Com apreciável persistência, explicada talvez pela sua paixão pela filatelia, Manuel Vieira Gaspar traz a público o seu oitavo trabalho de divulgação de temas da cultura açoriana. Sublinhe-se que filatelia, sem mais nada, já é cultura. Só que Manuel Vieira Gaspar teve na vida activa como profissão e, certamente, também como missão, ensinar crianças e adolescentes, para o que associou à prática pedagógica empenhada, o gosto do coleccionismo filatélico, tornado instrumento útil para aliciar e incentivar o espírito de curiosidade das crianças que lhe foram confiadas ao longo da vida. E ficou-lhe o gosto. Uma vez aposentado, deu continuidade às suas colecções e, desta feita, tirando partido da enorme variedade temática que a filatelia proporciona, vem trazendo a público – a um ritmo notável, diga-se – temas da cultura açoriana a partir dos materiais filatélicos que, pacientemente, vai acumulando nas suas colecções.
Depois de um primeiro volume editado em 2003 sob a epígrafe genérica de Património dos Açores em Filatelia, então dedicado às culturas do ananás, vinha, chá e tabaco, dá agora à estampa na mesma série um segundo volume que dedica às Cavalhadas de S. Pedro da Ribeira Seca e às Danças de Entrudo da Ilha Terceira.
Manuel Vieira Gaspar não tem, naturalmente, a pretensão de lançar novas pistas de investigação em matérias cujo conhecimento estará já relativamente consolidado. Não obstante esta circunstância, a par de um trabalho criterioso de compilação, Manuel Vieira Gaspar surpreende com a recolha de testemunhos reveladores de aspectos e detalhes que em nenhuma outra obra sobre os temas, o leitor logrará encontrar, acrescentando aos seus textos, não só as peças filatélicas de que dispõe (e muitas delas serão únicas ou raras), mas igualmente interessante complemento fotográfico representativo daquelas manifestações de cultura em paragens inimagináveis e que o recurso à Internet lhe permitiu desvendar.
Ao longo das suas 200 páginas, o mais recente trabalho de Manuel Vieira Gaspar permite apreender, de forma muito agradável, aqueles dois temas da nossa cultura popular – porventura das mais genuínas – aliando recursos que conferem a este livro um cunho de novidade a justificar plenamente a sua leitura.
Uma despretensiosa bibliografia assinala o fecho deste livro cujo termo, traduzindo sentimento e convicções, encerra eloquentemente com um Deo Gratias.
O patrocínio da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, da Câmara Municipal da Praia da Vitória e da Junta de Freguesia da Ribeira Seca da Ribeira Grande, como que atestam, a valia de mais este projecto editorial a que o professor Manuel Gaspar quis dar vida e que, estamos certos, merecerá o melhor acolhimento.
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