tenho pouco para dizer. quase não existo.
só me lembro do escuro.
tentei escrever-te estes dias com a água da chuva.
falar-te do frio. do modo como a casa entrou nas pétalas do mundo.
as horas morrem-me no chão.
sei que estou cada vez mais doente . as árvores
entraram-me pelo coração.
as rosas adormecem. sonham em voz alta nas
jarras dos campos.
uma fonte de luz brota de noite no meio da casa.
é o teu silêncio que o diz.
não quero pensar. só quero sentir esta luz nas mãos.
esperar que os pássaros voem. te reconheçam.
esta noite. e outra.
até que me venham morrer na boca.
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