FRANCISCO JOSÉ CRAVEIRO DE CARVALHO
Aqueles tempos idos do hóquei em Portugal*
Numa coisa tiveste sorte na tua vida.
Muita. Os teus pais gostavam de ler.
Por isso devias ter cuidado melhor
daqueles caderninhos. Ídolos do desporto.
mas leste-os tantas vezes que os perdeste.
Os espanhóis. Isso reconhecias sempre franco.
eram notáveis também. Mas tu odiavas
o Largo** quando estava numa das suas noites.
Sobre o que veio desse tempo podes reler
aquele poema de Luis Alberto de Cuenca.
*Cp. Luis Alberto de Cuenca
**Carlos Largo de Celis, grande hoquista, guarda-redes, espanhol.
Jogo americano
Por qualquer compromisso na altura
mais relevante Mrs e Professor Walker
não foram ao casamento. Mrs Walker
encarregou-se então de encontrar
a seu gosto uma pequena lembrança.
Agora que ele. O último. morreu
onde parará aquele jogo americano.
A vida inteira acompanhado pela cortesia
do cartão na sua embalagem arrebicada
que revelava logo uma arriscada escolha.
Mortes
A quantidade de pessoas que se matava
na minha aldeia e em redor era imensa.
Mortes violentas. Fundos de poços.
A perfeição do nó como se tratasse
de um laço. Condimentar com um veneno
delicado. Moradores só nos apercebemos
quando alguém veio de fora dar conta.
FRANCISCO JOSÉ CRAVEIRO DE CARVALHO