que os pós de Quintillo fossem verdadeiramente “pós solutivos da quinta essência do ouro”, como se depreendia da apresentação que deles fizera o seu autor; apenas tenta mostrar que se enganam todos aqueles que não aceitam como eficazes e de grande proveito os remédios que contenham antimónio, já que todo o seu discurso se volta inteiramente contra aqueles que não querem usar os pós de Quintillho por eles conterem antimónio. Deste modo, Frei Manoel de Azevedo admitia com toda a clareza que esses pós continham realmente antimónio, sem, todavia, alguma vez negar que fossem um preparado de ouro. Porém, os Médicos seus adversários iam muito mais longe e tinham-nos como mero preparado de antimónio, sem qualquer porção de ouro, como o mostrara a análise de Zacuto Lusitano. As receitas que encontramos em alguns autores para a sua preparação, nomeadamente em diversas Farmacopeias, apontam claramente no sentido de que tais pós eram de facto pós de antimónio e não pós de ouro. Entre tais receitas, citem-se as receitas apresentadas por Curvo de Semmedo na Polyanthea Medicinal ou por D. Caetano de Santo António na Farmacopea Lusitana para os pós de Quintilio que entendemos, pelas aplicações e poderes curativos que lhes atribuem, como sendo os do Médico de Madrid Alexandre Quintillo, com o nome adapatado à lingua portuguesa. A receita que os dois autores apresentam é exactamente a mesma e descrita nos mesmos precisos termos. Para ambos, a preparação dos referidos pós faz-se a partir de meio arratel de antimónio que depois de reduzido a pó muito fino e subtil é tratado com igual quantidade de salitre até formar uma mistura bem homogénea que aquecida num cadinho sob fogo intenso resulte num calcinado cor de fígado assado. Repetidamente lavado para dele tirar todo o salitre, este calcinado é dissolvido em água; deixado em repouso, dá origem a uns pós que assentam no fundo do recipiente em que está contido. São os pós de Quintilio [14-15]. Curvo de Semmedo considera que estes seus pós de Quintilio são o “Crocus Metallorum”, a que “por seus maravilhosos effeitos chamou Martin Ruland Terra Santa e abençoada; eles são os pós a que Valentino chama oitava maravilha do mundo; estes são os pós a que Poterio chama Pedra de Sevar para navegar segura a embarcação da vida; estes são os pós com que se faz o vinho santo e eméctico; estes finalmente são os pós com que se faz a Agua Benedicta, vigorada e simples, e os melhores sudoríficos e diaforéticos, e mil outros remédios que deixo de referir por não enfadar”. E continua: “digo e afirmo diante de Deus e dos homens, que as curas mais prodigiosas que tenho feito no decurso de trinta e sete anos, as fiz com os pós de Quintilio, ou com àgua Benedita, ou com o vinho emético, que tudo é feito de Antimónio preparado” pois não são senão infusões preparadas com os referidos pós que também podem ser tomados em substância, conforme o maior ou menor estado de fraqueza em que se encontre o doente [16]. Por sua vez, D. Caetano de Santo António antes de referir a sua receita que, como dissemos, é literalmente a de Curvo Semmedo, e é a mesma, sem qualquer modificação, nas diversas edições da sua obra, diz que segue, para o efeito, a receita que N. Lémery apresenta na Part.2, cp.IX do seu Curso de Química. Ora, reportando-nos nós ao conteúdo desta referência, nela encontramos pura e simplesmente referência ao antimónio, seus preparados, suas propriedades e suas utilizações [17]. Nunca N. Lémery, nem no seu Curso de Química, nem na sua Farmacopeia Universal [18] se refere a quaisquer pós com o nome de pós de Quintilio. Referindo os efeitos maravilhosos e as maravilhosas curas que operou usando os pós de Quintilio, João Curvo de Semmedo deixa claro que as infusões que com eles se preparam, seja a água Benedita, seja o Vinho Eméctico, não devem ser identificadas com o ouro potável. De facto, em toda a Polyanthea Medicinal encontramos apenas uma muito breve referência a este, apresentando-o como um grande remedio, sem dizer nunca como prepará-lo. Pelo curioso da referência, aqui anotamos o teor dessa passagem: “o ouro potavel he grande remedio contra os Vágados, dando delle cinco ou seis gotas em agua cozida com hyssopo; em falta de oyro potavel pode servir a prata potavel, ou mesmo a prata preparada filosoficamente, e misturada com