ANTÓNIO JUSTO
A história de Jesus, Maria e José assemelha-se à situação extrema em que nos encontramos: muitos obstáculos para onde quer que se olhe. Maria, Jesus e José resumem a história da humanidade e as histórias de cada um de nós.
Imagine-se a situação de Maria numa pequena aldeia, ainda muito jovem e já grávida; o noivo José a acompanhá-la; a longa caminhada para Belém para se registarem e que ficava a mais de 160 km; a procura de alojamento e a recusa a quem é pobre e necessitado e o nascimento em condições adversas e estranhas numa gruta de animais.
Os pastores pobres são os primeiros a ouvir a boa nova do nascimento de Jesus. ( Bem-aventurados os pobres de espírito (os não orgulhosos), porque deles é o reino dos céus” Mateus 5:1-3.) Eles são os trabalhadores de hoje em condições precárias de emprego; são os refugiados de uma sociedade que os não quer; são as pessoas com amarguras psicológicas por não encontrarem guarida no coração de quem esperam.
Na realidade cristã, a história da vinda de Deus é especialmente para aqueles que não estão bem: os humildes, aqueles que têm de recordar sozinhos, aqueles que de boa vontade esperam por uma chance que não lhes é dada, aqueles que têm medo do seu futuro.
O stress também faz parte do Natal; Jesus não veio nascer num mundo perfeito nem no mundo dos ricos de bens materiais nem nos de espírito autossuficiente!
Não há que ter medo de um Natal com tensões emocionais nem recear o ambiente natalício devido a uma afectividade que se desconhece. Deus torna-se humano para satisfazer as pessoas nas suas necessidades. Ele é o lugar do encontro, o lugar da relação e do encontro com e nas pessoas. Deus não quer conhecer ideias ou imaginações, mas sim as pessoas de qualquer lado e aceitá-las como elas são.
Jesus só precisa da abertura do coração para uma pequena manjedoura onde a relação possa acontecer.
Jesus não está à procura de um mundo perfeito, de um mundo ideal porque o mundo dos ideais é aquele que frequentemente nos divide.
A luzência ofuscante da crise pode torna-nos cegos para um horizonte cheio de maravilhas que nos podem esperar se não nos colocarmos entre Deus e as pessoas, se não nos colocarmos entre nós e as imagens que, por vezes, fazemos do próximo.
É Natal e o presépio encontra-se em cada um de nós! Nele pode surgir o Reino de Deus; Nele jesus quer nascer! Natal é relação universal, paz e amor a acontecer!
A fé e a esperança já brilham na estrela natalícia.
Boas Festas
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6303