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.......

MARIA AZENHA
O Infante

Junto ao lírio de meu peito

 
 
(as folhas brancas
vão nascendo como pequenas canções do azul
de minha saudade, um milagre de amor em seu espírito eterno.

canções frágeis,frágeis, como o vento,
irmãs do branco e dos poetas que cantam pássaros em flor)


musa,
ensina-me a luz deste canto
desta chave perdida em meu ser
deste mar que não tem cura,
minha voz em movimento
minha nau dentro dum templo,
minha mãe difusa,
minha torre minha alma
já de partida ou de chegada a outro porto

aqui me sento quieta
com as mãos sobre os joelhos
qual esfinge secreta
vivendo no cume dos espelhos
nuvem sem noite e sem velas

aqui,
em silêncio,
como água perdida em lágrimas de pedra
memórias de um Rei cortado em flor
junto ao lírio do meu peito
em X de amor,
meu repouso minha ilha,
agasalho de meu frio à beira do rio
onde sempre me vens tapar ao sol-pôr.

aqui me sento quieta
com as mãos sobre os joelhos
qual ilha secreta
vivendo no cume do Ser

de que dia de que pórtico
para que praia deserta
meu rosto de tempestade nos olhos
te encontrou nos espelhos em flor?

ensina-me este canto urgente
na fronteira do porvir no meio da cidade
entre o nascer e morrer,
entre a esfinge e o sol em movimento,
qual Kéops dentro de um templo,
ensina-me a partir,
meu punhal de vento!

aqui,em silêncio,onde me sento
não sei se oro, se minhas lágrimas de pedra
não têm tempo.

com as mãos quietas
sobre os joelhos,
qual flor secreta de incenso,
espero-te no cume dos espelhos.

assim me torno eu mesma.
 

Minhas palavras irreais

 
 
minhas palavras são irreais
tão iguais à minha alma estranha
trazem mensagens que ecoam
dentro de um barco ou
de um porto
em minha voz de criança
secretíssima

atravessam a noite para que
pernoitem
por
instantes
num verso intacto



escuto-as
em minha intimidade madura
florida por rosas de abandono e
martírio
puríssima água de uma alegria gelada
retornando ao silêncio inominável
do infinito

frágil jardim velado
tão frágil
sobre as flores levantadas de minha dor
enquanto duro num pequeno quarto
de uma galáxia


cresce nele o poema como uma navalha
 

O Infante

 
 
 Cumpriu a Vontade suprema
Em seu manto Irreal,
Mestre do ouro,
Da perseverança,

Dos caminhos da Lusitânia.

Hoje,
Emerge o S da mítica Taça,
Iniciando
A
Terra

Ao Sétimo portal.
 
 
 
No prelo: 
in" De Camões a Pessoa-Viagem Iniciática"
poemas de maria azenha,2005
pinturas de Ellys
 

A Mensagem

 
 
Em verso e chamas
De um antigo manuscrito,
Cobrindo este país
De raras flamas,
A nova Arca da Aliança
Regressou da Atlântida.

Trouxe -A ,
O poeta da Mensagem,
-Príncipe do Infinito-
Em seu ocluso peito,

Para ser desvelada,

Ainda.


 
No prelo: 
in" De Camões a Pessoa-Viagem Iniciática"
poemas de maria azenha,2005
pinturas de Ellys
 

Uma for de lua e de sol

 

náufraga da noite e do limite das estrelas
presa ao silêncio em minha boca
sou um fragmento
uma inclinação secreta


amo-te incessantemente
no labirinto dos teus arbustos
em teu modo de dar sombras em raros jardins
nenhum dia é igual a outro
a verdade é uma doença incurável
tudo uma questão de sopro

os meus cabelos brancos
foram cortadas à pedrada para ti
uma coisa que Deus toca
cuidadosamente
no infinito


deixei é certo algumas palavras escritas
no vidro do tempo
sobre a tua boca elegante e íntima


sei que tombam flores de Van Gogh pela noite
em desesperados jardins

pequenos sarcófagos

girassóis por mim desalinhados
na imensa gargalhada
do pó. e tu
vestido de lua e de sol
dormindo entre lençóis pendurados por sondas
no meu passado



nem eu sei por quanto tempo ainda
 
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