LUÍS SERRANO
É preciso que alguém abra as portas
Uma porteira do Théâtre Royale de La Monnaie
Deixem passar os rios
antes que morram os desfiladeiros
as pedras agravadas
pelos dentes da erosão
deixem passar as aves
para que pousem seguras
na circulação do ar
ou se transformem
em puro movimento
anjos vinculados ao céu
olhando sobranceiros
as árvores
a terra morta
deixem passar os rebanhos
mai-los cães do pastoreio
mas deixem ficar as nuvens
na serra
as cabanas o redil
a mão das traves
sobre os muros de granito
deixem as portas abertas
sobre a escarpa deste grito
Junho, 2019