redobrada quantidade de esterco de pavão fêmea, se for molher, ou de pavão macho se for homem, continuando este remedio muitos dias. Polverizar a cabeça, rapada à navalha, com pó de bichos da seda, tem especial virtude neste caso. Dar cinco, ou seis dias, nove gottas de oleo de pão de buxo, feito per descendo, untando também com elle as fontes da cabeça, & as arterias que estão detraz das orelhas, he grande remedio, o electuario que se faz de huma oitava de ambar branco, outra de pó de unha de gram besta, hum escropulo de almiscar fino, meia onça de pó de pão de Aguila, com hum escropulo de cardomomo menor, outro de noz moscada, misturando tudo com assucar, & humas gottas de oleo de cravo, se forme electuario, de que darão ao doente meya oitava cada dia. Serve também para as apoplexias e gota coral” [19]. Não encontramos também qualquer referência ao ouro potável nas diferentes edições da Farmacopeia Lusitana. Seguindo de muito perto as receitas do Curso de Química de N. Lémery, não surpreende que o seu autor, D. Caetano de Santo António partilhasse da sua opinião sobre esse possível preparado de ouro, que o autor francês deixou bem clara no seu livro, rejeitando com toda a veemência muitas das preparações referidas pelos alquimistas. Tratando do ouro, escreve ele sobre o ouro potável: “O ouro potável dos alquimistas, cuja virtude eles tanto louvam e que vendem muito caro, não é, habitualmente, senão uma tintura de algum vegetal ou de algum mineral cuja cor se parece com a do ouro; preparada a partir de um mênstruo espirituoso, ela excita, por vezes, o suor; eles atribuem este efeito ao ouro quando, em geral, este nada tem a ver com ele. É um modo de enganar que resulta na maioria dos casos, pois que em matéria de remédios os utilizadores são sempre muito crédulos, sobretudo quando se lhes fala dum remédio universal, como se faz crer que o é o ouro potável. Mostraremos em seguida que o que é apresentado como ouro potável não é senão uma quimera” Marcada esta sua posição, N. Lémery refere de seguida, com bastante pormenor, que a preparação do ouro potável por parte daqueles que habitualmente o vendem mais não é que a fixação do mercúrio com um verdete de um composto de cobre que confere ao mercúrio uma cor amarela, reforçada depois com uma matéria vegetal ou mineral. Na maioria dos casos essa fixação é tão fraca que o preparado se esvai em fumo por simples aquecimento; e mesmo nos casos em que se trate duma fixação mais forte, em geral não resiste a provas muito simples de testes de ensaio utilizados na pesquisa do ouro verdadeiro [20]. Insurgindo-se contra a existência do ouro potável, N. Lémery insurge-se também contra a generalidade dos remédios de natureza metálica cuja eficácia medicamentosa seja relacionada com a presença neles da semente universal do ouro que segundo os seus defensores, abundaria no espírito ácido universal e que seria a sua quinta-essência. Para ele, tal não fazia sentido, e era sua convicção que trabalhar no fabrico do ouro a partir desse espírito universal seria trabalhar nas trevas e em vão. Todo o trabalho dos alquimistas nesse sentido não lhe merecia pois, qualquer crédito, a ponto de categoricamente rotular a arte deles como “artis sine arte, cujus principium, mentiri, medium laborare et finis mendicare”, uma arte sem arte, em cujo começo está a mentira; no meio, o trabalho; e no fim, o mendigar [21]. Ainda na classe de receituários farmacêuticos de carácter iatroquímico, editados em Portugal na primeira metade de século XVIII, deve notar-se que João Vigier não fez qualquer referência nem ao ouro potável, nem a qualquer preparado de ouro, nem sequer aos pós de Quintilio seja na Farmacopeia Ulissiponense [22 ], seja nas diferentes edições do Thesouro Apollíneo[23]. Por sua vez, a Farmacopeia Tubalense de Manoel Rodrigues Coelho, não se referindo nunca ao ouro potável, na edição de 1735, apresenta a receita para um preparado a partir de limalhas de ouro dissolvidas em água régia e tratadas com sal amoníaco que na forma de pós, diz ser excelente sudorífero e a que chama “Crocus auri”, açafrão de ouro, ou ainda, ouro fulminante ou volátil, porque quando aquecidos numa colher de metal, esses pós “produzirão hum grande estrondo como se fosse huma libra de Pólvora bem atacada” [24]. A receita é reproduzida “ipsis