Em 1 de Janeiro de 1980, um sismo de grau 7 na escala de Richter, com epi centro algures entre as ilhas Terceira e Graciosa, afectou, principalmente, aquela ilha, a de S. Jorge e a do Pico. Vinte cinco anos depois do evento, é divulgado este álbum fotográfico que abre com um pequeno texto introdutório, onde é explicitado o objectivo dos seus organizadores: prestar «uma homenagem aos que perderam a vida em consequência deste trágico sismo e também a todos os que sentiram a dor que ele provocou». As fotografias sempre a preto e branco e de boa qualidade estética, estão agrupadas em três partes que os organizadores denominaram: “a destruição”, “a dor”, e “o socorro”. No total são 166 fotografias, das quais 22 de S. Jorge, de entre as mais de mil de vários autores que corresponderam ao apelo dos organizadores e que estes seleccionaram. O álbum conclui com dois textos de Victor Hugo Forjaz, «Apontamentos geológicos» e «Sinopse geológica», que ajudam a compreender o que aconteceu naquele dia 1.1.1980.
Pela elevada qualidade do ponto de vista estético, este álbum cumpre, sem dúvida, os objectivos pretendidos pelos seus organizadores. Todavia, teria sido interessante que também tivesse incluído uma parte referindo a reconstrução. Aqueles que, de alguma maneira, continuaram “a vida” reconstruindo as áreas atingidas, particularmente, aqueles que tiveram discernimento para refazer a área classificada de Angra do Heroísmo, respeitando-a, teriam tido nesta obra, uma homenagem merecida. Uma nota. A ausência de legendas nas fotografias, apenas a indicação de onde foram obtidas e de um número, o da página, está explicada no texto introdutório; trata-se de «um livro que, intencionalmente, fala por imagens». A ficha técnica da obra informa da autoria das fotografias reproduzidas. Todavia, a associação de legendas às fotografias, mesmo que listadas junto dos créditos aos autores, teria tornado a obra mais acessível dos pontos de vista interpretativo e didáctico, pelo menos para aqueles que não viveram o evento (naquele tempo, agora e no futuro).
Luís M . Arruda |