Chazinho Zen

ZUCA SARDAN


BOLETIM ZEN-DÔ
zuca sardan – 918


A-  PATO AZUL

Foge o Pato Azul

do Bule Verde e revoa

nas nuvens do Chá Zen

(boa marca conhecida)

 

2-  BULE VERDE    

A não-existência decorre

do próprio vazio do Bule

e a existência do Chá

depende do Zen

 

 

3-  BONZO 

Se o Bonzo abrir a boca

o Pato do Dia pula dentro…

a Natureza detesta o vácuo

o Bonzo sopr’as penas fora

 

4 – VELHA

A Velha tenta vender

umas mandalas de osso

são bem baratinhas…

APROVEITA, FREGUÊS !!!

 

5 – OSSOS

Não jogues os ossos

do pato no aquário…

GUARDA NO BOLSO !!!

(nunca se sabe…)

 

6-  VELHA

Não enxotes a Velha

ele é muito teimosa…

volta de vassoura

e varre o quintal

 

7-   NANAKA

Velha Nanaka

se esquece de tudo

às vezes até dela mesma

e não sabe onde está.

 

8-  BADERNAS

Se há badernas em casa

se fala de patriotismo…

Se há brigas na esquina

se fala de mães devotas

 

Zuca Sardan, nome literário de Carlos Felipe Alves Saldanha (Rio de Janeiro, 18 de agosto de 1933) é um poeta, escritor, desenhista e diplomata brasileiro. É um dos representantes da poesia marginal brasileira da década de 1970. Sua obra é marcada pela irreverência e pela ironia.

Saldanha nasceu no Rio de Janeiro, filho do artista plástico Firmino Saldanha. Começou a seguir a carreira de pintura, mas inspirado no filme Orfeu de Jean Cocteau decidiu tornar-se “um famoso poeta surrealista desconhecido”, em suas palavras. Nos anos 50, publicou folhetos mimeografados (“spholhetos”) de pequena tiragem com suas poesias. Mais tarde, adotaria o xerox.

Saldanha formou-se em Arquitetura pela Universidade do Brasil, em 1956. Entre 1963 e 1965 fez o curso preparatório de diplomata no Instituto Rio Branco. Serviu como diplomata na Argélia, República Dominicana, Estados Unidos, União Soviética, Holanda e Alemanha, onde radicou-se em Hamburgo.

Saldanha participou em 1976 da coletânea “26 Poetas Hoje”, juntamente com nomes como Ana Cristina César, Cacaso, Geraldo Carneiro, Chacal, Waly Salomão e Torquato Neto.

O artista assinava suas obras como Carlos Saldanha, depois como Zuca Sardana, tendo finalmente adotado o nome Zuca Sardan em 1993, com a publicação de “Osso do Coração”.

Da Wikipédia