verbis” na edição de 1760 [25]. Nestas duas edições, por iguais palavras, o autor refere uma receita para os pós de Quintilio que explicitamente identifica com o Crocus Metallorum e a Terra Sancta de Rulando, remetendo para as páginas 152-163 do Lexicon de Jungken e para a Biblioteca Pharmaceutica de Manget [26] como sendo um preparado a partir de antimónio subtilíssimo pulverizado e fundido sob fogo intenso depois de misturado com salitre puríssimo [27]. Na edição de 1751, a apresentação é um pouco diferente. Nela não há também qualquer referência ao ouro potável, nem a qualquer preparado de ouro; há sim uma simples referência ao Crocus Metallorum Absynthiacus, incluido na Classe II dos preparados descritos no Escrutíneo Médico de Ribera como sendo o mesmo Quintilio, preparado a partir de partes iguais de antimónio e sal de Losna vitriolado [28]. Tendo como assente que os pós de Quintilio, em qualquer das suas variantes, eram, de facto, preparados de antimónio e não verdadeiros preparados de ouro, não surpreende que fossem tidos como pós de ouro posto que fazia parte da mais pura tradição alquímica que a verdadeira Pedra Filosofal, esse “preciosíssimo dom de Deus” [29] que transforma os metais imperfeitos no ouro mais puro, seria feita do antimónio mineral, claramente a considerava Mylus na sua Anatomia do Ouro [30]. 2.3 O ouro potável como medicamento feito da quinta-essência do ouro desaparece do receituário farmacêutico a partir do momento em que a ciência química rejeitou a composição dos corpos baseada num quinta-essência, fosse ela de que natureza fosse. Com o desenvolvimento progressivo da teoria atómica, caiu por terra a procura dos arcana em que a iatroquímica acreditava e procurava. Nem por isso se deixou de falar do ouro potável. Ainda hoje podemos encontrar, aqui e ali, preparados com esse nome a que são atribuidas as mais fantásticas propriedades curativas; e também outros diversos preparados do mesmo género que levam o nome de óleos de ouro. Deixada de lado a anatomia dos metais praticada pelos iatroquímicos, no quadro da ciência química não se podem considerar enganosas as infusões que sejam promovidas com algum desses rótulos, caso contenham ouro dissolvido. Esta foi prática corrente no século XIX, com especial ênfase pra as preparações de ouro conhecidas pelos nomes “Ouro Potável” e “Ouro Fulminante”. À natureza de uma e outro se refere, por exemplo, o boticário António José de Sousa Pinto em 1805: “Para obter Ouro Potável faz-se dissolver em hum calor moderado meia oitava de Ouro Fino em duas onças de Água Régia, ou de Ácido Nítrico-Muriático; acrescenta-se à dissolução huma onça de Óleo Essencial de Alecrim; vascoleja-se a mistura e depois deixa-se socegar. O Ácido perde a sua cor de Ouro, e o Óleo que se eleva à face , he muito corado. Separa-se o Óleo por decantação; ajunta-se-lhe quatro ou cinco onças de Espírito rectificado; tenha-se esta mistura em digestão por um mês, e adquirirá uma cor porpurea.”. O Ouro Fulminante he a dissolução de ouro precipitado por hum Alkali: deite-se Ammoníaco sobre huma dissolução de Ouro; a cor desapparece; mas no fim de algum tempo vêem-se desenvolver pequenos flocos, que se vão fazendo amarellos cada vez mais, e cahem pouco a pouco no fundo do vaso. O precipitado dessecado à sombra conhece-se pelo nome de Ouro Fulminante” “Estes pós necessitam secar-se à sombra com a maior cautella; porque hum calor muito brando basta para o fazer detonar com violência, razão porque he chamado Fulminante” [31]. De facto, qualquer destas soluções assim preparadas corresponde a uma solução de ouro que poderá ser convenientemente ingerida como bebida, satisfazendo adequadamente à terminologia “ouro potável”; ela contém realmente ouro pronto para ser ingerido na forma de bebida e é, portanto, uma verdadeira bebida de ouro na sua integridade física, ouro com toda a sua “massa corporal” e não apenas em alguma das suas componentes anatómicas, o sal, o enxofre e o mercúrio filosófico dos alquimistas. Só a quinta-essência destas serviria para preparar o verdadeiro “ouro potável” dos iatroquímicos. Só por acção dessa quinta-essência esse “ouro potável” seria verdadeira “panaceia universal” para acudir a todos os males. O “ouro potável” da química moderna não é certamente o “ouro potável” dos iatroquímicos. Por