Cais navegante

 

FILIPE DE FIÚZA


Cais navegante: teatro metafísico em três atos

 

excerto, ACTO 1, pág. 16
 
(…)
Pessoa A: Sinto o estremecer da liberdade no destino dos homens.
Pessoa B: Só os monstros são livres.
A: Tu perto de mim, na rua do amor, porque a verdade
liberta, liberta o desespero e a fome o espírito da matéria.
B: Eu perto de ti.
A: Assim consigo ouvir o coração do silêncio.
B: Sim esse caminho em nós que nunca morrerá.
A: Perdi tudo, deixei o destino, na última primavera, mas vi
que sempre tudo é colorido e a felicidade não desiste de
invadir a vida com a mais bela arte de fazer milagres.
B: Somos filhos do grande milagre.
A: Morremos apenas de um lado da janela, no outro ainda
vivemos e somos nós, damos as mãos e colhemos flores bonitas
para nossas mães e nossos pais, sabes bem como é.
B: Tudo em nós é eco de nós mesmos, música que tocamos
sem querer porque tudo é som e vibra.
A: Tens fome porque o cosmos brilha em ti, nas tuas veias há
atmosfera divina, não precisas de mais.
B: Corro em sentido contrário ao tempo para guardar sonhos
nos casúlos das borboletas.
A: Nascemos para voar de janela em janela, até que o destino
se gaste e cumpra, depois do incêndio da noite, na delicada
loucura de fragmentos sem futuro ou lei, bichos-luz ou
cidades, nudez cósmica até ao próximo nascimento.
(…)

 
PROCURAM-SE GRUPOS DE TEATRO PARA LEVAR À CENA.
 
Sejam Felizes nesta Vida Vã.

Filipe de Fiúza | Poet . Engineer . Activist.