Bosque Branco, de Maria Azenha

 

ADALBERTO ALVES
Foto: MC Costa


Adalberto Alves . Poeta, pensador, escritor, ensaísta, arabista, historiador, conferencista e jurista português. Foi premiado com o Prémio Internacional Sharjah da UNESCO para a Cultura Árabe – 2008. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Adalberto_Coelho_Alves


Neste Bosque Branco não existem sátiros nem faunos. Ouve-se, somente, o rumor de uma solidão, quase só a dois: amante e Amado.

É de um bosque que se trata, com um lago encantado, onde os peixes são ditirambos que se alimentam de céu e terra, de paraíso e inferno, natureza e humanidade.

Espreita algures Janus bi-fronte, por entre a textura breve e profunda da sua narrativa, tão etérea como o rumor das florestas beijadas pela neve e agitadas pelo ar: nelas é que o Amor se esconde.

O coração das suas palavras, imprecisas e certeiras, tem a timidez serena de uma corça espantada pelos nossos passos na vereda.

Como uma Rabi’a Adawiyya. do nosso tempo, embriagada de  transcendência e ascese, mostra o seu rosto oculto e vai bebendo do mesmo vinho que eu bebo e do deslumbramento acetinado em que sou seu irmão.

Vem, pois, e de novo! Dá-nos, agora e sempre, a tua mão!


BOSQUE BRANCO
Maria Azenha

ͽ

Um bosque
Um barco

A lembrança do vento
O voo de um pássaro

Um número de ouro por toda a parte.

ͽ 

Ando todo o dia de rosto velado.
Penso sempre em ti, Amado.

ͽ 

– Não fales, Amor.
Tudo é um sonho.

 

MARIA AZENHA
Bosque branco
Pontevedra/São Paulo, Editora Urutau, 2020


Urutau: http://editoraurutau.com.br/titulo/bosque-branco

Maria Azenha: https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Azenha