Ao poeta Dórdio Guimarães

 

PAULO JORGE BRITO E ABREU


( à memória daquele que andava sempre em busca da Palavra perdida )

 

 

( avoco, para a Musa minha, o 3 de Copas Arcano )

O que é isto de ser Poeta e estar pra aqui a escrever versos,

Rindo sempre até ao fim, até às lágrimas do Verão

O que é isto de caminhar por caminhos mais diversos

Castigando as palavras como quem castiga um cão

Pegar a besta pelas patas pegar o touro pelos cornos

Ter nos versos a certeza duma grande bebedeira

E depois fazer cinema com as mãos dos ventos mornos

Ser sensível à cidade e à Poesia verdadeira

Tal como eu, tal como o Paulo, fumar cigarro após cigarro

Fumar a nicotina que nos leva à Lua Cheia

Que a Poesia também pode ser chicote ou ser um escarro

Ser o Jonas enfim livre do ventre da baleia

Rasgar as veias com as mãos, com o vento rasgar a tripa

Possuir uma mulher como quem faz mais poemas

Que a vida é de quem luta, de quem escreve e participa

De quem nunca foi maricas e quebrou suas algemas

Lisboa, 09/ 07/ 1985

IGNE NATURA RENOVATUR INTEGRA

POETA, JORNALISTA, BIBLISTA E ALFARRABISTA

PAULO JORGE BRITO E ABREU


( in «A Minha Tropa Foram os ‘Rolling Stones’», Edições Átrio, 1989 )