maravilhosas e eficazes que possam ser as virtudes curativas de muitos preparados de ouro, bebíveis ou em qualquer outra forma de administração, em nenhum deles se encontrou ainda a “panaceia universal” da Medicina. Notas: [1] - Christophe Glaser, Traité de la Chimie (Paris, chez l´Autheur, 1663), p.3. [2] - M. Daumas, La Chimie des Principes in Histoire Générale des Sciences (Paris, Ed. René Taton, Presses Universitaires de France), Tom.II, 1972, cp.VI, pp. 354-367 [3] - Ralph Oester, Alchemy: Folly or Wisdom, in J. Chem. Educ. 7 (1930), 2664-2676. [ 4] - Duarte Madeira Arraes, Tratado das Virtudes dos Óleos de Enxofre, Vitríolo, Philosophorum, Philosophorum, Alecrim, Salva e Agoa Ardente ( Lisboa, 1648, Ms. 193 da Biblioteca da Universidade de Coimbra), pp.22-22vs. [5] - Matthew Gwinne, In assertorem chymiae, sed verae medicinae desertorem, Fra Anthonium, (London, R. Field, 1611), p.109. [ 6] - Joseph Duchesne (Quercetanus), Ad Veritatem Hermeticae Medicinae ex Hippocratis, (Frankfurt, Wolffgang Richter & Conrad Nebeniu, 1605), pp. 151-152. [7] - Joannes Guinther von Andernach, De medicina veteri et nova tum cognoscenda, tum faciunda commentarii duo, 2 vols. ( Basel, Henric Petrina, 1571), pp.650-651. [8 ] - Francis Anthony, Medicinae Chymiae, et veri potabilis auri assertio (Cambridge, C. Legge, 1610), pp.25-31; Ibidem, Apologia Veritatis illucescentis pro auro potabile (Londres, J, Legatt, 1616); Ibidem, The Apologie, or, defence of a verity heretofore published concerning a medicine called Aurum Potabile (Londres, J, Legatt, 1616). [ 9] - Alexandre Quintillo, Relacion y Memoria de los maravillosos effectos y notables provechos que han hecho y hazen los polvos blancos solutivos de la quinta esencia del oro (2ª edição, Madrid, 1609). [10] - John French, The Art of Distillation (Londres Richard Cotes, 1651), cp. VI. [11] - Zacuto Lusitano, De Medicorum Principium Historia (Lisboa, 1629) [12] - Frei Manoel de Azevedo, Correçam de Abusos Introduzidos Contra o Verdadeiro Methodo da Medicina (Lisboa, Officina Joam da Costa, 1680), Tom. II, Parte II, Trat.III, pp. 129-171). [13] - Idem, pp.202-218). [14] - João Curvo de Semmedo, Polyanthea Medicinal, Noticias Galenicas e Chymicas repartidas em Três Tratados (Lisboa, Off. António Pedrozo Galram,1704), Trat. II, cp. V, pp.38-39. [15] - D. Caetano de Santo António, Farmacopea Lusitana (Coimbra, Off. João Antunes, 1704) Trat. 9, nº18, pp. 301-302. [ 16] - João Curvo de Semmedo, op. cit., Trat. II, cp. V, p.39. [ 17] - Nicolas Lémery, Cours de Chimie (Paris, Jean Baptiste Delespine, 1713), Part. II, cp. IX, pp. 314-371. [18 ] - Nicolas Lémery, Pharmacopée Universelle (Amsterdam, Aux dépens de la Compagnie, 1748). [19 ] - João Curvo Semmedo, o. cit., Trat. II, cp. VIII, § 47, p.68. [ 20] - Nicolas Lémery, Cours de Chimie, Loc. cit., Part. I, cp. I, pp. 82-83. [ 21] - Idem. p.85 [22] - Joam Vigier, Pharmacopea Ulyssiponense, Galenica e Chimica que contem os Principios e Termos Gerais de huma e outra Pharmácia (Lisboa, Off. Pascoal da Sylva, 1716) [23] - Joam Vigier, Thesouro Apollíneo Galénico, Chimico,Chirurgico, Pharmaceutico (Lisboa, Off. Real Landesiana, 1714; Coimbra, Off. Luis Seco Ferreyra, 1745; Lisboa, Off. Miguel Rodrigues,1745) [24] - Manoel Rodrigues Coelho, Pharmacopea Tubalense Chemico-Galenica (Lisboa Occidental, Off. Antonio de Sousa Sylva, 1735), cp. 80, pp. 830-831. [25] - Manoel Rodrigues Coelho, Pharmacopea Tubalense Chemico-Galenica (Roma, Off. Balio Geredini, 1760) [26] J. J. Manget, Biblioteca Pharmaceutica-medica (Genebra, 1703), Tom. I, p. 814. [27] - Manoel Rodrigues Coelho, locs. cits.,cp.80, p. 83; cp. 80, p.859. [28] - Manoel Rodrigues Coelho, Pharmacopea Tubalense Chemico-Galenica (Lisboa, Off. José da Sylva Natividade, 1751), p. 161. [29] George Aurach de Argentina, Pretiosissimum Donumn Dei (Basileia, 1475). [30] Johann Daniel Lylus, Anatomia Auri (Frankfurt, 1628). [31] - António José de Sousa Pinto, Elementos de Pharmacia, Chimica e Botanica (Lisboa, Impressão Régia, 1805), cp. XI, pp. 173-174. _____________________________ António Marinho Amorim da Costa (1939) é professor catedrático no Departamento de Química da Faculdade de Ciências de Coimbra. Alguns livros seus na área da História e Filosofia das ciências:
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