Num breve período de três anos (1963 a 1966), exerceu a sua actividade no Laboratório de Estudos Petrológicos e Paleontológicos do Ultramar da JIU (actual Centro de Geologia do
Instituto de Investigação Científica
Tropical). Conhecemos o Engenheiro
Frederico Machado precisamente em
1966, quando encetava a actividade
docente universitária ministrando
dois cursos livres para a Faculdade de
Ciências de Lisboa - sobre vulcanologia (que entusiasticamente nos iniciou numa disciplina até então estranha) e sobre sismologia - textos
publicados pela JIU em edições que
constituem uma via única de introdução às temáticas versadas, contendo
esboços e ilustrações fotográficas
hoje históricos:
-"Elementos de Vulcanologia" (vol.
119 da série "Estudos, Ensaios e
Documentos", JIU/Lisboa, publicado em 1966, 138 pp.);
-"Curso de Sismologia" (id., vol.
125, 1970, 156 pp.).
Foi intensa a actividade científica de
Frederico Machado nesses três anos
como investigador da JIU - as duas
monografias acabadas de citar, catorze artigos em revistas nacionais e três
em revistas internacionais. Mais produtivo ainda foi o intervalo de dois
anos como «Senior Research Workef»
no Departamento de Geologia e
Mineralogia da Universidade de
Oxford, Reino Unido. Regressado à
JIU em 1968, passou a integrar o
Agrupamento de Geofisica da Universidade de Lisboa
Neste período, merecem citação especial os seguintes trabalhos relativos
às Ilhas de Cabo Verde publicados em
1965:
-" Mechanism of Fogo Volcano,
Cape Verde Islands";
-"Carta Geológica de Cabo Verde
(na escala de 1/100.000). Notícia
explicativa da folha da Ilha do
Fogo - Estudos petrográficos" (trabalho de colaboração).
Mas o apelo das ilhas vulcânicas foi
maior e o Doutor Frederico Machado
regressou aos Açores em 1976 para
ajudar a construir a Universidade. Aí
fez a sua Agregação em Geofísica,
tendo regressado ao Continente em
1982 para integrar o Departamento
de Geociências da Universidade de
Aveiro.
A actividade científica do Prof. Doutor Frederico de Menezes Avelino
Machado inclui, naturalmente, inúmeras partlclpaçoes em reuniões
científicas - congressos e simpósios
- tanto nacionais, como internacionais, e engloba diversas visitas de
estudo a locais famosos sob o ponto
de vista vulcanológico em Itália, na
Islândia, nas Canárias e na Escócia.
Foi relator do Grupo de Trabalho para
o estudo da Vulcanologia das ilhas do
Atlântico Central, criado há alguns
anos no âmbito da Associação Internacional de Vulcanologia, com sede em Nápoles. Como é normal numa carreira bem sucedida e com elevado grau de realização, os objectivos científicos de Frederico Machado evoluíram do simples relato de ocorrências naturais para o ensaio de grandes sínteses interpretativas da globalidade dos fenómenos observados, designadamente de manifestações vulcânicas à superfície e dos efeitos sísmicos associados. Assim, nos dez anos subsequentes Frederico Machado retoma estudos anteriores sobre a viscosidade reológica do manto terrestre e sobre a pulsação de fenómenos tectónicos; desenvolve uma abordagem ao campo geomagnético, considerando variações do momento de inércia da Terra; e enceta uma incursão original nas propriedades físicas da Terra, desde a magnetização de lavas basálticas (nos Açores, 1986) até ao comportamento semicondutor do núcleo terrestre - trabalho sobre o qual estabelecemos troca de impressões, então já entre um Geofísico e um praticante de Engenharia de Materiais, de que a Mineralogia é parte relevante enquanto Ciência dos Materiais Naturais.
Ao tempo da primeira homenagem
que tivemos oportunidade de prestar
publicamente ao Professor Doutor
Frederico de Menezes Avelino Machado lançámos um repto a que o
Homenageado não teve já tempo de
corresponder: o de transpor para o âmbito da Física da Terra algumas propriedades dos materiais reconhecidas
em laboratório à escala atómica, como
- por exemplo - a supercondutividade
do hidrogénio em estado metálico
(produzido em 1993), cujas implicações podem revolucionar esta disciplina. Com o desenvolvimento das
técnicas instrumentais nos últimos cinco anos, mais importante se tomou
ainda esta problemática de transferência de escala, pelo que aqui deixamos
aos vindouros o desafio de tal abordagem, em memória do Mestre.
Lisboa, Outubro de 2003
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