agora,
entre as duas,
um biombo de açucenas
percorre mil jardinzinhos
no sangue
do
nosso coração.
o espelho da lua partiu-se.
os teus olhos
são ainda
mil
espelhos
floridos em pleno verão.
o teu amor diminuto
foi-se-me
soltando pelos dedos...
ah,
minha alma ferida,
minha chaga
de neve fundida,
junto à flor singela
de um campo de cedros
enfurecido!
as alamedas escrevem por um raio de Sol,
trarei bosques de púrpura
em um combóio de estrelas,
entornando
a mais pura luz branca... sobre o mar do teu coração...
trago-te viva.
ouves os repuxos falando sozinhos?
quantos pássaros de lírios pousam nos choupos,
e um peixe em minha fronte
com dois mares em volta
cantando...
como é difícil
fazer chegar aos teus ouvidos,
búzios!
em nossa casa há uma figueira que grita!
em tua cabeça arde uma estrela magoada ...
livra-me do suplício de te ver florir
em minha mão.
como é difícil cantar no ceptro do chão!
sou uma manta de água que te vai cobrindo
com o arco-íris dos barcos...
ouve, filha,...
logo virão as chuvas,
logo virão... e tu passeando
sobre ramos brancos de neve
com esse traje de mágoa
ante a mágica e viva flor dos lírios...
porque nascemos entre mil espelhos?
ouve,
nas avenidas há uma fonte
alumiando o sol e as estrelas...
o nosso coração arde muito longe... |