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MARIA AZENHA

esta noite. e outra

tenho pouco para dizer. quase não existo.

só me lembro do escuro.

tentei escrever-te estes dias com a água da chuva.

falar-te do frio. do modo como a casa entrou nas pétalas do mundo.

as horas morrem-me no chão.

sei que estou cada vez mais doente . as árvores

entraram-me pelo coração.

as rosas adormecem.  sonham em voz alta nas

jarras dos campos.

uma fonte de luz brota de noite no meio da casa.

é o teu silêncio que o diz.

não quero pensar. só quero sentir esta luz nas mãos.

esperar que os pássaros voem. te reconheçam.

esta noite. e outra.

até que me venham morrer na boca.