PREMIO EUROPA
POESIA 2005

Livro delle Cadute
(Livro das Quedas)

Casimiro de Brito


Assim se intitula o prémio europeu de poesia (para o melhor livro de poesia estrangeiro editado em Itália em 2004) que foi atribuído ao Livro delle Cadute, de Casimiro de Brito, editado pela editora Casta Diva, em tradução de Manuel Simões e com posfácio do poeta italiano Paolo Ruffilli.

O Prémio foi atribuído por um júri internacional de que fazem parte, entre outros, os escritores: Bernard Noël, Cees Nooteboom, Paolo Ruffilli, Guido Garuffi, Jordi Virallonga, Willem van Toorn, Antonio Santori.

O Prémio será entregue numa cerimónia em Fermo, em 9 de Julho, e haverá um recital do poeta português e um concerto dos Madre de Deus, que ganharam o Prémio Europa Speciale, para Música.

O Libro delle Cadute é uma antologia com fragmentos do Livro das Quedas, um poema "infinito" (e que será o último poema do autor), cujo primeiro volume, com 124 fragmentos, acaba de ser editado em Portugal pela Roma Editora. O poema tem actualmente cerca de 500 fragmentos, correspondentes a mais de 800 páginas ‹e é uma longa reflexão poética onde cabem todos os temas e preocupações do homem, levando com subtítulo Ars Moriendi, "arte de bem morrer". É um poema labiríntico e enciclopédico, e cada um dos seus fragmentos apresenta-se como se fosse o último alento da vida, que sempre continua.

O Prémio Europa (também intitulado Mario Luzi-Sibilla Aleramo, em homenagem a estes escritores) tem vários destinatários, entre eles, para o melhor livro italiano, Franco Loi, para o melhor livro estrangeiro, Casimiro de Brito e para a melhor música, os Madre de Deus.

Os prémios inserem-se no Festival Europa 2005, sobre o tema "A Nostalgia: Ulisses e o desejo de Retorno", com um conjunto de eventos que se estende entre 2 de Junho e 12 de Outubro.

Talvez seja oportuno notar que outro dos prémios internacionais ganhos por Casimiro de Brito foi também atribuído em Itália (o Prémio Viareggio/Versilia, atribuído também mas 20 anos antes a outro poeta de língua portuguesa, o brasileiro Murilo Mendes), esse atribuído ao livro Ode & Ceia, para a melhor Obra Completa (o livro incluía os primeiros 10 livros de poesia de Casimiro de Brito).

 

Se o mundo não tivesse palavras
a palavra do mar, com toda a sua paixão,
bastava. Não lhe falta
nada: nem o enigma nem
a obsessão. Entregue ao seu ofício
de grande hospitaleiro
o mar é um animal que se refaz
em cada momento.
O amor também. Um mar
de poucas palavras.

Parabéns a Casimiro de Brito.
Prémio justo, o livro é muito intenso
e muito belo.

Maria Estela Guedes

 

 
Casimiro de Brito, escritor algarvio (natural de Loulé, Portugal), é hoje um dos autores mais importantes da Literatura Portuguesa contemporânea (a sua sistemática reeleição como Presidente do P.E.N. Clube Português é disso sinal, assim como o a Presidência do Festival Internacional de Poesia anualmente realizado em Porto Santo) e com maior projecção internacional (recordo, a título de exemplo, que o Prémio Leopoldo Senghor, na sua primeira atribuição, lhe foi entregue em Paris no final de 2002), prestígio que se reforçará aquando da publicação de uma obra sua como a segunda de uma colecção de autores contemporâneos que a UNESCO se propõe lançar em breve.

ANNABELA RITA